ARTIGO 7“DONDE VIRÁ JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS"
I. ELE VOLTARÁ NA GLÓRIA
CRISTO JÁ REINA PELA IGREJA...
668 "Cristo morreu e reviveu para ser o Senhor dos mortos e dos vivos" (Rm 14,9). A Ascensão de
Cristo ao Céu significa sua participação, em sua humanidade, no poder e na autoridade do próprio Deus.
Jesus Cristo é Senhor: possui todo poder nos céus e na terra. Está "acima de toda autoridade, poder,
potentado e soberania", pois o Pai "tudo submeteu a seus pés (Ef 1,20-22). Cristo é o Senhor do cosmo e da
história. Nele, a história do homem e mesmo toda a criação encontram sua "recapitulação"' sua consumação
transcendente. (Parágrafos Relacionados 450,518)
669 Como Senhor, Cristo é também a cabeça da Igreja, que é seu Corpo. Elevado ao céu e
glorificado, tendo assim cumprido plenamente sua missão, Ele permanece na terra em sua Igreja. A redenção
é a fonte da autoridade que Cristo, em Virtude do Espírito Santo, exerce sobre a Igreja". O Reino de Cristo
já está misteriosamente presente na Igreja", germe e início deste Reino na terra. (Parágrafos Relacionados
792,1088,541)
670 Desde a Ascensão, o desígnio de Deus entrou em sua consumação. Já estamos na "última hora"
(1Jo 2,18)". “Portanto, a era final do mundo já chegou para nós, e a renovação do mundo está
irrevogavelmente realizada e, de certo modo, já está antecipada nesta terra. Pois já na terra a Igreja se
reveste de verdadeira santidade, embora imperfeita." O Reino de Cristo já manifesta sua presença pelos
sinais milagrosos que acompanham seu anúncio pela Igreja". (Parágrafos Relacionados 1042,825,547)
À ESPERA DE QUE TUDO LHE SEJA SUBMETIDO
671 Já presente em sua Igreja, o Reino de Cristo ainda não está consumado "com poder e grande
glória" (Lc 21, 17) pelo advento do Rei na terra. Esse Reino é ainda atacado pelos poderes maus, embora
estes já tenham sido vencidos em suas bases pela Páscoa de Cristo. Enquanto tudo não for submetido a ele,
"enquanto não houver novos céus e nova terra, nos quais habita a justiça, a Igreja peregrina leva consigo em
seus sacramentos e em suas instituições, que pertencem à idade presente, a figura deste mundo que passa, e
ela mesma vive entre as criaturas que gemem e sofrem como que dores de parto até o presente e aguardam
a manifestação dos filhos de Deus" Por este motivo os cristãos oram, sobretudo na Eucaristia, para apressar
a volta de Cristo, dizendo-lhe: "Vem, Senhor" (Ap 22,20). (Parágrafos Relacionados
1043,769,773,1043,2046,2817)
672 Cristo afirmou antes de sua Ascensão que ainda não chegara a hora do estabelecimento
glorioso do Reino messiânico esperado por Israel, que deveria trazer a todos os homens, segundo os
profetas a ordem definitiva da justiça, do amor e da paz. O tempo presente é, segundo o Senhor, o tempo
do Espírito e do testemunho mas é também um tempo ainda marcado pela "tristeza" e pela provação do
mal, que não poupa a Igreja e inaugura os combates dos últimos dias. E um tempo de expectativa e de
vigília. (Parágrafos Relacionados 732,2612)
O ADVENTO GLORIOSO DE CRISTO, ESPERANÇA DE ISRAEL
673 A partir da Ascensão, o advento de Cristo na glória é iminente, embora não nos "caiba
conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade" (At1,7). Este acontecimento
escatológico pode ocorrer a qualquer momento,ainda que estejam "retidos" tanto ele como a provação final
que há de precedê-lo. (Parágrafos Relacionados 1040,1048)
674 A vinda do Messias glorioso depende a todo momento da história do reconhecimento dele por
"todo Israel". Uma parte desse Israel se "endureceu" (Rm 5) na "incredulidade" (Rm 11,20) para com Jesus.
