O MÚNUS DE SANTIFICAR

04/09/2012 13:35

 

 

893 O Bispo tem, também, "a responsabilidade de ministrar a graça do sacerdócio supremo em

particular na Eucaristia, que ele mesmo oferece ou da qual garante a oblação pelos presbíteros, seus

cooperadores. Pois a Eucaristia é o centro da vida da Igreja particular. O Bispo e os presbíteros santificam a

Igreja por sua oração e seu trabalho, pelo ministério da palavra e dos sacramentos. Santificam-na por seu

exemplo, "não agindo como senhores daqueles que vos couberam por sorte, mas, antes, como modelos

do rebanho" (1 Pd 5,3). É assim que "chegam, com o rebanho que lhes está  confiado, à vida eterna.

(Parágrafo relacionado 1561)

O MÚNUS DE REGER

894 "Os Bispos dirigem suas Igrejas particulares como vigários e delegados de Cristo com conselhos,

exortações e exemplos, mas também com autoridade e com poder sagrado", o qual, porém, devem

exercer para edificar, no espírito de serviço que caracteriza o de seu Mestre. (Parágrafo relacionado 801)

895 "Este poder, que exercem pessoalmente em nome de Cristo, é um poder próprio, ordinário e

imediato; em seu  exercício, porém, está  submetido à regulamentação última da autoridade suprema da

Igreja.” Todavia, não se devem considerar. Os Bispos como vigários do Papa, cuja autoridade ordinária e

imediata sobre toda a Igreja não anula, ao contrário, confirma e defende a deles. Esta deve ser exercida

em comunhão com toda a Igreja, sob a condução do Papa. (Parágrafo relacionado 1558)

96 O Bom Pastor será  o modelo e a "forma" do múnus pastoral do bispo. Consciente de suas

fraquezas, "o Bispo pode compadecer-se dos ignorantes e extraviados. Não se negue, pois, a atender aos

súditos, amando-os como verdadeiros filhos e exortando-os para que alegremente colaborem com ele...

Por sua vez, os fiéis devem estar unidos a seu Bispo como a Igreja a Jesus Cristo, e Jesus Cristo ao Pai".

(Parágrafo relacionado 1550)Segui todos o Bispo, como Jesus Cristo [segue] seu Pai, e o  presbitério como aos apóstolos; quanto

aos diáconos, respeitai-os como a lei de Deus. Que ninguém faça sem o Bispo nada do que diz respeito à

Igreja.

II. OS FIÉIS LEIGOS

897 "Sob o nome de leigos entendem-se aqui todos os cristãos, exceto os membros das Sagradas

Ordens ou do estado religioso reconhecido na Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados a Cristo pelo Batismo,

constituídos em Povo de Deus e a seu modo feitos participantes da função sacerdotal, profética e régia de

Cristo, exercem, em seu âmbito, a missão de todo o Povo cristão na Igreja e no mundo." (Parágrafo

relacionado 893)

A VOCAÇÃO DOS LEIGOS

898  "É especifico dos leigos, por sua própria vocação, procurar o Reino de Deus exercendo funções

temporais e ordenando-as segundo Deus... A eles, portanto, cabe de maneira especial iluminar e ordenar

de tal modo todas as coisas temporais, as quais estão intimamente unidos, que elas continuamente se

façam e cresçam segundo Cristo e contribuam para o louvor do Criador e Redentor." (Parágrafo

relacionado 2105)

899  A iniciativa dos cristãos leigos é particularmente necessária quando se trata de descobrir, de

inventar meios para impregnar as realidades sociais, políticas e econômicas com as exigências da doutrina

e da vida cristãs. Esta iniciativa é um elemento normal da vida da Igreja. (Parágrafo relacionado 2442)

Os fiéis leigos estio na linha mais avançada da vida da Igreja: graças a eles a  Igreja é o princípio

vital da sociedade humana. Por isso, especialmente eles devem ter uma consciência sempre mais clara

não somente de pertencerem à Igreja, mas de serem Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis na terra sob a

direção do Chefe comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com ele. Eles são a Igreja .

900  Uma vez que, como todos os fiéis, os leigos são encarregados por Deus do apostolado em

virtude do Batismo e da Confirmação, eles têm a obrigação e gozam do direito, individualmente ou

agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e

recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em

conta que é somente por meio deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas

comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que sem ela o apostolado dos pastores não pode, o

mais das vezes, obter seu pleno efeito. (Parágrafo relacionado 863)

A PARTICIPAÇÃO DOS LEIGOS NO MÚNUS SACERDOTAL DE CRISTO

901   "Os leigos, em virtude de sua consagração a Cristo e da unção do Espírito Santo, recebem a

vocação admirável e os meios que permitem ao Espírito produzir neles frutos sempre mais abundantes.

Assim, todas as suas obras, preces e iniciativas apostólicas, vida conjugal e familiar, trabalho cotidiano,

descanso do corpo e da alma, se praticados no Espírito, e mesmo as provações da vida, pacientemente

suportadas, se tornam 'hóstias espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo' (l Pd 2,5), hóstias que são

piedosamente oferecidas ao Pai com a oblação do Senhor na celebração da Eucaristia. É assim que os

leigos consagram a Deus o próprio mundo, prestando a Ele, em toda parte, na santidade de sua vida, um

culto de adoração." (Parágrafos relacionados 784,1268,358)

902  De maneira especial, os pais participam do múnus de santificação "quando levam uma vida

conjugal com espírito cristão e velando pela educação cristã dos filhos".

903  Se tiverem as qualidades exigidas os leigos podem ser admitidos de maneira estável aos

ministérios' de leitores e de acólitos. "Onde a necessidade da Igreja o aconselhar, podem também os

leigos, na falta de ministros mesmo não sendo leitores ou acólitos, suprir alguns de seus ofícios a saber

exercer o ministério da palavra, presidir às orações litúrgicas administrar o Batismo e distribuir a sagrada

Comunhão de acordo com as prescrições do direito." (Parágrafo relacionado 1143)SUA PARTICIPAÇÃO NO MÚNUS PROFÉTICO DE CRISTO

904   "Cristo... exerce seu múnus profético não somente por meio da hierarquia... mas também por

meio dos leigos, fazendo deles testemunhas e provendo-os do senso da fé e da graça da palavra":

(Parágrafos relacionados 785,92)

Ensinar alguém para levá-lo à fé é a tarefa de cada pregador e até de cada crente.

905  Os leigos exercem sua missão profética também pela evangelização, "isto é, o anúncio de

Cristo feito pelo testemunho da vida e pela palavra". Nos leigos, "esta evangelização...  adquire

características específicas e eficácia peculiar pelo fato de se realizar nas condições comuns do século":

(Parágrafo relacionado 2044)

Este apostolado não consiste apenas no testemunho da vida: o verdadeiro Apóstolo procura as

ocasiões para anunciar Cristo pela palavra, seja aos descrentes... seja aos fiéis. (Parágrafo relacionado

2472)

906  Os leigos que forem capazes e que se formarem para isto podem também dar sua

colaboração na formação catequética, no ensino das ciências sagradas e atuar nos meios de

comunicação social. (Parágrafo relacionado 2495)

907  "De acordo com a ciên cia, a competência e o prestígio de que gozam, têm o direito e, às

vezes, até o dever de manifestar aos pastores sagrados a própria opinião sobre o que afeta o bem da

Igreja e, ressalvando a integridade da fé e dos costumes e a reverência para com os pastores, e levando

em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas, dêem a conhecer essa sua opinião também aos

outros fiéis.

SUA PARTICIPAÇÃO NO MÚNUS RÉGIO DE CRISTO

908  Por sua obediência até a morte, Cristo comunicou a seus discípulos o dom da liberdade régia,

"para que vençam em si mesmos o reino do pecado, por meio de sua abnegação e vida santa”:

(Parágrafo relacionado 786)

Aquele que submete seu próprio corpo e governa sua alma, sem deixar-se submergir pelas paixões,

é seu próprio senhor (é dono  de si mesmo): pode ser chamado rei porque é capaz de reger sua própria

pessoa; é livre e independente e não se deixa aprisionar por uma escravidão culposa".

909  Além disso, com forças conjugadas, que os leigos sanem as instituições e condições do mundo,

caso estas incitem ao pecado. E isto de tal modo que todas essas coisas se conforme com as normas da

justiça e, em vez de a elas se opor, antes favoreçam o exercício das virtudes. Agindo dessa forma

impregnarão de valor moral a cultura e as obras humanas." (Parágrafo relacionado 1887)

910  Os leigos podem também sentir-se chamados ou vir a ser chamados para colaborar com os

próprios pastores no serviço da comunidade eclesial, para o crescimento e a vida da mesma, exercendo

ministérios bem diversificados, segundo a graça e os carismas que o Senhor quiser depositar neles.

(Parágrafo relacionado 799)

911  Na Igreja, "os fiéis leigos podem cooperar juridicamente no exercício do poder de governo".

Isto se diz de sua presença nos concílios particulares, nos sínodos diocesanos nos conselhos pastorais; do

exercício do encargo pastoral de uma paróquia; da colaboração nos conselhos de assuntos econômicos;

da participação nos tribunais eclesiásticos etc.

912 Os fiéis devem "distinguir acuradamente entre os direitos e os  deveres que lhes incumbem

enquanto membros da Igreja e os que lhes competem enquanto membros da sociedade humana.

Procurarão conciliar ambos harmonicamente entre si, lembrados de que em qualquer situação temporal

devem conduzir-se pela consciência cristã,  uma vez que nenhuma atividade humana, nem mesmo nas

coisas temporais, pode ser subtraída ao domínio de Deus". (Parágrafo relacionado 2245)

913  "Assim, todo leigo, em virtude dos dons que lhe foram conferidos, é ao mesmo tempo

testemunha e instrumento vivo da própria missão da Igreja “pela medida do dom de Cristo" (Ef 4,7)

III. A VIDA CONSAGRADA

914  "O estado de vida constituído pela profissão dos conselhos evangélicos, embora não pertença

à estrutura hierárquica  da Igreja, está, contudo, firmemente relacionado com sua vida e santidade."

(Parágrafo relacionado 2103)CONSELHOS EVANGÉLICOS, VIDA CONSAGRADA

915  Os conselhos evangélicos, em sua multiplicidade, são propostos a todo discípulo de Cristo. A

perfeição da caridade à qual todos os fiéis são chamados comporta para os que assumem livremente o

chamado à vida consagrada a obrigação de praticar, a castidade no celibato pelo Reino, a pobreza e a

obediência. E a profissão desses conselhos em um estado de vida estável reconhecido pela Igreja que

caracteriza a "vida consagrada" a Deus. (Parágrafos relacionados 1973-1974)

916 O estado da vida consagrada aparece, portanto, como uma das maneiras de conhecer uma

consagração "mais íntima", que se radica no Batismo e se dedica totalmente a Deus. Na vida consagrada,

os fiéis de Cristo se propõem, sob a moção do Espírito Santo, seguir a Cristo mais de perto, doar-se a Deus

amado acima de tudo e, procurando alcançar a perfeição da caridade a serviço do Reino, significar e

anunciar na Igreja a glória do mundo futuro. (Parágrafos relacionados 2687,933)

UMA GRANDE ÁRVORE, DE MÚLTIPLOS RAMOS

917  Disso resultou que, como numa  árvore frondosa e admiravelmente variegada na seara do

Senhor - e isto em virtude do germe divinamente plantado -, floresceram as diversas modalidades da vida

solitária ou comum, assim como as várias famílias quais vão aumentando tanto para proveito dos próprios

membros quanto para o bem de todo o Corpo de Cristo." (Parágrafo relacionado 2684)

918  "Desde os primórdios da Igreja existiram homens e mulheres que se propuseram, pela prática

dos conselhos evangélicos, seguir a Cristo com maior liberdade e imitá-lo mais de perto, e levaram, cada

qual a seu modo, uma vida consagrada a Deus. Dentre eles, muitos, por inspiração do Espírito Santo, ou

passaram a vida na solidão ou fundaram famílias religiosas, que a Igreja, de boa vontade, recebeu e

aprovou com sua autoridade."

919   Os Bispos hão de empenhar-se sempre em discernir os novos dons de vida consagrada

confiados pelo Espírito Santo à sua Igreja; a aprovação de novas formas de vida consagrada é reservada

à Sé Apostólica.

A VIDA EREMÍTICA

920 Embora nem sempre professem publicamente os três conselhos evangélicos, os eremitas, "por

uma separação mais rígida do mundo, pelo silêncio da solidão, pela  assídua oração e penitência,

consagram a vida ao louvor de Deus e à salvação do mundo.