São Pedro o afirma aos judeus de Jerusalém depois de Pentecostes: "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a
fim de que sejam apagados os vossos pecados e deste modo venham da face do Senhor os tempos de
refrigério. Então enviará ele o Cristo que vos foi destinado, Jesus a quem o céu deve acolher até os tempos
da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de seus santos profetas" (At 3,19-21). E São Paulo lhe faz eco: "Se a rejeição deles resultou na reconciliação do mundo, O que será o acolhimento
deles senão a vida que vem dos mortos?" A entrada da "plenitude dos judeus" na salvação messiânica,
depois da "plenitude dos pagãos, dará ao Povo de Deus a possibilidade de "realizar a plenitude de Cristo"
(Ef 4, 13), na qual "Deus ser tudo em todos" (1Cor 15,28). (Parágrafos Relacionados 840,58)
A PROVAÇÃO DERRADEIRA DA IGREJA
675 Antes do advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final que abalar a fé de
muitos crentes. A perseguição que acompanha a peregrinação dela na terra" desvendará o "mistério de
iniqüidade" sob a forma de uma impostura religiosa que há de trazer aos homens uma solução aparente a
seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A impostura religiosa suprema é a do Anticristo, isto é, a
de um pseudo-messianismo em que o homem glorifica a si mesmo em lugar de Deus e de seu Messias que
veio na carne.(Parágrafo Relacionado 769)
676 Esta impostura anticrística já se esboça no mundo toda vez que se pretende realizar na história
a esperança messiânica que só pode realiza-se para além dela, por meio do juízo escatológico: mesmo em
sua forma mitigada, a Igreja rejeitou esta falsificação do Reino vindouro sob o nome de milenarismo,
sobretudo sob a forma política de um messianismo secularizado, "intrinsecamente perverso".(Parágrafo
Relacionado 2425)
677 A Igreja só entrará na glória do Reino por meio desta derradeira Páscoa, em que seguirá seu
Senhor em sua Morte e Ressurreição. Portanto, o Reino não se realizará por um triunfo histórico da Igreja
segundo um progresso ascendente, mas por uma vitória de Deus sobre o desencadeamento último do mal,
que fará sua Esposa descer do Céu. O triunfo de Deus sobre a revolta do mal assumirá a forma do Juízo
Final depois do derradeiro abalo cósmico deste mundo que passa. (Parágrafos Relacionados 1340,2853)
II. PARA JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS
678 Na linha dos profetas e de João Batista, Jesus anunciou em sua pregação o Juízo do último Dia.
Então será revelada a conduta de cada um e o segredo dos corações. Será também condenada a
incredulidade culpada que fez pouco caso da graça oferecida por Deus. A atitude em relação ao próximo
revelará o acolhimento ou a recusa da graça e do amor divino Jesus dirá no último Dia: "Cada vez que o
fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes" (Mt 25,40). (Parágrafo Relacionado
1470)
679 Cristo é Senhor da Vida Eterna. O pleno direito de julgar definitivamente as obras e os corações
dos homens pertence a Ele enquanto Redentor do mundo. Ele "adquiriu" este direito por sua Cruz. O Pai
entregou "todo o julgamento ao Filho" (Jo 5,22). Ora, o Filho não veio para julgar, mas para salvar e para
dar a vida que está nele. É pela recusa da graça nesta vida que cada um já se julga a si mesmo recebe de
acordo com suas obras e pode até condenar-se para a eternidade ao recusar o Espírito de amor.
(Parágrafo Relacionado 1021)
RESUMINDO
680 Cristo Senhor já reina pela Igreja, mas ainda não lhe estão submetidas todas as coisas deste
mundo. O triunfo do Reino de Cristo não se dará sem uma última investida das potências do mal.
681 No dia do juízo, por ocasião do fim do mundo, Cristo virá na glória para realizar o triunfo
definitivo do bem sobre o mal os quais, como o trigo e o joio, terão crescido juntos ao longo da história.
682 Ao vir no fim dos tempos para julgar os vivos e os mortos, Cristo glorioso revelará a disposição
secreta dos corações e retribuirá a cada um segundo suas obras e segundo tiver acolhido ou rejeitado sua
graça.
CREIO NO ESPÍRITO SANTO
683 "Ninguém pode dizer ‘Jesus é Senhor’ a não ser no Espírito Santo" (1Cor 12,3). "Deus enviou a
nossos corações o Espírito de seu Filho que clama: Abbá, Pai!" (Gl 4,6). Este conhecimento de fé só é possível no Espírito Santo Para estar em contato com Cristo, é preciso primeiro ter sido tocado pelo Espírito Santo É
ele que nos precede e suscita em nós a fé. Por nosso Batismo, primeiro sacramento da fé, a Vida, que tem
sua fonte no Pai e nos é oferecida no Filho, nos é comunicada intimamente e pessoalmente pelo Espírito Santo
na Igreja: (Parágrafos Relacionados 424,2670,152)
O Batismo nos concede a graça do novo nascimento em Deus Pai por meio de seu Filho no Espírito
Santo Pois os que têm o Espírito de Deus são conduzidos ao Verbo, isto é, ao Filho; mas o Filho os apresenta
ao Pai, e o Pai lhes concede a incorruptibilidade. Portanto, sem o Espírito não é possível ver o Filho de Deus,
e sem o Filho ninguém pode aproximar-se do Pai, pois o conhecimento do Pai é o Filho, e o conhecimento do
Filho de Deus se faz pelo Espírito Santo. (Parágrafo Relacionado 236)
684 Espírito Santo, por sua graça, é primeiro no despertar de nossa fé e na vida nova que é "conhecer o
Pai e aquele que Ele enviou, Jesus Cristo". Todavia, é último na revelação das Pessoas da Santíssima
Trindade. São Gregório Nazianzeno, "o Teólogo", explica esta progressão pela pedagogia da
"condescendência" divina: O Antigo Testamento proclamava manifestamente o Pai, mais obscuramente o
Filho. O Novo manifestou o Filho, fez entrever a divindade do Espírito. Agora o Espírito tem direito de
cidadania entre nós e nos concede uma visão mais clara de si mesmo. Com efeito, não era prudente, quando
ainda não se confessava a divindade do Pai, proclamar abertamente o Filho e, quando a divindade do Filho
ainda não era admitida, acrescentar o Espírito Santo como um peso suplementar, para usarmos uma
expressão um tanto ousada... É por meio de avanços e de progressões "de glória em glória" que a luz da
Trindade resplenderá em claridades mais brilhantes.
685 Crer no Espírito Santo é, pois, professar que o Espírito Santo é uma das Pessoas da Santíssima
Trindade, consubstancial ao Pai e ao Filho, "e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado[a4] ". É por isso
que se tratou do mistério divino do Espírito Santo na "teologia" trinitária. Aqui, portanto, só se tratará do
Espírito Santo na "Economia" divina. (Parágrafo Relacionado 236)
686 O Espírito Santo está em ação com o Pai e o Filho do início até a consumação do Projeto de
nossa salvação. Mas é nos “últimos tempos", inaugurados pela Encarnação redentora do Filho que ele é
revelado e dado, reconhecido e acolhido como Pessoa. Então este Projeto Divino, realizado em Cristo,
"Primogênito” e Cabeça da nova criação, poderá tomar corpo na humanidade pelo Espírito difundido: a
Igreja, a comunhão dos santos, a remissão dos pecados, a ressurreição da carne, a Vida Eterna. (Parágrafo
Relacionado 258)
Artigo 8
"CREIO NO ESPÍRITO SANTO"
687 "O que está em Deus, ninguém o conhece senão o Espírito de Deus" (1 Cor 2,11). Ora, seu
Espírito que o revela nos conhecer Cristo, seu Verbo, sua Palavra viva, mas não se revela a si mesmo. Aquele
que "falou pelos profetas" faz-nos ouvir a Palavra do Pai. Mas, ele mesmo, nós não o ouvimos. Só o
conhecemos no momento em que nos revela o Verbo e nos dispõe a acolhê-lo na fé. O Espírito de Verdade
que nos "desvenda o Cristo "não fala de si mesmo". Tal apagamento, propriamente divino, explica por que
"o mundo não pode acolhê-lo, porque não o vê nem o conhece", enquanto os que crêem em Cristo o
conhecem, porque ele permanece com eles (Jo 14,17). (Parágrafo Relacionado 243)
688 A Igreja, comunhão viva na fé dos apóstolos, que ela transmite, é o lugar de nosso conhecimento
do Espírito Santo:
ü nas Escrituras que ele inspirou;
ü na Tradição, da qual os Padres da Igreja são as testemunhas sempre atuais;
ü no Magistério da Igreja, ao qual ele assiste;
ü na Liturgia sacramental, por meio de suas palavras e de seus símbolos, na qual o Espírito Santo
nos coloca em Comunhão com Cristo;
ü na oração, na qual Ele intercede por nós;
ü nos carismas e nos ministérios, pelos quais a Igreja é edificada;ü nos sinais de vida apostólica e missionária;
ü no testemunho dos santos, no qual ele manifesta sua santidade e continua a obra da salvação.