921  Os eremitas mostram a cada um este aspecto interior do mistério da Igreja, que é a intimidade

pessoal com Cristo. Escondida aos olhos dos homens, a vida do eremita é pregação silenciosa daquele ao

qual entregou sua vida, pois é tudo para Ele. É um chamado peculiar a encontrar no deserto,

precisamente no combate espiritual, a glória do Crucificado. (Parágrafos relacionados 2719,2015)

AS VIRGENS E AS VIÚVAS CONSAGRADAS

922  Desde os tempos apostólicos, virgens  e viúvas cristãs , chamadas pelo Senhor a apegar-se a

Ele sem partilha em uma liberdade maior de coração, de corpo e de espírito, tomaram a decisão,

aprovada pela Igreja, de viver respectivamente no estado de virgindade ou de castidade perpétua "por

causa do Reino dos Céus" (Mt 19,12). (Parágrafo relacionado 1618-1620)

923  "Emitindo o santo propósito de seguir a Cristo mais de perto, [as Virgens] são consagradas a

Deus pelo Bispo diocesano segundo o rito litúrgico aprovado, misticamente desposadas com Cristo, Filho

de Deus, e dedicadas ao serviço da Igreja ." Por este rito solene ("Consecratio virginum"), "a virgem é

constituída pessoa consagrada, sinal transcendente do amor da Igreja a Cristo, imagem escatológica

desta Esposa do Céu e da vida futura ". (Parágrafos relacionados 1537,1672)

924  "Acrescentada às outras formas de vida consagrada", a ordem das virgens constitui a mulher

que vive no mundo (ou a monja) na oração, na penitência, no serviço a seus irmãos e no trabalho

apostólico, conforme o estado e os carismas respectivos oferecidos a cada uma. As virgens consagradas

podem associar-se para guardar mais fielmente seus propósitos.A VIDA RELIGIOSA

925 Nascida no Oriente nos primeiros séculos do cristianismo e vivida nos institutos canonicamente

erigidos pela Igreja, a vida religiosa se distingue das outras modalidades de vida consagrada pelo aspecto

cultual, pela profissão pública dos conselhos evangélicos, pela vida fraterna levada em comum, pelo

testemunho da união de Cristo com a Igreja. (Parágrafo relacionado 1672)

926  A vida religiosa faz parte do mistério da Igreja. É um dom que a Igreja recebe de seu Senhor e

que oferece como um estado de vida permanente ao fiel chamado por Deus na profissão dos conselhos.

Assim, a Igreja pode ao mesmo tempo manifestar o Cristo e reconhecer-se como esposa do Salvador. A

vida religiosa é convidada a significar, em suas variadas formas, a própria caridade de Deus, em

linguagem de nossa época. (Parágrafo relacionado 796)

927 Todos os religiosos, isentos ou não , são contados entre os cooperadores do Bispo diocesano em

seu ministério pastoral . A implantação e a expansão missionária da Igreja exigiram a presença da vida

religiosa sob todas as suas formas desde os inícios da evangelização. "A história atesta os grandes méritos

das famílias religiosas na propagação da fé e na formação de novas Igrejas, desde as antigas instituições

monásticas e as ordens medievais até as congregações modernas." Parágrafo relacionado 854)

OS INSTITUTOS SECULARES"

928  Instituto secular é um instituto de vida consagrada no qual os fiéis, vivendo no mundo, tendem

à perfeição da caridade e procuram cooperar para a santificação do mundo, principalmente a partir de

dentro.

929  "Por urna "vida perfeita [= perfeitamente] e inteiramente consagrada a [esta] santificação", os

membros desses institutos participam da tarefa de evangelização da Igreja, "no mundo e partir do mundo",

onde sua presença age "à guisa de um fermento". Seu "testemunho de vida cristã" visa "organizar as coisas

temporais de acordo com Deus e impregnar o mundo com a força do Evangelho". Eles assumem por

vínculos sagrados os conselhos evangélicos e mantêm entre si a comunhão e a fraternidade próprias de

seu "modo de vida secular". (Parágrafo relacionado 901)

AS SOCIEDADES DE VIDA APOSTÓLICA

930  Às formas diversas de vida consagrada "acrescentam-se  as sociedades de vida apostólica,

cujos membros, sem os votos religiosos, buscam a finalidade apostólica própria de sua sociedade e,

levando vida fraterna em comum, segundo o próprio modo de vida, tendem à perfeição da caridade

pela observância das constituições. Entre elas há sociedades cujos membros assumem os conselhos

evangélicos" por meio de algum vínculo determinado pelas constituições.

CONSAGRAÇÃO E MISSÃO: ANUNCIAR O REI QUE VEM

931 Entregue a Deus supremamente amado, aquele que pelo Batismo já  estava consagrado a ele

é assim consagrado mais intimamente ao serviço divino e dedicado ao bem da Igreja. Pelo estado de

consagração  a Deus, a Igreja manifesta Cristo e mostra corno o Espírito Santo age nela de maneira

admirável. Os que professam os conselhos evangélicos têm, pois, por missão primeiramente viver sua

consagração. Mas "enquanto dedicados, em virtude da própria consagração, ao serviço da Igreja têm

obrigação de se entregar, de maneira especial, à ação missionária no modo próprio de seu instituto".

932 a Igreja  - ela é como sacramento, isto é, o sinal e o instrumento da vida de Deus  -, a vida

consagrada aparece como um sinal peculiar do mistério da redenção. Seguir e imitar a Cristo "mais de

perto", manifestar "mais claramente" seu aniquilamento é estar "mais profundamente" presente a seus

contemporâneos, no coração de Cristo. Pois os que estão nesta via "mais estreita" estimulam seus irmãos

por seu exemplo, dão este testemunho brilhante de "que o mundo não pode ser transfigurado e oferecido

a Deus sem o espírito das bem-aventuranças". (Parágrafo relacionado 775)

933  Seja este testemunho público, como no estado religioso, ou  mais discreto, ou até secreto, o

advento de Cristo permanece para todos os consagrados a origem e a orientação de sua vida: Como o

povo de Deus não possui aqui na terra morada permanente, o estado religioso manifesta já  aqui neste

mundo a todos os crentes a presença dos bens celestes, dá  testemunho da vida nova e eterna adquirida

pela redenção de Cristo, prenuncia a, ressurreição futura e a glória do Reino celeste. (Parágrafos

relacionados 672,769)RESUMINDO

934  "Por instituição divina, há  entre os fiéis na Igreja ministros sagrados, que no direito são também

chamados clérigos; os outros fiéis são também denominados leigos." Há, finalmente, fiéis que pertencem a

uma ou outra das duas categorias e que, pela profissão dos conselhos evangélicos, se consagraram a

Deus e servem, assim, à missão da Igreja.

935   Para anunciar a fé e para implantar seu Reino, Cristo envia seus apóstolos e seus sucessores.

Dá-lhes participação em sua missão. De Cristo recebem o poder de agir em seu nome.

936 O Senhor fez de São Pedro o fundamento visível de sua Igreja. Entregou-lhe suas chaves. O

Bispo da igreja de Roma, sucessor de São Pedro, é "a cabeça do colégio dos Bispos, Vigário de Cristo e,

aqui na terra, pastor da igreja ".

937  O Papa "tem, por instituição divina, poder supremo, pleno, imediato e universal na cura das

almas".

938  Os Bispos, estabelecidos pelo Espírito Santo, sucedem aos Apóstolos. São, "cada um por sua

parte, princípio visível e, fundamento da unidade em suas igrejas particulares.

939  Ajudados pelos presbíteros, seus cooperadores, e pelos diáconos, os Bispos têm o oficio de

ensinar autenticamente a fé, de celebrar o culto divino, sobretudo a Eucaristia, e de dirigir suas Igrejas

como verdadeiros pastores. A seu oficio pertence também a solicitude por todas as Igrejas, com o Papa e

sob a direção dele.

940  "Sendo a característica do estado leigo viver em meio ao mundo e aos negócios seculares, são

eles chamados por Deus a exercer seu apostolado no mundo à guisa de fermento, graças ao vigor de seu

espírito cristão."

941  Os leigos participam do sacerdócio de Cristo: cada vez mais unidos a ele, desenvolvem a

graça do Batismo e da Confirmação em todas as dimensões da vida pessoal, familiar, social e eclesial e

realizam, assim, o chamado à santidade, dirigido a todos os batizados.

942   Graças à sua missão profética, os leigos "são também chamados a serem testemunhas de

Cristo em tudo, no meio da comunidade humana"

943  Graças à sua missão régia, os leigos têm o poder de vencer o império do pecado em si

mesmos e no mundo, por sua abnegação e pela santidade de sua vida .

944  A vida consagrada a Deus caracteriza-se pela profissão pública dos conselhos evangélicos de

pobreza, de castidade e de obediência em um estado de vida permanente reconhecido pela Igreja.

945  Entregue a Deus supremamente amado, aquele que pelo Batismo já  havia sido destinado a

Ele encontra-se, no estado de vida consagrada, mais intimamente votado ao serviço divino e dedicado

ao bem de toda a Igreja.

ARTIGO 9 - PARÁGRAFO 5

A COMUNHÃO DOS SANTOS

946 Depois de ter confessado "a santa Igreja católica", o Símbolo dos Apóstolos acrescenta "a

comunhão dos santos". Este artigo é, de certo modo, uma explicitação do anterior: "Que é a Igreja, se não

a assembléia de todos os santos?" comunhão dos santos é precisamente a Igreja. (Parágrafo relacionado

823)

947  "Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros...

Assim, é preciso crer que existe uma comunhão dos bens na Igreja. Mas o membro mais importante é

Cristo, por ser a Cabeça... Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, e essa

comunicação se faz por meio dos sacramentos da Igreja." Como esta Igreja é governada por um só e

mesmo Espírito, todos os bem que ela recebeu se tornam necessariamente  um fundo comum. (Parágrafo

relacionado 790)

948 O termo "comunhão dos santos" tem, pois, dois significados intimamente interligados:

"comunhão nas coisas santas (sancta)" e "comunhão entre as pessoas santas (sancti)". (Parágrafo

relacionado 1331)"Sancta sanctis!" (o que é santo para os que são santos): assim proclama o celebrante na maioria

das liturgias orientais no momento da elevação dos santos dons, antes do serviço da comunhão. Os fiéis

(sancti) são alimentados pelo Corpo e pelo Sangue de Cristo (sancta), a fim de crescerem na comunhão

do Espírito Santo (Koinonia) comunicá-la ao mundo.

I. A COMUNHÃO DOS BENS ESPIRITUAIS

949 Na comunidade primitiva de Jerusalém, os discípulos "mostravam-se assíduos ao ensinamento

dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações" (At 2,42). (Parágrafo relacionado 185)

A comunhão na fé. A fé dos fiéis é a fé da Igreja, recebida dos Apóstolos, tesouro de Vida que se

enriquece ao ser compartilhado.

950  A comunhão dos sacramentos. "O fruto de todos os sacramentos pertence a todos os fiéis.

Com efeito, os sacramentos, e sobretudo o Batismo, que é a porta pela qual se entra na Igreja, são

igualmente vínculos sagrados que os unem a todos e os incorporam a Jesus Cristo. A comunhão dos santos

é a comunhão operada pelos sacramentos... O nome comunhão pode ser aplicado a cada sacramento,

pois todos eles nos unem a Deus... Contudo, mais do que a qualquer outro, este nome convém à Eucaristia,

porque é principalmente ela que consuma esta comunhão[a4] ." (Parágrafos relacionados 1130,1331)

951 A comunhão dos carismas. Na comunhão da Igreja, o Espírito Santo" distribui também entre os

fiéis de todas as ordens as graças especiais" para a edificação da Igreja[a5] . Ora, "cada um recebe o

dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos" (1Cor 12,7). (Parágrafo relacionado 799)

952  "Punham tudo em comum" (At 4,32). "Tudo o que o verdadeiro cristão possui, deve considerá-lo

como um bem que lhe é comum com todos, e sempre deve estar pronto e disposto a ir ao encontro do

indigente e da miséria do próximo.  O cristão é um administrador dos bens do Senhor. (Parágrafo

relacionado 2402)

953  A comunhão da caridade. Na "comunhão dos santos" "ninguém de nós vive e ninguém morre

para si mesmo" (Rm 14,7). "Se um membro sofre, todos os membros compartilham seu sofrimento; se um

membro é honrado, todos os membros compartilham sua alegria. Ora, vós sois o Corpo de Cristo e sois seus

membros, cada um por sua parte" (1Cor 6-27). "A caridade não procura seu próprio interesse" (1 Cor [a8]

13,5) O menor dos nossos atos praticado na caridade irradia em benefício de todos, nesta solidariedade

com todos os homens, vivos ou mortos, que se funda na comunhão dos santos. Todo pecado prejudica

esta comunhão. (Parágrafos relacionados 1827,2011,845,1469)

II. A COMUNHÃO ENTRE A IGREJA DO CÉU E A DA TERRA

954  Os três estados da Igreja. "Até que o Senhor venha em Sua majestade e, com ele, todos os

anjos e, tendo sido destruída a morte, todas as coisas lhe forem sujeitas, alguns dentre os seus discípulos

peregrinam na terra; outros, terminada esta vida, são purificados; enquanto outros são glorificados, vendo

claramente o próprio Deus trino e uno, assim como é'. (Parágrafos relacionados 771,1031,1023)

Todos, porém, em grau e modo diverso, participamos da mesma caridade de Deus e do próximo e

cantamos o mesmo hino de glória a nosso Deus. Pois todos quantos são de Cristo, tendo o seu Espírito,

congregam-se em uma só Igreja e nele estão unidos entre si".

955  A união dos que estão na terra com os irmãos que descansam na paz de Cristo de maneira

alguma se interrompe; pelo contrário, segundo a fé perene da Igreja, vê-se fortalecida pela comunicação

dos bens espirituais."

956  A intercessão dos santos. "Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente

com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por

nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens,

Cristo Jesus. Por conseguinte, pela frater na solicitude deles, nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio":

(Parágrafos relacionados 1370,2683)

Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que

durante a minha vida.

PASSAREI MEU CÉU FAZENDO BEM NA TERRA.957 A comunhão com os santos. "Veneramos a memória  dos habitantes do céu não somente a

título de exemplo; fazemo-lo ainda mais para corroborar a união de toda a Igreja no Espírito, pelo exercício

da caridade fraterna. Pois, assim como a comunhão entre os cristãos da terra nos aproxima de Cristo, da

mesma forma o consórcio com os santos nos une a Cristo, do qual como de sua fonte e cabeça, promana

toda a graça e a vida do próprio Povo de Deus". (Parágrafo relacionado 1173)

Nós adoramos Cristo qual Filho de Deus. Quanto aos mártires, os amamos quais discípulos e

imitadores do Senhor e, o que é justo, por causa de sua incomparável devoção por seu Rei e Mestre.

Possamos também nós ser companheiros e condiscípulos seus." Nossa oração por eles pode não somente

ajudá-los, mas também tornar eficaz sua intercessão por nos. (Parágrafos relacionados 1371,1032,1689)

959 ... na única família de Deus. "Todos os que somos filhos de Deus e constituímos uma única família

em Cristo, enquanto nos comunicamos uns com os outros em mútua caridade e num mesmo louvor à

Santíssima Trindade, realizamos a vocação própria da Igreja." (Parágrafo relacionado 1027)

RESUMINDO

960 A Igreja é "comunhão dos santos": esta expressão designa primeiro as "coisas santas" (sancta) e

antes de tudo a Eucaristia, pela qual "é representada e realizada a unidade dos fiéis que, em Cristo,

formam um só corpo"

961  Este termo designa também a comunhão das "pessoas santas" (sancti) em Cristo, que "morreu

por todos", de sorte que aquilo que cada um faz ou sofre em Cristo e por ele produz fruto para todos.

962  "Cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo, dos que são peregrinos na terra, dos de

juntos que estão terminando a sua purificação, dos bem-aventurados do céu, formando, todos juntos, uma

só Igreja, e cremos que nesta comunhão o amor misericordioso de Deus e de seus santos está  sempre à

escuta de nossas orações."

PARÁGRAFO 6

MARIA - MÃE DE CRISTO, MÃE DA IGREJA

963 Depois de termos falado do papel da Virgem Maria no mistério de Cristo e do Espírito, convém

agora considerar lugar dela no mistério da Igreja. "Com efeito, a Virgem Maria (...) é reconhecida e

honrada como a verdadeira Mãe de Deus e do Redentor. (...). Ela é também verdadeiramente 'Mãe dos

membros [de Cristo] (...), porque cooperou pela caridade para que na Igreja nascessem os fiéis que são os

membros desta Cabeça'." (...) Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja. (Parágrafos relacionados 484-507,721-

726)

I. A MATERNIDADE DE MARIA COM RELAÇÃO À IGREJA

TOTALMENTE UNIDA A SEU FILHO...

964 O papel de Maria para com a Igreja é inseparável de sua união com Cristo, decorrendo

diretamente dela (dessa união), "Esta união de Maria com seu Filho na obra da salvação manifesta-se

desde a hora da concepção virginal de Cristo até sua morte." Ela é particularmente manifestada na hora

da paixão de Jesus: A bem-aventurada Virgem avançou em sua peregrinação de fé, manteve fielmente

sua união com o Filho até a cruz, onde esteve de pé não sem desígnio divino, sofreu intensamente junto

com seu unigênito. E com ânimo materno se associou a seu sacrifício, consentindo com amor na imolação

da vítima ela por gerada. Finalmente, pelo próprio Jesus moribundo na cruz, foi dada como mãe ao

discípulo com estas palavras: "Mulher, eis aí teu filho" (Jo 19,26-27). (Parágrafos relacionados 534,618)

965  Após a ascensão de seu Filho, Maria "assistiu com suas orações a Igreja nascente”. Reunida

com os apóstolos e algumas mulheres, "vemos Maria pedindo, também ela, com suas orações, o dom do

Espírito, o qual, na Anunciação, a tinha coberto com sua sombra".

...TAMBÉM EM SUA ASSUNÇÃO...

966  "Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da culpa original,

terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste. E para que maisplenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte, foi

exaltada pelo Senhor como Rainha do universo." A Assunção da Virgem Maria é uma participação singular

na Ressurreição de seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros cristãos: (Parágrafo

relacionado 491)

Em vosso parto, guardastes a virgindade; em vossa dormição, não deixastes o mundo, ó mãe de

Deus: fostes juntar-vos à fonte da vida, vós que concebestes o Deus vivo e, por vossas orações, livrareis

nossas almas da morte....

... ELA E NOSSA MÃE NA ORDEM DA GRAÇA

967  Por sua adesão total à vontade do Pai, à obra redentora de seu Filho, a cada moção do

Espírito Santo, a Virgem Maria é para a Igreja o modelo da fé e da caridade. Com isso, ela é "membro

supereminente e absolutamente único da Igreja", sendo até a "realização exemplar (typus)" da Igreja.

(Parágrafos relacionados 2679,507)

968 Mas seu papel em relação à Igreja e a toda a humanidade vai ainda mais longe. "De modo

inteiramente singular, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade, ela cooperou na obra do

Salvador para a restauração da vida sobrenatural das almas. Por este motivo ela se tornou para nós mãe

na ordem da graça." (Parágrafo relacionado 494)

969  "Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura ininterruptamente, a partir do

consentimento que ela fielmente prestou na anunciação, que sob a cruz resolutamente manteve, até a

perpétua consumação de todos os eleitos. Assunta aos céus, não abandonou este múnus salvífico, mas,

por sua múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da  salvação eterna. (...) Por isso, a bemaventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada, auxiliadora. protetora,

medianeira." (Parágrafos relacionados 501,149,1370)

970  "A missão materna de Maria em favor dos homens de modo algum obscurece nem diminui a

mediação única de Cristo; pelo contrário, até ostenta sua potência, pois todo o salutar influxo da bemaventurada Virgem (...) deriva dos superabundantes méritos de Cristo, estriba-se em sua mediação, dela

depende inteiramente e dela aufere toda a sua força." "Com efeito, nenhuma criatura jamais pode ser

equiparada ao Verbo encarnado e Redentor. Mas, da mesma forma que o sacerdócio de Cristo é

participado de vários modos, seja pelos ministros, seja pelo povo fiel, e da mesma forma que a indivisa

bondade de Deus é realmente difundida nas criaturas de modos diversos, assim também a  única

mediação do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas uma variegada cooperação que  participa

de uma única fonte." (Parágrafos relacionados 2008,1545,308)

II- O CULTO DA SANTÍSSIMA VIRGEM

971  "Todas as gerações me chamarão bem-aventurada" (Lc 1,48): "A piedade da Igreja para com

a Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão". A Santíssima Virgem "é legitimamente honrada com um

culto especial pela Igreja. Com efeito desde remotíssimos tempos, a bem-aventurada Virgem é venerada

sob o título de 'Mãe de Deus', sob cuja proteção os fiéis se refugiam suplicantes em todos os seus perigos e

necessidades (...) Este culto (...) embora inteiramente singular, difere essencialmente do culto de adoração

que se presta ao Verbo encanado e igualmente ao Pai e ao Espírito Santo, mas o favorece

poderosamente"; este culto encontra sua expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na

oração mariana, tal como o Santo Rosário, "resumo de todo o Evangelho". (Parágrafos relacionados

1172,2678)

III. MARIA - ÍCONE ESCATOLÓGICO DA IGREJA

972  Depois de termos falado da Igreja, de sua origem, de sua missão e de seu destino, a melhor

maneira de concluir é voltar o olhar para Maria, a fim de contemplar nela (Maria) o que é a Igreja em seu

mistério, em sua "peregrinação da fé", e o que ela (Igreja) será  na pátria ao termo final de sua caminhada,

onde a espera, "na glória da Santíssima e indivisível Trindade", "na comunhão de todos os santos, aquela

que a Igreja venera como a Mãe de seu Senhor e como sua própria Mãe: (Parágrafos relacionados

773,829)

Assim como no céu, onde já  está  glorificada em corpo e alma, a Mãe de Deus representa e

inaugura a Igreja em sua consumação no século futuro, da mesma forma nesta terra, enquantoaguardamos a vinda do Dia do Senhor, ela brilha como sinal da esperança segura e consolação para o

Povo de Deus em peregrinação. (Parágrafo relacionado 2853)

RESUMINDO

973  Ao pronunciar o 'fiat" (faça-se) da Anunciação e ao dar seu consentimento ao Mistério da

Encarnação, Maria já colabora para toda a obra que seu Filho deverá  realizar. Ela é Mãe onde Ele é

Salvador e Cabeça do Corpo Místico.

974   Depois de encerrar o curso de sua vida terrestre, a Santíssima Virgem Maria foi elevada em

corpo e alma à glória do Céu, onde já  participa da glória da ressurreição de seu Filho, antecipando a

ressurreição de todos os membros de seu corpo.

975   "Cremos que a Santíssima Mãe de Deus, nova Eva, Mãe da Igreja, continua no Céu sua junção

materna em relação aos membros de Cristo."

ARTIGO 10: "CREIO NO PERDÃO DOS PECADOS"

976  O Símbolo dos Apóstolos correlaciona a fé no perdão  dos pecados com a fé no Espírito Santo,

mas também com a fé na Igreja e na comunhão dos santos. Foi dando o Espírito Santo a seus apóstolos

que Cristo ressuscitado lhes conferiu seu próprio poder divino de perdoar os pecados: "Recebei o Espírito

Santo Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, lhes

serão retidos" (Jo 20,22-23).

(A Segunda Parte do Catecismo tratará  explicitamente do perdão dos pecados pelo Batismo, pelo

sacramento da Penitência e pelos outros sacramentos, sobretudo a Eucaristia. Por isso basta aqui evocar

sucintamente alguns dados básicos.)

I. UM SÓ BATISMO PARA O PERDÃO DOS PECADOS (Parágrafo relacionado 1263)

977  Nosso Senhor ligou o perdão dos pecados à fé e ao Batismo: "Ide por todo o mundo e

proclamai o Evangelho a toda criatura. Aquele que crer e for batizado será salvo" (Mc 16,15.16). O Batismo

é o primeiro e principal sacramento do perdão dos pecados, porque nos une a Cristo morto por nossos

pecados, ressuscitado para nossa justificação, para que "também vivamos vida nova" (Rm 6,4).

978  "No momento em que fazemos nossa primeira profissão de fé, recebendo o santo Batismo que

nos purifica, o perdão que recebemos é tão pleno e tão completo que não nos resta absolutamente nada

a apagar, seja do pecado original, seja dos pecados cometidos por nossa própria vontade, nem nenhuma

pena a sofrer para expiá-los. (...) Contudo, a graça do Batismo não livra ninguém de todas as fraquezas da

natureza. Pelo contrário, ainda temos de combater os movimentos da  concupiscência, que não cessam

de arrastar-nos para o mal ." (Parágrafo relacionado 1264)

979  Neste combate contra a inclinação para o mal, quem seria suficientemente forte e vigilante

para evitar toda ferida do pecado? "Se, portanto, era necessário que a Igreja tivesse o poder de perdoar

os pecados, também era preciso que o Batismo não fosse para ela o único meio de servir-se dessas chaves

do Reino dos Céus, que havia recebido de Jesus Cristo; era preciso que ela fosse capaz de perdoar as

faltas a todos os penitentes, ainda que tivessem pecado até o último instante de sua vida[a3] ." (Parágrafo

relacionado 1446)

980  É pelo sacramento da Penitência que o batizado pode ser reconciliado com Deus e com a

Igreja: (Parágrafos relacionados 1422,1484)

Os Padres da Igreja com razão chamavam a Penitência de "um Batismo laborioso". O sacramento

da Penitência é necessário para a salvação daqueles que caíram depois do Batismo, assim como o

Batismo é necessário para os que ainda não foram regenerados.

II. O PODER DAS CHAVES

981 Depois de sua Ressurreição, Cristo enviou seus Apóstolos para "anunciar a todas as nações o

arrependimento em seu Nome, em vista da remissão dos pecados" (Lc 24,47). Este "ministério da

reconciliação" (2Cor 5,18) os Apóstolos e seus sucessores não o exercem somente anunciando aos homens

o perdão de Deus merecido para nós por Cristo e chamando-os à conversão e à fé, mas também comunicando-lhes a remissão dos pecados pelo Batismo e reconciliando-os com Deus e com a Igreja

graças ao poder das chaves recebido de Cristo: (Parágrafos relacionados 1444,553)

A Igreja recebeu as chaves do Reino dos Céus para que se opere nela a remissão dos pecados

pelo sangue de Cristo e pela ação do Espírito Santo É nesta Igreja que a alma revive, ela que estava morta

pelos pecados, a fim de viver com Cristo, cuja graça nos salvou.