I. A MISSÃO CONJUNTA DO FILHO E DO ESPÍRITO
689 Aquele que o Pai enviou a nossos corações, o Espírito de seu Filho" é realmente Deus.
Consubstancial ao Pai e ao Filho, ele é inseparável dos dois, tanto na Vida íntima da Trindade como em seu
dom de amor pelo mundo. Mas ao adorar a Santíssima Trindade, vivificante, consubstancial e indivisível, a fé
da Igreja professa também a distinção das Pessoas. Quando o Pai envia seu Verbo, envia sempre seu Sopro:
missão conjunta em que o Filho e o Espírito Santo são distintos, mas inseparáveis. Sem dúvida, é Cristo que
aparece, ele, a Imagem visível do Deus invisível; mas é o Espírito Santo que o revela. (Parágrafos
Relacionados 24,254,485)
690 Jesus é Cristo, "ungido", porque o Espírito é a unção dele, e tudo o que advém a partir da
Encarnação decorre desta plenitude. Quando finalmente Cristo é glorificado, pode, por sua vez, de junto do
Pai, enviar o Espírito aos que crêem nele: comunica-lhes sua glória, isto é, o Espírito Santo que o glorifica. A
missão conjunta se desdobrar então nos filhos adotados pelo Pai no Corpo de seu Filho: a missão do Espírito
de adoção será uni-los a Cristo e fazê-los viver nele: (Parágrafos Relacionados 436,788)
A noção da unção sugere... que não existe nenhuma distância entre o Filho e o Espírito. Com efeito,
da mesma forma que entre a superfície do corpo e a unção do óleo nem a razão nem os sentidos conhecem
nenhum intermediário, assim é imediato o contato do Filho com o Espírito, tanto que, para aquele que vai
tomar contato com o Filho pela fé é necessário encontrar primeiro o óleo pelo contato. Com efeito não há
nenhuma parte que esteja privada do Espírito Santo Por isso a confissão do Senhorio do Filho se faz no
Espírito Santo para os que a recebem, vindo o Espírito de todas as partes precedendo os que se aproximam
pela fé. (Parágrafo Relacionado 448)
II. O NOME, AS DENOMINAÇÕES E OS SÍMBOLOS DO ESPÍRITO
O NOME PRÓPRIO DO ESPÍRITO SANTO
691 "Espírito Santo", este é o nome próprio daquele que adoramos e glorificamos com o Pai e o
Filho. A Igreja o recebeu do Senhor e o professa no Batismo de seus novos filhos O termo “Espírito” traduz o
termo hebraico "Ruah", o qual em seu sentido primeiro, significa sopro, ar, vento. Jesus utiliza justamente a
imagem sensível do vento para sugerir a Nicodemos a nossa novidade transcendente daquele que é
pessoalmente o Sopro de Deus, o Espírito divino. Por outro lado, Espírito e Santo são atributos divinos comuns
às três Pessoas Divinas. Mas ao juntar os dois termos, a Escritura, a Liturgia e a linguagem teológica
designam a Pessoa inefável do Espírito Santo, sem equívoco possível com os outros empregos dos termos
"espírito" e "santo". (Parágrafo Relacionado 1433)
AS DENOMINAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO
692 Ao anunciar e prometer a vinda do Espírito Santo, Jesus o denomina o "Paráclito", literalmente:
aquele que é chamado para perto de, "advocatus" (Jo 14,16.26; 15,26; 16,7). “Paráclito” é habitualmente
traduzido por "Consolador", sendo Jesus o primeiro consolador. O próprio Senhor chama o Espírito Santo".