982   Não há  pecado algum, por mais grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar. "Não

existe ninguém, por mau  e culpado que seja, que não deva esperar com segurança a seu  perdão, desde

que seu arrependimento seja sincero." Cristo que morreu por todos os homens, quer que, em sua Igreja, as

portas do perdão estejam sempre abertas a todo aquele que recua do pecado. (Parágrafos relacionados

1463,605)

983  A catequese empenhar-se-á  em despertar e alimentar nos fiéis a fé na grandeza

incomparável do dom que Cristo ressuscitado concedeu à sua Igreja: a missão e o poder de perdoar

verdadeiramente os pecados, pelo ministério dos apóstolos de seus sucessores: (Parágrafo relacionado

1442)

O Senhor quer que seus discípulos tenham um poder imenso: quer que seus pobres servidores

realizem em seu nome tudo que havia feito quando estava na terra. Os presbíteros receberam um poder

que Deus não deu nem aos anjos nem aos arcanjos. Deus sanciona lá  no alto tudo o que os sacerdotes

fazem aqui embaixo. (Parágrafo relacionado 1465)

Se na Igreja não existisse a remissão dos pecados, não existiria nenhuma esperança, nenhuma

perspectiva de uma vida eterna e de uma libertação eterna. Demos graças a Deus, que deu à Igreja tal

dom.

RESUMINDO 

984 O Credo relaciona "o perdão dos pecados" com a profissão de fé no Espírito Santo Com efeito,

Cristo ressuscitado confiou aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados quando lhes deu o Espírito Santo 

985  O Batismo é o primeiro e o principal sacramento para o perdão dos pecados: une-nos a Cristo

morto e ressuscitado nos dá  o Espírito Santo 

986  Pela vontade de Cristo, a Igreja possui o poder de perdoar os pecados dos batizados e o

exerce por meio dos Bispos e dos presbíteros de maneira habitual no sacramento da Penitência.

987  "Na remissão dos pecados, os presbíteros e os sacramentos são meros instrumentos dos quais

nosso Senhor Jesus Cristo, único  autor e dispensador de nossa salvação, se apraz em se servir para apagar

nossas iniqüidades e dar-nos a graça da justificação.

"ARTIGO 11

"CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE"

988  O Credo cristão  - profissão de nossa fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e em sua ação

criadora, salvadora e santificadora  - culmina na proclamação da ressurreição dos mortos, no fim dos

tempos e na vida eterna.

989  Cremos firmemente - e assim esperamos - que, da mesma forma que Cristo ressuscitou

verdadeiramente dos mortos,  e vive para sempre, assim também, depois da morte, os justos viverão para

sempre com Cristo ressuscitado e que Ele os ressuscitará  no último dia . Como a ressurreição de Cristo, 

também a nossa será  obra da Santíssima Trindade: (Parágrafos relacionados 655,648)

Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vós, aquele que ressuscitou

Cristo Jesus dentre os mortos dar  vida também aos vossos corpos mortais, mediante o seu Espírito que

habita em vós (Rm  8,11).

990 O  termo "carne" designa o homem em sua condição de fraqueza e de mortalidade[a15] .  A

"ressurreição da carne" significa que após a morte não haverá somente a vida da alma imortal, mas que

mesmo os nossos "corpos mortais" (Rm 8,11) readquirirão vida. (Parágrafo relacionado 364)991 Crer na ressurreição dos mortos foi, desde os inícios, um elemento essencial da fé cristã. "Fiducia

christianorum resurrectio mortuorum; ilíam credentes, sumus - A confiança dos cristãos é a ressurreição dos

mortos; crendo nela, somos cristãos": (Parágrafo relacionado 638)

Como podem alguns dentre vós dizer que não há  ressurreição dos mortos? Se não há  ressurreição

dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação é vazia é

também a vossa fé. Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram (1Cor 15,12-14-

.20).

I. A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A NOSSA REVELAÇÃO PROGRESSIVA DA RESSURREIÇÃO

992 A ressurreição dos mortos foi revelada progressivamente por Deus a seu povo. A esperança na

ressurreição c corporal dos mortos foi-se impondo corno uma conseqüência intrínseca da fé em um Deus

criador do homem inteiro, alma e corpo. O criador do céu e da terra é também aquele que mantém

fielmente sua aliança com Abraão e sua descendência. E nesta dupla perspectiva que começará  a

exprimir-se a fé na reação. Nas provações, os mártires Macabeus confessam: (Parágrafo relacionado 297)

O Rei do mundo nos fará  ressurgir para uma vida eterna, a nós que morremos por suas leis (2Mc

7,9). É desejável passar para a outra vida pelas mãos dos homens, tendo da parte de Deus as esperanças

de ser um dia ressuscitado por Ele (2Mc 7,14).

993 Os fariseus e muitos outros contemporâneos do Senhor esperavam a ressurreição. Jesus a ensina

com firmeza. Aos Saduceus que a negam, ele responde: "Não é por isto que errais, desconhecendo tanto

as Escrituras como o poder de Deus?" (Mc 12,24). A fé na ressurreição baseia-se na fé em Deus, que “que

não é um Deus dos mortos, mas dos vivos" (Mc 12, 27). (Parágrafos relacionados 575,205)

994  Mais ainda: Jesus liga a fé na ressurreição à sua própria pessoa: "Eu sou a ressurreição e a vida"

(Jo 11,25). É Jesus mesmo quem, no último dia, há  de ressuscitar os que nele tiveram crido e que tiverem

comido seu corpo e bebido seu sangue. Desde já, Ele fornece um sinal e um penhor disto, restituindo a

vida a certos mortos, anunciando com isso sua própria ressurreição, que no entanto será  de outra ordem.

Deste acontecimento único Ele fala como do "sinal de Jonas", do sinal do templo: anuncia sua ressurreição,

que ocorrerá  no terceiro dia depois de ser entregue à morte. (Parágrafos relacionados 646,652)

995  Ser testemunha de Cristo é ser "testemunha de sua ressurreição" (At 1,22), "ter comido e bebido

com Ele após sua ressurreição dentre os mortos" (At 10,41). A esperança cristã na ressurreição está  toda

marcada pelos encontros com Cristo ressuscitado. Ressuscitaremos como Ele, com Ele, por Ele. (Parágrafos

relacionados 860,655)

996  Desde o início, a fé cristã na ressurreição deparou com incompreensões e oposições. "Em

nenhum ponto a fé cristã depara com  mais contradição do que em torno da ressurreição da carne."

Aceita-se muito comumente que depois da morte a vida da pessoa humana prossiga de um modo

espiritual. Mas como crer que este corpo tão manifestamente mortal possa ressuscitar para a vida eterna?

(Parágrafo relacionado 643)

DE QUE MANEIRA OS MORTOS RESSUSCITAM?

997 Que é "ressuscitar"? Na morte, que é separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai

na corrupção, ao passo que sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera de ser novamente unida

a seu corpo glorificado. Deus, em sua onipotência, restituirá  definitivamente a vida incorruptível a nossos

corpos, unindo-os às nossas almas, pela virtude da Ressurreição de Jesus. (Parágrafo relacionado 366)

998 Quem ressuscitará ? Todos os homens que morreram: "Os que tiverem feito o bem (sairão) para

uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de julgamento" (Jo 5,29).

(Parágrafo relacionado 1038)

999  De que maneira? Cristo ressuscitou com seu próprio corpo: "Vede as minhas mãos e os meus

pés: sou eu!" (Lc 24,39). Mas ele não voltou a uma vida terrestre. Da mesma forma, nele" ressuscitarão com

seu próprio corpo, que têm agora"; porém, este corpo será  "transfigurado em corpo de g1ória", em "corpo

espiritual" (1Cor 15, 44): (Parágrafos relacionados 640,645)

Mas, dirá  alguém, como ressuscitam os mortos? Com que corpo voltam? Insensato! O que semeias

não readquire vida a não ser que morra. E o que semeias não é o corpo da futura planta que deve nascer,

mas um simples grão de trigo ou de qualquer outra espécie (...) Semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível (...) os mortos ressurgirão incorruptíveis. (...) Com efeito, é necessário que este ser corruptível

revista a incorruptibilidade e que este ser mortal revista a imortalidade (1Cor 15,35-37.42.52-53).

1000 Este "corno" ultrapassa nossa imaginação e nosso entendimento, sendo acessível só na fé.

Nossa participação na Eucaristia, no entanto, já  nos dá  um antegozo da transfiguração de nosso corpo

por Cristo: (Parágrafo relacionado 647)

Assim como o pão que vem da terra, depois de ter recebido a invocação de Deus, não é mais pão

comum, mas Eucaristia, Constituída por duas realidades, uma terrestre e a outra celeste, da mesma forma

os nossos corpos que participam da Eucaristia não são mais corruptíveis, pois têm a esperança da

ressurreição. (Parágrafo relacionado 1405)

1001 Quando? Definitivamente "no último dia" (Jo 6,39-40.44-54); "no fim do mundo". Com efeito, a

ressurreição [a34] dos mortos está  intimamente associada à Parusia de Cristo: (Parágrafos relacionados

1038,673)

Quando o Senhor, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, descer do céu,

então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro (1Ts 4,16).

RESSUSCITADOS EM CRISTO

1002 Se é verdade que Cristo nos ressuscitará “no último dia”, também que, de certo modo, já

ressuscitamos com Cristo. Pois, graças ao Espírito Santo, a vida cristã é, já  agora na terra, uma

participação na morte e na ressurreição de Cristo:  (Parágrafo relacionado 655)

Fostes sepultados com Ele no Batismo, também com Ele ressuscitastes, pela fé no poder de Deus,

que o ressuscitou dos mortos. (...) Se, pois, ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto, onde Cristo

está sentado à direita de Deus (Cl 2,12;3,1).

1003 Unidos a Cristo pelo Batismo, os crentes já  participam realmente na vida celeste de Cristo

ressuscitado, mas esta vida permanece "escondida com Cristo em Deus" (Cl 3,3). "Com ele nos ressuscitou

e fez-nos sentar nos céus, em Cristo Jesus" (Ef  2,6). Nutridos com seu Corpo na Eucaristia, já  pertencemos

ao Corpo de Cristo. Quando ressuscitarmos, no último dia, nós também seremos "manifestados com Ele

cheios de glória" (Cl 3,3). (Parágrafos relacionados 1227,2796)

1004  Enquanto aguardam esse dia, o corpo e a alma do crente participam desde já  da dignidade

de ser "de Cristo"; daí a exigência do respeito para com seu próprio corpo, mas também para com o de

outrem, particularmente quando este sofre: (Parágrafos relacionados 364,1397)

O corpo é para o Senhor, e o Senhor é para o corpo. Ora, Deus, que ressuscitou o Senhor,

ressuscitará  também a nós por seu poder. Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? (...) Não

pertenceis a vós mesmos. (...) Glorificai, portanto, a Deus em vosso corpo (1Cor 6,5.19-20).

II. MORRER EM CRISTO JESUS

1005  Para ressuscitar com Cristo é preciso morrer com Cristo, é preciso "deixar a mansão deste

corpo para ir morar junto do Senhor" (2 Cor 5,8). Nesta "partida" que é a morte, a alma é separada do

corpo. Ela será  reunida a seu corpo no dia da ressurreição dos mortos. (Parágrafos relacionados 624,650)

A MORTE

1006  "É diante da morte que o enigma da condição humana atinge seu ponto mais alto." Em certo

sentido, a morte corporal é natural; mas para a fé ela é na realidade "salário do pecado" (Rm 6,23). E, para

os que morrem na graça de Cristo, é uma participação na morte do Senhor, a fim de poder participar

também de sua Ressurreição. (Parágrafos relacionados 164,1500)

1007  A morte é o termo da vida terrestre. Nossas vidas são medidas pelo tempo, ao longo do qual

passamos por mudanças, envelhecemos e, como acontece com todos os seres vivos da terra, a morte

aparece como o fim normal da vida. Este aspecto da morte marca nossas vidas com um caráter de

urgência: a lembrança de nossa mortalidade serve também para recordar-nos de que temos um tempo

limitado para realizar nossa vida:

Lembra-te de teu Criador nos dias de tua mocidade (...) antes que o pó volte à terra donde veio, e

o sopro volte a Deus, que o concedeu (Ecl 12,1.7).1008 A morte é conseqüência do pecado. Intérprete autêntico das afirmações da Sagrada

Escritura e da tradição, o magistério da Igreja ensina que a morte entrou no mundo por causa do pecado

do homem. Embora o homem tivesse uma natureza mortal, Deus o destinava a não morrer. A morte foi,

portanto, contrária aos desígnios de Deus criador e entrou no mundo como  conseqüência do pecado. "A

morte corporal, à qual o homem teria sido subtraído se não tivesse pecado", é assim "o último inimigo" do

homem a ser vencido (1 Cor 15,26). (Parágrafos relacionados 401,376)

1009  A morte é transformada por Cristo. Jesus, o Filho de Deus sofreu também Ele a morte, própria

da condição humana. Todavia, apesar de seu pavor diante dela, assumiu-a em um ato de submissão total

e livre à vontade de seu Pai. A obediência de Jesus transformou a maldição da morte em bênção.

(Parágrafo relacionado 612)

O SENTIDO DA MORTE CRISTÃ (Parágrafos relacionados 1681,1690)

1010  Graças  a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. “Para mim, a vida é Cristo, e morrer é

lucro” (Fl 1,21). “Fiel é esta palavra: se com Ele morremos, com Ele viveremos" (2Tm 1,11).  A novidade

essencial da morte cristã está  nisto: pelo Batismo, o cristão já está sacramentalmente "morto com Cristo",

para Viver de uma vida nova; e, se morrermos na graça de Cristo, a morte física consuma este "morrer com

Cristo" e completa, assim, nossa incorporação a ele em seu ato redentor: (Parágrafo relacionado 1220)

É bom para mim morrer em ("eis") Cristo Jesus, melhor do que reinar até as extremidades da terra. É

a Ele que procuro, Ele que morreu por nós: é Ele que quero, Ele que ressuscitou por nós. Meu nascimento

aproxima-se. (...) Deixai-me receber a pura luz; quando tiver chegado lá, serei homem.