Espírito de Verdade. ".
693 Além de seu nome próprio, que é o mais empregado nos Atos dos Apóstolos e nas Epístolas,
encontram-se em São Paulo as denominações: o Espírito da promessa (Gl 3,14; Ef 1,13), o Espírito de
adoção (Rm 8,15; Gl 4,6), o Espírito de Cristo (Rm 8,11), o Espírito do Senhor (2Cor 3,17), o Espírito de Deus
(Rm 8,9.14;15,19; 1Cor 6,11;7,40) e, em São Pedro, o Espírito de glória (1Pd 4,14).
OS SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO694 A água. O simbolismo da água é significativo da ação do Espírito Santo no Batismo, pois após a
invocação do Espírito Santo ela se torna a sinal sacramental eficaz do novo nascimento: assim como a
gestação de nosso primeiro nascimento se operou na água, da mesma forma também a água batismal
significa realmente que nosso nascimento para, a vida divina nos é dado no Espírito Santo Mas "batizados
em um só Espírito” também "bebemos de um só Espírito" (1Cor 12,13): o Espírito é, pois também
pessoalmente a água viva que jorra de Cristo crucificado como de sua fonte e que em nós jorra em Vida
Eterna. (Parágrafos Relacionados 1218,2652)
695 A unção. O simbolismo da unção com óleo também é significativo do Espírito Santo, a ponto de
tomar-se sinônimo dele. Na iniciação cristã, ela é o sinal sacramental da confirmação, chamada com acerto
nas Igrejas do Oriente de "crismação". Mas, para perceber toda a força deste simbolismo, há que retomar à
unção primeira realizada pelo Espírito Santo: a de Jesus. Cristo ("Messias" a partir do hebraico) significa
"Ungido" do Espírito de Deus. Houve "ungidos" do Senhor na Antiga Aliança de modo eminente o rei Davi.
Mas Jesus é o Ungido de Deus de uma forma única: a humanidade que o Filho assume é totalmente "ungida
do Espírito Santo". Jesus é constituído "Cristo" pelo Espírito Santo A Virgem Maria concebe Cristo do Espírito
Santo, que pelo anjo o anuncia como Cristo por ocasião do nascimento dele e leva Simeão a vir ao Templo
para ver o Cristo do Senhor; é Ele que plenifica o Cristo é o poder dele que sai de Cristo em seus atos de
cura e de salvação. É finalmente Ele que ressuscita Jesus dentre os mortos. Então, constituído plenamente
"Cristo" em sua Humanidade vitoriosa da morte, Jesus difunde em profusão o Espírito Santo até "os santos"
constituírem, em sua união com a Humanidade do Filho de Deus, "esse Homem perfeito... que realiza a
plenitude de Cristo" (Ef 4, 13): "o Cristo total", segundo a expressão de Santo Agostinho. (Parágrafos
Relacionados 1293,436,1504,794)
696 O fogo. Enquanto a água significa o nascimento e a fecundidade da Vida dada no Espírito
Santo o fogo simboliza a energia transformadora dos atos do Espírito Santo O profeta Elias, que "surgiu
como um fogo cuja palavra queimava como uma tocha" (Eclo 48,1), por sua oração atrai o fogo do céu
sobre o sacrifício do monte Carmelo, figura do fogo do Espírito Santo que transforma o que toca. João
Batista, que caminha diante do Senhor com o espírito e o poder de Elias” (Lc 1,17), anuncia o Cristo como
aquele que "batizará com o Espírito Santo e com o fogo" (Lc 3,16), esse Espírito do qual Jesus dirá "Vim
trazer fogo à terra, e quanto desejaria que já estivesse acesso (Lc 12,49). É sob a forma de línguas "que se
diriam de fogo" o Espírito Santo pousa sobre os discípulos na manhã de Pentecostes e os enche de Si[a31] .
A tradição espiritual manterá este simbolismo do fogo como um dos mais expressivos da ação do Espírito
Santo Não extingais o Espírito" (1Ts 5,19). (Parágrafos Relacionados 1127,2586,718)
697 A nuvem e a luz. Estes dois símbolos são inseparáveis nas manifestações do Espírito Santo Desde
as teofanias do Antigo Testamento, a Nuvem, ora escura, ora luminosa, revela o Deus vivo e salvador,
escondendo a transcendência de sua Glória: com Moisés sobre a montanha do Sinai, na Tenda de Reunião e
durante a caminhada no deserto; com Salomão por ocasião da dedicação do Templo[. Ora, estas figuras
são cumpridas por Cristo no Santo Espírito Santo. É este que paira sobre a Virgem Maria e a cobre "com sua
sombra", para que ela conceba e dê à luz Jesus. No monte da Transfiguração, é ele que "sobrevêm na
nuvem que toma" Jesus, Moisés e Elias, Pedro, Tiago e João "debaixo de sua sombra"; da Nuvem sai uma
voz que diz: "Este é meu Filho, o Eleito, ouvi-o sempre" (Lc 9,34-35). É finalmente essa Nuvem que "subtrai
Jesus aos olhos" dos discípulos no dia da Ascensão e que o revelará Filho do Homem em sua glória no Dia de
sua Vinda. (Parágrafos Relacionados 484,554,659)
698 O selo é um símbolo próximo ao da unção. Com efeito, é Cristo que "Deus marcou com seu selo"
(Jo 6,27) e é nele que também o Pai nos marca com seu selo. Por indicar o efeito indelével da unção do
Espírito Santo nos sacramentos do batismo, da confirmação e da ordem, a imagem do selo ("sphragis") tem
sido utilizada em certas tradições teológicas para exprimir o "caráter" indelével impresso por estes três
sacramentos que não podem ser reiterados. (Parágrafos Relacionados 1295,1296,1121)
699 A mão. E impondo as mãos que Jesus cura os doentes e abençoa as criancinhas. Em nome dele,
os apóstolos farão o mesmo. Melhor ainda: é pela imposição das mãos dos apóstolos que o Espírito Santo é
dado. A Epístola aos Hebreus inclui a imposição das mãos entre os "artigos fundamentais" de seu
ensinamento. A Igreja conservou este sinal da efusão onipotente do Espírito Santo em suas epicleses
sacramentais. (Parágrafos Relacionados 292,1288,1300,1573,1668)
700 O dedo. "E pelo dedo de Deus que (Jesus) expulsa os demônios." Se a Lei de Deus foi escrita
em tábuas de pedra "pelo dedo de Deus" (Ex 31,18), a "letra de Cristo", entregue aos cuidados dos
apóstolos" é escrita com o Espírito de Deus vivo não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações" (2Cor 3,3). O hino "Veni, Creator Spiritus" (Vem, Espírito criador) invoca o Espírito Santo como
"dedo da direita paterna" (digitus paternae dexterae). (Parágrafo Relacionado 2056)
701 A pomba. No fim do dilúvio (cujo simbolismo está ligado ao batismo), a pomba solta por Noé
volta com um ramo novo de oliveira no bico, sinal de que a terra é de novo habitável. Quando Cristo volta a
subir da água de seu batismo, o Espírito Santo, em forma de uma pomba, desce sobre Ele e sobre Ele
permanece. O Espírito desce e repousa no coração purificado dos batizados. Em certas igrejas, a santa
Reserva eucarística é conservada em um recipiente metálico em forma de pomba (o columbarium) suspenso
acima do altar. O símbolo da pomba para sugerir o Espírito Santo é tradicional na iconografia cristã.
(Parágrafos Relacionados 1219,535)
III. O ESPÍRITO E A PALAVRA DE DEUS NO TEMPO DAS PROMESSAS
702 Desde o começo até a "plenitude do tempo”, a missão conjunta do Verbo e do Espírito do Pai
permanece escondida, mas está em ação. O Espírito de Deus prepara aí o tempo do Messias, e os dois, sem
serem ainda plenamente revelados, já são prometidos, a fim de serem esperados e acolhidos quando se
manifestarem. E por isso que, quando a Igreja lê o Antigo Testamento, procura nele o que o Espírito, "que
falou pelos profetas (Simbolo de Niceno-Constantinopolitano:DS 150), quer falar-nos a respeito de Cristo.