1011  Na morte, Deus chama o homem a si. É por isso que o cristão pode sentir, em relação à morte,

um desejo semelhante ao de São Paulo: "O meu desejo é partir e ir estar com Cristo" (Fl 1,23); e pode

transformar sua própria morte em um ato de obediência e de amor ao Pai, a exemplo de Cristo:

(Parágrafos relacionados 1025)

Meu desejo terrestre foi crucificado; (...) há em mim uma  água viva que murmura e que diz dentro

de mim: "Vem para o Pai".

Quero ver a Deus, e para vê-lo é preciso morrer.

Eu não morro, entro na vida.

1012     A visão cristã da morte é expressa de forma privilegiada na liturgia da Igreja: Senhor, para os

que crêem em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito nosso corpo mortal, nos é dado, nos

céus, um corpo imperecível.

1013   A morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de misericórdia

que Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino e para decidir seu destino

último. Quando tiver terminado "o único curso de nossa vida terrestre, não voltaremos mais a outras vidas

terrestres. "Os homens devem morrer uma só vez" (Hb 9,27). Não existe "reencarnação" depois da morte.

1014  A Igreja nos encoraja à preparação da hora de nossa morte ("Livra-nos, Senhor, de uma morte

súbita e imprevista": antiga ladainha de todos os santos, a pedir à Mãe de Deus que  interceda por nós "na

hora de nossa morte" (oração da "Ave-Maria") e a entregar-nos a São José, padroeiro da boa morte:

(Parágrafos relacionados 2676-2677)

Em todas as tuas ações, em todos os teus pensamentos deverias comportar-te como se tivesses de

morrer hoje. Se tua consciência estivesse tranqüila, não terias muito medo da morte. Seria melhor evitar o

pecado que fugir da morte. Se não estás preparado hoje, como o estarás amanhã?

Louvado sejais, meu Senhor, por nossa irmã, a morte corporal, da qual homem algum pode

escapar. Ai dos que morrerem em pecado mortal, felizes aqueles que ela encontrar conforme a vossa

santíssima vontade, pois a segunda morte não lhes fará  mal.RESUMINDO

1015   "Caro salutis est cardo" (A carne é o eixo da salvação). Cremos em Deus, que é o criador da

carne; cremos no Verbo feito carne para redimir a carne; cremos na ressurreição da carne, consumação

da criação e da redenção da carne.

1016  Pela morte, a alma é separada do corpo, mas na ressurreição Deus restituirá  a vida

incorruptível ao nosso corpo transformado, unindo-o novamente à nossa alma. Assim como Cristo

ressuscitou e vive para sempre, todos nós ressuscitaremos no último dia.

1017   "Cremos na verdadeira ressurreição desta carne que possuímos agora. " Contudo, semeia-se

no túmulo um corpo corruptível, ele ressuscita um corpo incorruptível, um corpo espiritual" (1 Cor 15,44).

1018  Em conseqüência do pecado original, o homem deve sofrer "a morte corporal, à  qual teria

sido subtraído se não tivesse pecado".

1019  Jesus, o Filho de Deus, sofreu livremente a morte por nós em uma submissão total e livre à

vontade de Deus, seu Pai. Por sua morte ele venceu a morte, abrindo, assim, a todos os homens a

possibilidade da salvação.

CAPITULO III - ARTIGO 12 : "CREIO NA VIDA ETERNA"

1020  O cristão, que une sua própria morte à de Jesus, vê a morte como um caminhar ao seu

encontro e uma entrada na Vida Eterna. Depois de a Igreja, pela última vez, pronunciar as palavras de

perdão da absolvição de Cristo sobre o cristão moribundo, selá-lo pela última vez com uma unção

fortificadora e dar-lhe o Cristo no viático como alimento para a Viagem, diz-lhe com doce segurança estas

palavras: (Parágrafos relacionados 1523-1525)

Deixa  este mundo, alma cristã, em nome do Pai Todo-Poderoso que te criou, em nome de Jesus

Cristo, o Filho de Deus vivo, que sofreu por ti, em nome do Espírito Santo que foi derramado em ti. Toma teu

lugar hoje na paz e fixa tua morada com Deus na santa Sião, com a Virgem Maria, a Mãe de Deus, com

São José, os anjos e todos os santos de Deus. (...) Volta para junto de teu Criador, que te formou do pó da

terra. Que na hora em que tua alma sair de teu corpo se apressem a teu encontro Maria, os anjos e todos

os santos. (...) Que possas ver teu Redentor face a face (...). (Parágrafos relacionados 336,2677)

I. O JUÍZO PARTICULAR

1021  A morte põe fim à vida do homem como tempo aberto ao acolhimento ou à recusa da

graça divina manifestada em Cristo. O Novo Testamento  fala do juízo principalmente na perspectiva do

encontro final com Cristo na segunda vinda deste, mas repetidas vezes afirma também a retribuição,

imediatamente depois da morte, de cada um em função de suas obras e de sua fé. A parábola do pobre

Lázaro e a palavra de Cristo na cruz ao bom ladrão assim como outros textos do Novo Testamento, falam

de um destino último da alma pode ser diferente para uns e outros. (Parágrafos relacionados 1038,679)

1022  Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da

morte, num Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio de uma

purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja para condenar-se de imediato para

sempre. (Parágrafo relacionado 393)

No entardecer de nossa vida, seremos julgados sobre o amor. (Parágrafo relacionado 1470)

II. O CÉU

1023     Os que morrem na graça e na amizade de Deus, e que estão totalmente purificados, vivem

para sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, porque o vêem “tal como ele é" (1Jo 3,2),

face a face (1Cor 13,12): (Parágrafo relacionado 954)

Com nossa autoridade apostólica definimos que, segundo a disposição geral de Deus, as almas de

todos os santos mortos antes da Paixão de Cristo (...) e de todos os outros fiéis mortos depois de receberem

o santo Batismo de Cristo, nos quais não houve nada a purificar quando morreram, (...) ou ainda, se houve

ou há algo a purificar, quando, depois de sua morte, tiverem acabado de fazê-lo, (...) antes mesmo da

ressurreição em seus corpos e do juízo geral, e isto desde a ascensão do Senhor e Salvador Jesus Cristo ao

céu, estiveram, estão e estarão no Céu, no Reino dos Céus e no paraíso celeste com Cristo, admitidos na sociedade dos santos anjos. Desde a paixão e a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, viram e vêem a

essência divina com uma visão intuitiva e até face a face, sem a mediação de nenhuma criatura.

1024   Essa vida perfeita com a Santíssima Trindade, essa comunhão de vida e de amor com ela,

com a Virgem Maria, os anjos e todos os bem-aventurados, é denominada "o Céu". O Céu é o fim último e

a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.

(Parágrafos relacionados 260,326,2734,1718)

1025  Viver no Céu é "viver com Cristo". Os eleitos vivem "nele", mas lá  conservam  - ou melhor, lá

encontram – sua verdadeira identidade, seu próprio nome. (Parágrafo relacionado 1011)

"Vita est enim esse cum Christo; ideo ubi Christus, ibi vita, ibi regnum - Vida é, de fato, estar com

Cristo; aí onde está  Cristo, aí está  a Vida, aí está  o Reino".

1026 Por sua Morte e Ressurreição, Jesus Cristo nos "abriu" o Céu. A vida dos bem-aventurados

consiste na posse em plenitude dos frutos da redenção operada por Cristo, que associou à sua

glorificação celeste os que creram nele e que ficaram fiéis à sua vontade. O céu é a comunidade bemaventurada de todos os que estão perfeitamente incorporados a Ele. (Parágrafo relacionado 793)

1027     Este mistério de comunhão bem-aventurada com Deus e com todos os que estão em Cristo

supera toda compreensão e toda imaginação. A Escritura fala-nos dele em imagens: vida, luz, paz, festim

de casamento, vinho do Reino, casa do Pai, Jerusalém celeste, Paraíso. "O que os olhos não viram, os

ouvidos não  ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o

amam" (1Cor 2,9). (Parágrafos relacionados 959,1720)

1028 Em razão de sua transcendência, Deus só poder  ser visto tal como é quando Ele mesmo abrir

seu mistério à contemplação direta do homem e o capacitar para tanto. Esta contemplação de Deus em

sua glória celeste é chamada pela Igreja de "visão beatifica". (Parágrafos relacionados 1722,163)

Qual não ser  tua glória e tua felicidade: ser admitido a ver a Deus, ter a honra de  participar das

alegrias da salvação e da luz eterna na companhia de Cristo, o Senhor teu Deus (...) desfrutar no Reino dos

Céus, na companhia dos justos e dos amigos de Deus, as alegrias da imortalidade adquirida.

1029  Na glória do Céu, os bem-aventurados continuam a cumprir com alegria a vontade de Deus

em relação aos outros homens e à criação inteira. Já  reinam com Cristo; com Ele “reinarão pelos séculos

dos séculos" (Ap 22,5). (Parágrafos relacionados 956,668)

III. A PURIFICAÇÃO FINAL OU PURGATÓRIO

1030  Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados,

embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de

obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.

1031 A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta

do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no

Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala

de um fogo purificador: (Parágrafos relacionados 954,1472)

No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador,

segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia

contra o Espírito Santo, não lhe será  perdoada nem presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta

afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que

outras, no século futuro[a21] .

1032 Este ensinamento apóia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já  a

Sagrada Escritura fala: "Eis por que ele [Judas Macabeu) mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos

que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2Mc 12,46). Desde os primeiros

tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício

eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus.  A Igreja recomenda

também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos: (Parágrafos

relacionados 958,1372,1479)

Levemo-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício

de seu pai [a23] que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma

consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles.  IV. O INFERNO

1033  Não podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo. Mas não

podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nós mesmos:

"Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia seu irmão é homicida; e sabeis que

nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 Jo 3,14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que

seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro das necessidades graves dos pobres e dos

pequenos que são seus irmãos morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o

amor misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre, por nossa própria

opção livre. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bemaventurados que se designa com a palavra "inferno". (Parágrafos relacionados 1861,393,633)

1034  Jesus fala muitas vezes da "Geena", do "fogo que não se apaga", reservado aos que recusam

até o fim de sua vida crer e converter-se, e no qual se pode perder ao mesmo tempo a alma e o

corpo[a27] . Jesus anuncia em termos graves que "enviar seus anjos, e eles erradicarão de seu Reino todos

os escândalos e os que praticam a iniqüidade, e os lançarão na fornalha ardente" (Mt 13,41-42), e que

pronunciar  a condenação: "Afastai-vos de mim malditos, para o fogo eterno!" (Mt 25,41).

1035 O ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que

morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos, onde sofrem as

penas do Inferno, "o fogo eterno". A pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o

Único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira.

(Parágrafo relacionado 393)

1036 As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja acerca do Inferno são um

chamado à responsabilidade com a qual o homem deve usar de sua liberdade em vista de seu destino

eterno. Constituem também um apelo insistente à conversão: "Entrai pela porta estreita, porque largo e

espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a

porta e apertado o caminho que conduz à vida. E poucos são os que o encontram" (Mt 7,13-14):

(Parágrafos relacionados 1734,1428)

Como desconhecemos o dia e a hora, conforme a advertência do Senhor, vigiemos

constantemente para que, terminado o único curso de nossa vida terrestre, possamos entrar com ele para

as bodas e mereçamos ser contados entre os benditos, e não sejamos, como servos maus e preguiçosos,

obrigados a ir para o fogo eterno, para as trevas exteriores, onde haverá  choro e ranger de dentes.

1037  Deus não predestina ninguém para o Inferno; para isso é preciso uma aversão voluntária a

Deus (um pecado mortal) e persistir nela até o fim. Na Liturgia Eucarística e nas orações cotidianas de seus

fiéis, a Igreja implora a misericórdia de Deus, que quer "que ninguém se perca, mas que todos venham a

converter-se" (2Pd 3,9): (Parágrafos relacionados 162,1014,1821)

Recebei, ó Pai, com bondade, a oferenda de vossos servos e de toda a vossa família; dai-nos

sempre a vossa paz, livrai-nos da condenação e acolhei-nos entre os vossos eleitos.