(Parágrafos Relacionados 122,107)
Por "profetas", a fé da Igreja entende aqui todos aqueles que o Espírito Santo inspirou para o
anúncio de viva voz e na redação dos livros sagrados, tanto do Antigo como do Novo Testamento. A
tradição judaica distingue a Lei (os cinco primeiros livros ou Pentateuco), os Profetas (nossos livros
denominados históricos e proféticos) e os Escritos (sobretudo sapienciais, em particular os Salmos). (Parágrafo
Relacionado 243)
NA CRIAÇÃO
703 A Palavra de Deus e seu Sopro estão na origem do ser e da vida de toda criatura: (Parágrafo
Relacionado 292)
Ao Espírito Santo cabe reinar, santificar e animar a criação, pois é Deus consubstancial ao Pai e ao
Filho... A ele cabe o poder sobre a vida, pois, sendo Deus, ele conserva a criação no Pai pelo Filho.
(Parágrafo Relacionado 291)
704 "Quanto ao homem, Deus o modelou com as próprias mãos [isto é, o Filho e o Espírito Santo] (...)
e imprimiu na carne modelada sua própria forma, de modo que até o que fosse visível tivesse a forma
divina." (Parágrafo Relacionado 356)
O ESPÍRITO DA PROMESSA
705 Desfigurado pelo pecado e pela morte, o homem continua sendo "à imagem de Deus", à
imagem do Filho, mas é “privado da Glória de Deus", privado da "semelhança". A promessa feita a Abraão
o inaugura a Economia da salvação, no fim da qual o próprio Filho assumirá "a imagem" e a restaurará na
"semelhança" com o Pai, restituindo-lhe a Glória, o Espírito "que dá a vida". (Parágrafos Relacionados
410,2809)
706 Contra toda esperança humana, Deus promete a Abraão a uma descendência, como fruto da fé
e do poder do Espírito Santo Nela serão abençoadas todas as nações da terra. Esta descendência será
Cristo, no qual a efusão do Espírito Santo fará "a unidade dos filhos de Deus dispersos". Ao comprometer-se
por juramento, Deus já se compromete a dar seu Filho bem-amado e "o Espírito da promessa... que prepara
a redenção do Povo que Deus adquiriu para si". (Parágrafo Relacionado 60)
NAS TEOFANIAS E NA LEI
707 As Teofanias (manifestações de Deus) iluminam o caminho da promessa, desde os patriarcas até
Moisés e de Josué até as visões que inauguram a missão dos grandes profetas. A tradição cristã sempre reconheceu que, nessas Teofanias, o Verbo de Deus se fazia ver e ouvir, revelado e ao mesmo tempo
"oculto" na Nuvem do Espírito Santo.
708 Esta pedagogia de Deus aparece especialmente no dom da Lei, a qual foi dada como um
"pedagogo" para conduzir o Povo a Cristo. Mas sua impotência para salvar o homem privado da
"semelhança" divina e do conhecimento maior que ela dá do pecado suscitam o desejo do Espírito Santo Os
gemidos dos Salmos atestam isto. (Parágrafos Relacionados 1961-1964,122,2585)
NO REINO E NO EXÍLIO
709 A Lei, sinal da promessa e da aliança, deveria ter regido o coração e as instituições do povo
nascido da fé de Abraão. "Se ouvirdes minha voz e guardardes minha aliança... sereis para mim um reino de
sacerdotes e uma nação santa" (Ex 19,5-6). Mas, depois de Davi, Israel sucumbe à tentação de tornar-se um
reino como as demais nações. Ora, o Reino, objeto da promessa feita a Davi, ser obra do Espírito Santo; ele
pertencerá pobres segundo o Espírito. (Parágrafos Relacionados 2579,544)
710 O esquecimento da Lei e a infidelidade à Aliança desembocam na morte: é o Exílio,
aparentemente fracasso das Promessas, mas, na realidade, fidelidade misteriosa do Deus salvador e início
de uma restauração prometida, mas segundo o Espírito. Era preciso que o Povo de Deus sofresse essa
purificação; o Exílio já traz a sombra da Cruz no Projeto de Deus, e o Resto dos pobres que volta de lá é
uma das figuras mais transparentes da Igreja.