V. O JUÍZO FINAL  (Parágrafos relacionados 678,679)

1038   A ressurreição de todos os mortos, "dos justos e dos injustos" (At 24,15), antecederá  o Juízo

Final. Este será "a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão sua voz e sairão: os que

tiverem feito o bem, para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição

de julgamento" (Jo 5,28-29). Então Cristo "virá em sua glória, e todos os anjos com Ele. (...) E serão reunidas

em sua presença todas as nações, e Ele há  de separar os homens uns dos outros, como o pastor separa as

ovelhas dos cabritos, e por  as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. (...) E irão  estes para o

castigo eterno, e os justos irão para a Vida Eterna" (Mt 25,31-33.46). (Parágrafos relacionados 998,1001)

1039   É diante de Cristo  - que é a Verdade  - que será  definitivamente desvendada a verdade

sobre a relação de cada homem com Deus.  O Juízo Final há  de revelar até as últimas conseqüências o

que um tiver feito de bem ou deixado de  fazer durante sua vida terrestre: (Parágrafo relacionado 678)

Todo o mal que os maus praticam é registrado sem que o saibam. No dia em que "Deus não se

calará" (Sl 50,3), voltar-se-á  para os maus: "Eu havia", dir-lhes-á, "colocado na terra meus pobrezinhos para

vós. Eu, seu Chefe, reinava no céu à direita do meu Pai, mas na terra os meus membros passavam fome. Se

tivésseis dado aos meus membros, vosso dom teria chegado até a Cabeça. Quando coloquei meus pobrezinhos na terra, os constituí meus tesoureiros para recolher vossas boas obras em meu tesouro; vós,

porém, nada depositastes em suas mãos, razão por que nada possuís junto a mim"

1040     O Juízo Final acontecerá  por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece a hora e

o dia desse Juízo, só Ele decide de seu advento. Por meio de seu Filho, Jesus Cristo, Ele pronunciará  então

sua palavra definitiva sobre toda a história. Conheceremos então o sentido último de toda a obra da

criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais sua

providência terá conduzido tudo para seu fim último. O Juízo Final revelará que a justiça de Deus triunfa de

todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que seu amor é mais forte que a morte[a34] . (Parágrafos

relacionados 637,314)

1041  A mensagem do Juízo Final é apelo à conversão enquanto Deus ainda dá  aos homens "o

tempo favorável, o tempo da salvação" (2Cor 6,2). O Juízo Final inspira o santo temor de Deus.

Compromete com a justiça do Reino de Deus. Anuncia a "bem-aventurada esperança" (Tt 2,13) da volta

do Senhor, que “virá para ser glorificado na pessoa de seus santos e para ser admirado na pessoa de todos

aqueles que creram (2Ts 1,10). (Parágrafos relacionados 1432,2854)

VI. A ESPERANÇA DOS CÉUS NOVOS E DA TERRA NOVA

1042     No fim dos tempos, o Reino de Deus chegar  à sua plenitude. Depois do Juízo Universal, os

justos reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo será renovado:

(Parágrafos relacionados 769,670)

Então a Igreja será "consumada na glória celeste, quando chegar o tempo da restauração de

todas as coisas, e com o gênero humano também o mundo todo, que está  intimamente ligado ao

homem e por meio dele atinge sua finalidade, encontrará sua restauração definitiva em Cristo" (Parágrafos

relacionados 310)

1043 Esta renovação misteriosa, que há de transformar a humanidade e o mundo, a Sagrada

Escritura a chama de "céus novos e terra nova" (2Pd [3,13). Ser  a realização definitiva do projeto de Deus

de "reunir, sob um só chefe, Cristo, todas as coisas, as que estão no céu e as que estão na terra" (Ef 1,10).

(Parágrafos relacionados 671,280,518)

1044 Neste "universo novo", a Jerusalém celeste, Deus terá sua morada entre os homens. "Enxugará 

toda lágrima de seus olhos, pois nunca mais haverá  morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá  mais.

Sim! As coisas antigas se foram!" (Ap 21,4).

1045     Para o homem, esta consumação será  a realização última da unidade do gênero humano,

querida por Deus desde a criação e da qual a Igreja peregrinante era "como o sacramento". Os que

estiverem unidos a Cristo formarão a comunidade dos remidos, a cidade santa de Deus (Ap 21,2), "a

Esposa do Cordeiro" (Ap 21,9). Esta não será mais ferida pelo pecado, pelas impurezas, pelo amor-próprio,

que destroem ou ferem a comunidade terrestre dos homens. A visão beatífica, na qual Deus se revelará 

de maneira inesgotável aos eleitos, será a fonte inexaurível de felicidade, de paz e de comunhão mútua.

(Parágrafos relacionados 775,1404)

1046 Quanto ao cosmos, a Revelação afirma a profunda comunidade de destino do mundo

material e do homem: Pois a criação em expectativa anseia pela revelação dos filhos de  Deus (...) na

esperança de ela também ser libertada da escravidão da corrupção (...). Pois sabemos que a criação

inteira geme e sofre as dores de parto até o presente. E não somente ela, mas também nós, que temos as

primícias do Espírito, gememos interiormente, suspirando pela redenção de nosso corpo (Rm 8,19-23).

(Parágrafo relacionado 349)

1047     Também o universo visível está, portanto, destinado a ser transformado, "a fim de que o

próprio mundo, restaurado em seu primeiro estado, esteja, sem mais nenhum obstáculo, a serviço dos

justos", participando de sua glorificação em Cristo ressuscitado.

1048 "Ignoramos o tempo da consumação da terra e da humanidade e desconhecemos a

maneira de transformação do universo. Passa certamente a figura deste mundo deformada pelo pecado,

mas aprendemos que Deus prepara uma nova morada e nova terra. Nela reinará  a justiça, e sua

felicidade irá satisfazer á e superar todos os desejos de paz que sobem aos corações dos homens." 

(Parágrafo relacionado 673)

1049 "Contudo, a  expectativa de uma terra nova, longe de atenuar, deve impulsionar em vós a

solicitude pelo aprimoramento desta terra. Nela cresce o corpo da nova família humana que já  pode

apresentar algum esboço do novo século. Por isso, ainda que o progresso terrestre  se deva distinguir cuidadosamente do aumento do Reino de Cristo, ele é de grande interesse para o Reino de Deus, na

medida em que pode contribuir para melhor organizar a sociedade humana. "  (Parágrafo relacionado

2820)

1050 "Com efeito, depois que propagarmos na terra, no Espírito do Senhor e por ordem sua, os

valores da dignidade humana, da humanidade fraterna e da liberdade, todos estes bons frutos da

natureza e de nosso trabalho, nós os encontraremos novamente, limpos, contudo, de toda impureza,

iluminados e transfigurados,  quando Cristo entregar ao Pai o reino eterno e universal. Deus será, então,

"tudo em todos" (1 Cor 15,28), na Vida Eterna:  (Parágrafos relacionados 1709,260)

A vida, em sua própria realidade e verdade, é o Pai que, pelo Filho e no Espírito Santo, derrama

sobre todos, sem exceção, dons celestes. Graças à sua misericórdia também nós, os homens, recebemos a

promessa indefectível da Vida Eterna.

RESUMINDO

1051 Cada homem, em sua alma imortal, recebe sua retribuição eterna a partir de sua morte, em

um Juízo Particular feito por Cristo, juiz dos vivos e dos mortos.

1052   "Cremos que as almas de todos os que morrem na graça de Cristo constituem o povo de

Deus para além da morte, a qual será  definitivamente vencida no dia da ressurreição, quando essas

almas serão novamente unidas a seus corpos."

1053  "Cremos que a multidão daquelas que estão reunidas em torno de Jesus e de Maria no

paraíso forma a Igreja do Céu, onde na beatitude eterna vêem a Deus tal como Ele é, e onde estão

também, em graus diversos, associadas com os santos anjos ao governo divino exercido pelo Cristo na

glória, intercedendo por nós e ajudando nossa fraqueza por sua solicitude fraterna."

1054  Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão totalmente purificados,

embora seguros de sua salvação eterna, passam depois de sua morte por uma purificação, afim de obter

a santidade necessária para entrar na alegria de Deus.

1055  Em virtude da "comunhão dos santos", a Igreja recomenda os defuntos à misericórdia de Deus

e oferece em favor deles sufrágios, particularmente o santo sacrifício eucarístico.

1056  Seguindo o exemplo de Cristo, a Igreja adverte os fiéis acerca da "triste e lamentável

realidade da morte eterna, denominada também de "inferno".

1057   A pena principal do inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em quem o

homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira.

1058   A Igreja ora para que ninguém se perca: "Senhor, não permitais que eu jamais seja separado

de vós"  Se é verdade que ninguém pode salvar-se a si mesmo, também é verdade que "Deus quer que

todos sejam salvos" (1 Tm 2,4), e que para Ele "tudo é possível" (Mt 10,26).

1059   "A santíssima Igreja romana crê e confessa firmemente que no dia do juízo todos os homens

comparecerão com seu próprio corpo diante do tribunal de Cristo para dar contas de seus próprios

atos[a50] . "

1060  No fim dos tempos, o Reino de Deus chegar  à sua plenitude. Então, os justos reinarão com

Cristo para sempre, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo material será transformado. Então

Deus será "tudo em todos" (1 Cor 15,28), na Vida Eterna.

"AMÉM"

1061     O Credo, como também o último livro da Sagrada Escritura, termina com a palavra

hebraica amen. Ela encontra-se com freqüência no fim das orações do Novo Testamento. Também a

Igreja conclui suas orações com o "amém".  (Parágrafo relacionado 2856)

1062     Em hebraico, a palavra "amém" está ligada à mesma raiz da palavra "crer". Esta raiz exprime

a solidez, a confiabilidade, a fidelidade. Assim, compreendemos por que o "amém" pode ser dito da

fidelidade de Deus para conosco e de nossa confiança nele. (Parágrafo relacionado 214)

1063     No profeta Isaias encontramos a expressão "Deus de verdade", literalmente "Deus  do

amém", isto é, o Deus fiel às suas promessas: "Todo aquele que quiser ser bendito na terra quererá  ser

bendito pelo Deus do amém" (Is 65,16). Nosso Senhor emprega com freqüência o termo "amém", por vezes em forma duplicada, para sublinhar a confiabilidade seu ensinamento, sua autoridade fundada na

verdade de Deus.  (Parágrafos relacionados 215,156)

1064     O "amém" final do Credo retoma e confirma, portanto, suas duas primeiras palavras: "eu

creio". Crer é dizer "amém” às palavras, às promessas, aos mandamentos de Deus, ê confiar totalmente

naquele que é o "Amém" de infinito amor e de  fidelidade perfeita. A vida cristã de cada dia será, então, o

"amém" ao "eu creio" da profissão de fé de nosso Batismo:  (Parágrafos relacionados 197,2101)

O teu Símbolo seja para ti como um espelho. Olha-te nele para veres se crês tudo o que declaras

crer e alegra-te cada dia por tua fé.

1065     O  próprio Jesus Cristo é "o Amém" (Ap 3,14).  Ele é o "Amém" definitivo do amor do Pai por

nós; assume e consuma nosso "Amém"  ao Pai: "todas as promessas de Deus, com efeito, têm nele (Cristo)

seu sim; por isso, é por Ele que dizemos 'amém' a Deus para a glória de Deus" (2Cor 1,20):

Por Cristo, com Cristo, em Cristo,

a vós, Deus Pai Todo-Poderoso,

na unidade do Espírito Santo,

toda honra e toda glória,

agora e para sempre.

AMÉM.

SEGUNDA PARTE - A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO

INTRODUÇÃO

POR QUE A LITURGIA?

1066 No Símbolo da Fé, a Igreja confessa o mistério da Santíssima Trindade e seu “desígnio

benevolente” (Ef 1,9) sobre toda a criação: o Pai realiza o “mistério de sua vontade” entregando seu Filho

bem-amado e seu Espírito para a salvação do mundo e para a glória de seu nome. Este é o mistério de

Cristo, revelado e realizado na história segundo um plano, uma “disposição” sabiamente ordenada que

São Paulo denomina “a realização do mistério” (Ef 3,9) e que a tradição patrística chamará de “Economia

do Verbo Encarnado” ou “a Economia da Salvação”.

1067  “Esta obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, da qual foram prelúdio

as maravilhas divinas operadas no povo do Antigo Testamento, completou-a Cristo Senhor, principalmente

pelo mistério pascal de sua bem-aventurada paixão, ressurreição dos mortos e gloriosa ascensão. Por este

mistério, Cristo, 'morrendo, destruiu nossa morte, e ressuscitando, recuperou nossa vida'. Pois do lado de

Cristo adormecido na cruz nasceu o admirável sacramento de toda a Igreja[ag4] .” Esta é a razão pela

qual, na liturgia, a Igreja celebra principalmente o mistério pascal pelo qual Cristo realizou a obra da nossa

salvação.

1068     E este mistério de Cristo que a Igreja anuncia e celebra em sua liturgia, a fim de que os fiéis

vivam e dêem testemunho dele no mundo:

Com efeito, a liturgia, pela qual, principalmente no divino sacrifício da Eucaristia, “se exerce a obra

de nossa redenção”, contribui do modo mais excelente para que os fiéis, em sua vida, exprimam e

manifestem aos outros o mistério de Cristo e a genuína natureza da verdadeira Igreja.

           QUE SIGNIFICA A PALAVRA LITURGIA?

1069 A palavra “liturgia” significa originalmente “obra pública”, “serviço da parte do povo e em

favor do povo”. Na tradição cristã. ela quer significar que O povo de Deus toma parte na “obra de Deus”.

Pela liturgia, Cristo, nosso redentor e sumo sacerdote, continua em sua Igreja, com ela e por ela, a obra de

nossa redenção.

1070  A palavra “liturgia” no Novo Testamento é empregada para designar não somente a

celebração do culto divino, mas também o anúncio do Evangelho e a caridade em ato. Em todas essas situações, trata-se do serviço de Deus e dos homens. Na celebração litúrgica, a Igreja é serva à imagem

do seu Senhor, o único “liturgo”, participando de seu sacerdócio (culto) profético (anúncio) e régio

(serviço de caridade):

Com razão, portanto, a liturgia é tida como o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no

qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação do

homem, e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, cabeça e membros. Disto se

segue que toda a celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote e de seu corpo que é a Igreja, é

ação sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo titulo e grau, não é igualada por nenhuma outra

ação da Igreja.

           A LITURGIA COMO FONTE DE VIDA

1071  Além de ser obra de Cristo, a liturgia é também uma ação de sua Igreja. Ela realiza e

manifesta a Igreja corno sinal visível da comunhão entre Deus e os homens por meio de Cristo. Empenha os

fiéis na vida nova da comunidade. Implica uma participação “consciente, ativa e frutuosa” de todos.

1072 “A liturgia não esgota toda a ação da Igreja”: ela tem de ser precedida pela evangelização,

pela fé e pela conversão; pode então produzir seus frutos na vida dos fiéis: a vida nova segundo o Espírito,

o compromisso com a missão da Igreja e o serviço de sua unidade.

ORAÇÃO E LITURGIA

1073  A liturgia é também participação da oração de Cristo, dirigida ao Pai no Espírito Santo Nela,

toda oração cristã encontra sua fonte e seu termo. Pela liturgia, o homem interior é enraizado e fundado

[ag17] no “grande amor com, o qual o Pai nos amou” (Ef 2,4) em seu Filho bem-amado. E a mesma

“maravilha de Deus” que é vivida e interiorizada por toda oração, “em todo tempo, no Espírito” (Ef 6,18).

CATEQUESE E LITURGIA

1074  “A liturgia é o ápice para o qual tende a ação da Igreja, e ao mesmo tempo é a fonte donde

emana toda a sua força.” Ela é, portanto, o lugar privilegiado da catequese do povo de Deus. “A

catequese está intrinsecamente ligada a toda  ação litúrgica e sacramental, pois é nos sacramentos, e

sobretudo na Eucaristia, que Cristo Jesus age em plenitude para a transformação dos homens.”

1075 A catequese litúrgica tem em vista introduzir no mistério de Cristo (ela é “mistagogia”),

procedendo  do visível para o invisível, do significaste para o significado, dos “sacramentos” para os

“mistérios”. Tal catequese é da competência dos catecismos locais e regionais. O presente Catecismo,

que pretende servir para a Igreja inteira, na diversidade de seus ritos e de suas culturas, apresentará o que

é fundamental e comum a toda a Igreja no tocante à liturgia como mistério e como celebração (Seção I),

e em seguida os sete sacramentos e os sacramentais (Seção II.).

PRIMEIRA SEÇÃO

A ECONOMIA SACRAMENTAL

1076  No dia de Pentecostes, pela efusão do Espírito Santo, a Igreja é manifestada ao mundo. O

dom do Espírito inaugura um tempo novo na “dispensação do mistério”: o tempo da Igreja, durante o qual

Cristo manifesta, toma presente e comunica sua obra de salvação pela liturgia de sua Igreja, “até que ele

venha” (1 Cor 11,26). Durante este tempo da Igreja, Cristo vive e age em sua Igreja e com ela de forma

nova, própria deste tempo novo. Age pelos sacramentos; é isto que a Tradição comum do Oriente e do

Ocidente  chama de “economia sacramental”; esta consiste na comunicação (ou “dispensação”) dos

frutos do Mistério Pascal de Cristo na celebração da liturgia “sacramental” da Igreja. Por isso, importa

ilustrar primeiro esta “dispensação sacramental” (Capítulo I). Assim aparecerão com mais clareza a

natureza e os aspectos essenciais da celebração litúrgica (Capítulo II.).

CAPÍTULO I

O MISTÉRIO PASCAL NO TEMPO DA IGREJAARTIGO I

A LITURGIA.

OBRA DA SANTÍSSIMA TRINDADE

I. O PAI, FONTE E FIM DA LITURGIA

1077     “Bendito seja o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda sorte

de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo. Nele escolheu-nos antes da fundação do mundo para sermos

santos e irrepreensíveis diante dele no amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus

Cristo, conforme o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória de sua graça, com a qual ele nos

agraciou no Bem-amado” (Ef 1,3-6).

1078  Abençoar é uma ação divina que dá a vida e da qual o Pai é a fonte. Sua bênção é ao

mesmo tempo palavra e dom (benedictio, eulogia, pronuncie “euloguia”). Aplicado ao homem, esse

termo significar a adoração e a entrega a seu criador, na ação de graças.

1079  Desde o início até a consumação dos tempos, toda a obra de Deus é bênção.  Desde o

poema litúrgico da primeira criação até os cânticos da Jerusalém celeste os autores inspirados anunciam

o projeto de salvação como uma imensa bênção divina.

1080  Desde o começo, Deus abençoa os seres vivos, especialmente o homem e a mulher. A

aliança com Noé e com todos os seres animados renova esta bênção de fecundidade, apesar do

pecado do homem, por causa do qual a terra é “amaldiçoada”. Mas é a partir de Abra o que a bênção

divina penetra a história dos homens, que caminhava para a morte, para  fazê-la retomar à vida, à sua

fonte: pela fé do “pai dos crentes” que acolhe a bênção, inaugura-se a história da salvação.

1081 As bênçãos divinas manifestam-se em eventos impressionantes e salvadores: o nascimento de

Isaac, a saída do Egito (Páscoa e Êxodo), o dom da Terra Prometida, a eleição de Davi, a presença de

Deus no templo, o exílio purificador e o retomo de um “pequeno resto”. A lei, os profetas e os salmos, que

tecem a liturgia do povo eleito, lembram essas bênçãos divinas e ao mesmo tempo lhes respondem

mediante as bênçãos de louvor e de ação de graças.

1082 Na liturgia da Igreja, a bênção divina é plenamente revelada e comunicada: o Pai é

reconhecido e adorado como a fonte e o fim de todas as bênçãos da criação e da salvação; em seu

Verbo, encarnado, morto e ressuscitado por nós, ele nos cumula com suas bênçãos, e por meio dele

derrama em nossos corações o dom que contém todos os dons: o Espírito Santo

1083 Compreende-se então a dupla dimensão da liturgia cristã como resposta de fé e de amor às

“bênçãos espirituais” com as quais o Pai nos presenteia. Por um lado, a Igreja, unida a seu Senhor e “sob a

ação do Espírito Santo”, bendiz o Pai “por seu dom inefável” (2Cor 9,15) mediante a adoração, o louvor e

a ação de graças. Por outro lado, e até a consumação do projeto de Deus, a Igreja não cessa de

oferecer ao Pai “a oferenda de seus próprios dons” e de implorar que Ele envie o Espírito Santo sobre a

oferta, sobre si mesma, sobre os fiéis e sobre o mundo inteiro, a fim de que pela comunhão com a morte e

a ressurreição de Cristo Sacerdote e pelo poder do Espírito estas bênçãos divinas produzam frutos de vida

“para louvor e glória de sua graça” (Ef 1,6).

II. A OBRA DE CRISTO NA LITURGIA

CRISTO GLORIFICADO...

1084 “Sentado à direita do Pai” e derramando o Espírito Santo em seu Corpo que é a Igreja, Cristo

age agora pelos sacramentos, instituídos por Ele para comunicar sua graça. Os sacramentos são sinais

sensíveis (palavras e ações), acessíveis à nossa humanidade atual. Realizam eficazmente a graça que

significam em virtude da ação de Cristo e pelo poder do Espírito Santo

1085 Na liturgia da Igreja, Cristo significa e realiza principalmente seu mistério pascal. Durante sua

vida terrestre, Jesus anunciava seu Mistério pascal por seu ensinamento e o antecipava por seus atos.

Quando chegou sua hora[ag30] , viveu o único evento da história que não passa: Jesus morre, é

sepultado, ressuscita dentre os mortos e está sentado à direita do Pai “uma vez por todas” (Rm 6,10; Hb

7,27; 9,12). É um evento real, acontecido em nossa história, mas é único: todos os outros eventos da história

acontecem uma vez e depois passam, engolidos pelo passado. O Mistério pascal de Cristo, ao contrário,

não pode ficar somente no passado, já que por sua morte destruiu a morte, e tudo o que Cristo é, fez e sofreu por todos os homens participa da eternidade divina, e por isso abraça todos os tempos e nele se

mantém presente. O evento da cruz e da ressurreição permanece e atrai tudo para a vida.

... A PARTIR DA IGREJA DOS APÓSTOLOS...

1086  “Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, da mesma forma Ele mesmo enviou os apóstolos,

cheios do Espírito Santo, não só para pregarem o Evangelho a toda criatura, anunciarem que o Filho de

Deus, por sua Morte e Ressurreição, nos libertou do poder de Satanás e da morte e nos transferiu para o

reino do Pai, mas ainda para levarem a efeito o que anunciavam: a obra da salvação por meio do

sacrifício e dos sacramentos, em tomo dos quais gravita toda a vida litúrgica.”

1087 Dessa forma, Cristo ressuscitado, ao dar o Espírito Santo aos Apóstolos, confia-lhes seu poder

de santificação: eles tomam-se assim sinais sacramentais de Cristo. Pelo poder do mesmo Espírito Santo, os

Apóstolos confiam este poder a seus sucessores. Esta “sucessão apostólica” estrutura toda  a vida litúrgica

da Igreja; ela mesma é sacramental, transmitida pelo sacramento da ordem.

... ESTA PRESENTE NA LITURGIA TERRESTRE...

1088 “Para levar a efeito tão grande obra” a saber, a dispensação ou comunicação de sua obra

de salvação” Cristo está sempre presente em sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas. Presente está no

sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro, pois 'aquele que agora oferece pelo ministério dos

sacerdotes é o mesmo que outrora se ofereceu na cruz', quanto sobretudo sob as espécies eucarísticas.

Presente está por sua força nos sacramentos, a tal ponto que, quando alguém batiza, é Cristo mesmo que

batiza. Presente está por sua palavra, pois é ele mesmo quem fala quando se lêem as Sagradas Escrituras

na Igreja. Presente está, finalmente, quando a Igreja reza o salmo do dia, ele que prometeu: 'Onde dois ou

três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles' (Mt 18,2).”

1089  “Na realização de tão grande obra, por meio da qual Deus é perfeitamente glorificado e os

homens são santificados, Cristo sempre associa a si a Igreja, sua esposa direitíssima, que o invoca como seu

Senhor e por ele presta culto ao eterno Pai.

... QUE PARTICIPA DA LITURGIA CELESTE...

1090  “Na liturgia terrestre, antegozando participamos (já) da  liturgia celeste, que se celebra na

cidade santa de Jerusalém, para a qual, na qualidade de peregrinos, caminhamos. Lá, Cristo está sentado

à direita de Deus, ministro do santuário e do tabernáculo verdadeiro; com toda a milícia do exército

celestial cantamos um hino de glória ao Senhor e, venerando a memória dos santos, esperamos fazer

parte da sociedade deles; suspiramos pelo Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até que ele, nossa vida, se

manifeste e nós apareçamos com ele na glória.”

III. O ESPÍRITO SANTO E A IGREJA NA LITURGIA

1091  Na liturgia, o Espírito Santo é o pedagogo da fé do povo de Deus, o artífice das “obras-primas

de Deus”, que são os sacramentos da nova aliança. O desejo e a obra do Espírito no coração da Igreja é

que vivamos da vida de Cristo ressuscitado. Quando encontra em nós a resposta de fé que ele mesmo

suscitou, realiza-se uma verdadeira cooperação. Por meio dela a liturgia se toma a obra comum do Espírito

Santo e da Igreja.

1092 Nesta comunicação sacramental do mistério de Cristo,  o Espírito age da mesma forma que

nos outros tempos da economia da salvação: prepara a Igreja para encontrar seu Senhor, recorda e

manifesta Cristo à fé da assembléia, torna presente e atualiza o mistério de Cristo por seu poder

transformador e, finalmente, como Espírito de comunhão, une a Igreja à vida e à missão de Cristo.

O ESPÍRITO SANTO PREPARA PARA ACOLHER A CRISTO

1093  Na economia sacramental o Espírito Santo leva à realização as figuras da antiga aliança.

Visto que a Igreja de Cristo estava “admiravelmente preparada na história do Povo de Israel e na Antiga

Aliança”, a liturgia da Igreja conserva como parte integrante e insubstituível  - tomando-os seus  – alguns

elementos do culto da Antiga Aliança:ü    principalmente a leitura do Antigo Testamento;

ü    a oração dos Salmos;

ü  e sobretudo a memória dos eventos salvadores e das realidades significativas que encontraram

sua realização no Mistério de Cristo (a Promessa e a Aliança, o Êxodo e a Páscoa, o Reino e o Templo, o

exílio e a volta).

1094   É em tomo desta harmonia dos dois Testamentos que se articula a catequese pascal do

Senhor, e posteriormente a dos Apóstolos e dos Padres da Igreja. Esta catequese desvenda O que

permanecia escondido sob a letra do Antigo Testamento: o mistério de Cristo. Ela é denominada

“tipológica” porque revela a novidade de Cristo a partir das “figuras” (tipos) que a anunciavam nos fatos,

nas palavras e nos símbolos da primeira aliança. Por esta releitura no Espírito de verdade a partir de Cristo,

as figuras são desveladas. Assim, o dilúvio e a arca de Noé prefiguravam a salvação pelo Batismo[ag49] , o

mesmo acontecendo com a nuvem e a travessia do Mar Vermelho, e a água do rochedo era a figura dos

dons espirituais de Cristo; o maná do deserto prefigurava a Eucaristia, “o verdadeiro Pão do Céu” (Jo 6,32).

1095  É por isso que a Igreja, particularmente no advento, na quaresma e sobretudo na noite de

Páscoa, relê e revive todos esses grandes acontecimentos da história da salvação no “hoje” de sua liturgia.

Mas isso exige também que a catequese ajude os fiéis a se abrirem a esta compreensão “espiritual” da

economia da salvação, tal como a liturgia da Igreja a manifesta e no-la faz viver.

1096 Liturgia judaica e liturgia cristã. Um conhecimento mais aprimorado da fé e da vida religiosa

do povo judaico, tais como são professadas e vividas ainda hoje, pode ajudar a compreender melhor

certos aspectos da liturgia cristã. Para os judeus e para os cristãos, a Sagrada Escritura é uma parte

essencial de suas liturgias: para a proclamação da Palavra de Deus, a resposta a esta palavra, a oração

de louvor e de intercessão pelos vivos e pelos mortos, o recurso à misericórdia divina. A Liturgia da palavra,

em sua estrutura própria, tem sua origem na oração judaica. A Oração das horas, bem como outros textos

e formulários litúrgicos, tem seus paralelos na oração judaica, o mesmo acontecendo com as próprias

fórmulas de nossas orações mais veneráveis, entre elas o Pai-Nosso. Também as orações eucarísticas

inspiram-se em modelos da tradição judaica. As relações entre liturgia judaica e liturgia cristã mas também

a diferença de seus conteúdos são particularmente visíveis nas grandes festas do ano litúrgico, como a

Páscoa. Cristãos e judeus celebram a Páscoa; Páscoa da história, orientada para o futuro, entre os judeus;

Páscoa realizada na morte e na Ressurreição de Cristo, entre os cristãos, ainda que sempre à espera da

consumação definitiva.

1097   Na liturgia da nova aliança, toda ação litúrgica, especialmente a celebração da Eucaristia e

dos sacramentos, é um encontro entre Cristo e a Igreja. A assembléia litúrgica tira sua unidade da

“comunhão do Espírito Santo”, que congrega os filhos de Deus no único corpo de Cristo. Ela ultrapassa as

afinidades humanas, raciais, culturais e sociais.

1098  A  assembléia deve se preparar para se encontrar com seu Senhor, deve ser “um povo bemdisposto”. Essa preparação dos corações é obra comum do Espírito Santo e da assembléia, em particular

de seus ministros. A graça do Espírito Santo procura despertar a fé, a conversão do coração e a adesão à

vontade do Pai. Essas disposições constituem pressupostos para receber as outras graças oferecidas na

própria celebração e para os frutos de vida nova que ela está destinada a produzir posteriormente.

O ESPÍRITO SANTO RECORDA O MISTÉRIO DE CRISTO

1099   O Espírito e a Igreja cooperam para manifestar o Cristo e sua obra de salvação na liturgia.

Principalmente na Eucaristia, e analogicamente nos demais sacramentos, a liturgia é memorial do Mistério

da Salvação. O Espírito Santo é a memória viva da Igreja.

1100 A Palavra de Deus. O Espírito Santo recorda primeiro à assembléia litúrgica o sentido do evento

da salvação, dando vida à Palavra de Deus, que é anunciada para ser recebida e vivida:

Na celebração da liturgia é máxima  a importância da Sagrada Escritura, pois dela são tirados os

textos que se lêem e que são explicados na homilia e os salmos cantados. E de sua inspiração e bafejo

que surgiram as preces, as orações e os hinos litúrgicos. E é dela também que as ações e os símbolos tiram

sua significação.

1101 É o Espírito Santo que dá aos leitores e aos ouvintes, segundo as disposições de seus corações,

a compreensão espiritual da Palavra de Deus. Por meio das palavras, das ações e dos símbolos que formam a trama de uma celebração, o Espírito põe os fiéis e os ministros em relação viva com Cristo,

palavra e imagem do Pai, a fim de que possam fazer passar à sua vida o sentido daquilo que ouvem,

contemplam e fazem na celebração.

1102 “E a palavra da salvação que alimenta a fé no coração dos cristãos: é ela que faz nascer e

dá crescimento à comunhão dos cristãos.” O anúncio da Palavra de Deus não se limita a um ensinamento:

quer suscitar a resposta da fé, como consentimento e compromisso, em vista da aliança entre Deus e seu

povo. E ainda o Espírito Santo que dá a graça da fé, que a fortifica e a faz crescer na comunidade. A

assembléia litúrgica é primeiramente comunhão na fé.

1103 A anamnese.  A celebração litúrgica refere-se sempre às intervenções salvíficas de Deus na

história.  “A economia da revelação concretiza-se por meio das ações e das palavras intimamente

interligadas.(...) As palavras proclamam as obras e elucidam o mistério nelas contido.” Na liturgia da

palavra, o Espírito Santo “recorda” à assembléia tudo o que Cristo fez por nós. Segundo a natureza das

ações litúrgicas e as tradições rituais das Igrejas, uma celebração “faz memória” das maravilhas de Deus

em uma anamnese mais ou menos desenvolvida. O Espírito Santo, que desperta assim a memória da

Igreja, suscita então a ação de graças e o louvor (doxologia).

O ESPÍRITO SANTO ATUALIZA O MISTÉRIO DE CRISTO

1104 A liturgia cristã não somente recorda os acontecimentos que nos salvaram, como também os

atualiza, toma-os presentes. O mistério pascal de Cristo é celebrado, não é repetido; o que se repete são

as celebrações; em cada uma delas sobrevêm a efusão do Espírito Santo que atualiza o único mistério.

1105 A epiclese (“invocação sobre”) é a intercessão na qual o sacerdote suplica ao Pai que envie

o Espírito Santificador para que as oferendas se tornem o Corpo e o Sangue de Cristo, e para que ao

recebê-los os fiéis se tomem eles mesmos uma oferenda viva a Deus.

1106 Juntamente com a anamnese, a epiclese está no cerne de cada celebração sacramental,

mais especialmente da Eucaristia:

Perguntas como o pão se converte no Corpo de Cristo e o vinho em Sangue de Cristo. Respondote: o Espírito Santo irrompe e realiza aquilo que ultrapassa toda palavra e todo pensamento... Basta-te

saber que isso acontece por obra do Espírito Santo, do mesmo modo que, da Santíssima Virgem e pelo

mesmo Espírito Santo, o Senhor por si mesmo e em si mesmo assumiu a carne.

1107 O poder transformador do Espírito Santo na liturgia apressa a vinda do Reino e a consumação

do mistério da salvação. Na expectativa e na esperança ele nos faz realmente antecipar a comunhão

plena da Santíssima Trindade. Enviado pelo Pai que ouve a epiclese da Igreja, o Espírito dá a vida aos que

o acolhem e constitui para eles, desde já, “o penhor” de sua herança.

A COMUNHÃO DO ESPÍRITO SANTO

1108 O fim da missão do Espírito Santo em toda a ação litúrgica é colocar-se em comunhão com

Cristo para formar seu corpo. O Espírito Santo é como que a seiva da videira do Pai que produz seus frutos

nos ramos. Na liturgia realiza-se a cooperação mais íntima entre o Espírito Santo e a Igreja. Ele, o Espírito de

comunhão, permanece indefectivelmente na Igreja, e é por isso que a Igreja é o grande sacramento da

Comunhão divina que congrega os filhos de Deus dispersos. O fruto do Espírito na liturgia é

inseparavelmente comunhão com a Santíssima Trindade e comunhão fraterna entre os irmãos.

1109 A epiclese é também a oração para o efeito pleno da comunhão da assembléia com o

mistério de Cristo. “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus  Pai e a comunhão do Espírito

Santo” (2Cor 13,13) devem permanecer sempre conosco e produzir frutos para além da celebração

eucarística. A Igreja pede, pois, ao Pai que envie o Espírito Santo para que faça da vida dos fiéis uma

oferenda viva a Deus por meio da transformação espiritual à imagem de Cristo, (por meio) da

preocupação pela unidade da Igreja e da participação da sua missão pelo testemunho e pelo serviço da

caridade.

RESUMINDO

1110  Na liturgia da Igreja, Deus Pai é bendito e adorado como a fonte  de todas as bênçãos da

criação e da salvação, com as quais nos abençoou em seu Filho, para dar-nos o Espírito da adoção filial.1111 A obra de Cristo na liturgia é sacramental porque seu mistério de salvação se torna presente

nela mediante o poder de seu Espírito Santo; porque seu corpo, que é a Igreja, é como que o sacramento

(sinal e instrumento) no qual o Espírito Santo dispensa o mistério da salvação; porque por meio de suas

ações litúrgicas a Igreja peregrina já participa, por antecipação, da liturgia celeste.

1112  A missão do Espírito Santo na liturgia da Igreja é preparar a assembléia para encontrar-se com

Cristo; recordar e manifestar Cristo à fé da assembléia; tornar presente e atualizar a obra salvífica de Cristo

por seu poder transformador e fazer frutificar o dom da comunhão na Igreja.

ARTIGO 2

O MISTÉRIO PASCAL NOS SACRAMENTOS DA IGREJA

1113 Toda a vida litúrgica da Igreja gravita em tomo do sacrifício eucarístico e dos sacramentos. Há

na Igreja sete sacramentos: o Batismo, a Confirmação ou Crisma, a Eucaristia, a Penitência, a Unção dos

Enfermos, a Ordem, o Matrimônio. No presente artigo trataremos daquilo que é comum, do ponto de vista

doutrinal, aos sete sacramentos da Igreja. O que lhes é comum sob o aspecto da celebração será exposto

no Capítulo II, e o que é próprio de cada um deles será objeto da Seção II.

I. OS SACRAMENTOS DE CRISTO

1114 “Fiéis à doutrina das Sagradas Escrituras, às tradições apostólicas (...) e ao sentimento unânime

dos Padres “, professamos que “os sacramentos da nova lei foram todos instituídos por Nosso Senhor Jesus

Cristo”.

1115 As palavras e as ações de Jesus durante sua vida oculta e durante seu ministério público já

eram salvíficas. Antecipavam o poder de seu mistério pascal. Anunciavam e preparavam O que iria dar à

Igreja quando tudo fosse realizado. Os mistérios da vida de Cristo são os fundamentos daquilo que agora,

por meio dos ministros de sua Igreja, Cristo dispensa nos sacramentos, pois “aquilo que era visível em nosso

Salvador passou para seus mistérios”.

1116 Os sacramentos são “forças que saem” do corpo de Cristo, sempre vivo e vivificante; são

ações do Espírito Santo Operante no corpo de Cristo, que é a Igreja; são “as obras-primas de Deus” na

Nova e Eterna Aliança.

II. OS SACRAMENTOS DA IGREJA

1117  Graças ao Espírito Santo que a conduz à “verdade plena” (Jo 16,13), a Igreja reconheceu

pouco a pouco este tesouro recebido de Jesus e precisou sua “dispensação”, tal como o fez com o cânon

das Sagradas Escrituras e com a doutrina da fé, qual fiel dispensadora dos mistérios de Deus. Assim, ao

longo dos séculos, a Igreja foi discernindo que entre suas celebrações litúrgicas existem sete que são, no

sentido próprio da palavra, sacramentos instituídos pelo Senhor.

1118  Os sacramentos são “da Igreja” no duplo sentido de que existem “por meio dela” e “para

ela”. São “por meio da Igreja”, pois esta é o sacramento da ação de Cristo operando em seu seio graças

à missão do Espírito Santo E são “para a Igreja”, pois são esses “sacramentos que fazem a Igreja”; com

efeito, manifestam e comunicam aos homens, sobretudo na Eucaristia, o mistério da comunhão do Deus

amor, uno em três pessoas.

1119 Formando com Cristo-Cabeça “como que uma única pessoa mística”, a Igreja age nos

sacramentos como “comunidade sacerdotal”, “organicamente estruturada”. Pelo Batismo e pela

Confirmação, o povo sacerdotal é capacitado a celebrar a liturgia; por outro lado, certos fiéis, “revestidos

de uma ordem sagrada, são instituídos em nome de Cristo para apascentar a Igreja por meio da palavra e

da graça de Deus”.

1120  O ministério ordenado ou sacerdócio ministerial está a serviço do sacerdócio batismal.

Garante que, nos sacramentos, é Cristo que age pelo Espírito Santo para a Igreja. A missão de salvação

confiada pelo Pai a seu Filho encarnado é  confiada aos apóstolos e, por meio deles, a seus sucessores:

recebem o Espírito de Jesus para agir em seu nome e em sua pessoa. Assim, o ministro ordenado é o elo

sacramental que liga a ação litúrgica àquilo que disseram e fizeram os apóstolos, e, por meio destes, ao

que disse e fez Cristo, fonte e fundamento dos sacramentos.1121  Os sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Ordem conferem, além da graça, um

caráter sacramental ou “selo” pelo qual o cristão participa do sacerdócio de Cristo e faz parte da Igreja

segundo estados e funções diversas. Esta configuração com Cristo e com a Igreja, realizada pelo Espírito, é

indelével, permanece para sempre no cristão como disposição positiva para a graça, como promessa e

garantia da proteção divina e como vocação ao culto divino e ao serviço da Igreja. Por isso estes

sacramentos nunca podem ser reiterados.