A EXPECTATIVA DO MESSIAS E DE SEU ESPÍRITO
711 "Eis que vou fazer uma coisa nova" (Is 43,19): duas linhas proféticas vão desenhar-se, uma
levando para a espera do Messias, a outra para o anúncio de um Espírito Novo, e ambas convergindo no
pequeno Resto, o povo dos Pobres, que aguarda na esperança a "consolação de Israel" e "a libertação de
Jerusalém" (Lc 2,25.38). (Parágrafos relacionados 64,522).Vimos anteriormente como Jesus realiza as
profecias que lhe dizem respeito. Limitamo-nos aqui àquelas em que aparece mais a relação entre o Messias
e seu Espírito.
712 Os traços do rosto do Messias esperado começam aparecer no Livro do Emanuel ("quando Isaias
teve a visão da Glória" de Cristo: Jo 12,41), em especial em Is 11,1-2: (Parágrafo relacionado 439)
Um ramo sairá do tronco de Jessé,
um rebento brotará de suas raízes:
sobre ele repousará o espírito do Senhor,
espírito de sabedoria e de inteligência,
espírito de conselho e de fortaleza,
espírito de conhecimento e de temor do Senhor.
713 Os traços do Messias são revelados sobretudo nos cantos do Servo. Esses cantos anunciam o
sentido da Paixão de Jesus e indicam, assim, a maneira como ele derramará o Espírito Santo para vivificar a
multidão: não partindo de fora, mas desposando nossa "condição de escravo" (Fl 2,7). Tomando sobre si
nossa morte, ele pode comunicar-nos seu próprio Espírito de vida. (Parágrafo relacionado 601)
714 É por isso que Cristo inaugura o anúncio da Boa Nova, fazendo sua esta passagem de Isaias (Lc
[a75] 4,18-19):
O Espírito do Senhor está sobre mim,
porque ele me ungiu
para evangelizar os pobres;
curar aos de coração ferido;
enviou-me para proclamar a remissão aos presos,e aos cegos a recuperação da vista,
para restituir a liberdade aos oprimidos
e para proclamar um ano de graça do Senhor.
715 Os textos proféticos diretamente referentes ao envio do Espírito Santo são oráculos em que Deus
fala ao coração de seu Povo na linguagem da promessa, com as tônicas do "amor e da fidelidade"', cujo
cumprimento São Pedro proclamará na manhã de Pentecostes. Segundo essas promessas, nos "últimos
tempos" o Espírito do Senhor renovará o coração dos homens, gravando neles uma Lei Nova; reunirá e
reconciliará os povos dispersos e divididos; transformará a criação primeira; e Deus habitará nela com os
homens na paz. (Parágrafos relacionados 214,1965)
716 O Povo dos "pobres" os humildes e os mansos, totalmente entregues aos desígnios misteriosos de
seu Deus, os que esperam a justiça não dos homens, mas do Messias - é finalmente a grande obra da missão
escondida do Espírito Santo durante o tempo das promessas para preparar a vinda de Cristo. É a sua
qualidade de coração, purificado e iluminado pelo Espírito, que se exprime nos Salmos. Nesses pobres, o
Espírito prepara para o Senhor "um povo bem-disposto”. (Parágrafo relacionado 368)
IV. O ESPÍRITO DE CRISTO NA PLENITUDE DO TEMPO
JOÃO, PRECURSOR, PROFETA E BATISTA
717 “Houve um homem enviado por Deus. Seu nome era João” (Jo 1,6). João é "repleto do Espírito
Santo, ainda no seio de sua mãe" (Lc 1,15.41) por obra do próprio Cristo que a Virgem Maria acabava de
conceber do Espírito Santo A "visitação" de Maria a Isabel tomou-se, assim, "visita de Deus ao seu povo.
(Parágrafo relacionado 523)
718 João é "Elias que deve vir ": o Fogo do Espírito habita nele e o faz "correr adiante" (na
qualidade de “precursor”) do Senhor que vem. Em João, o Precursor, o Espírito Santo concluía a obra de
"preparar para o Senhor um povo bem-disposto" (Lc 1, 17). (Parágrafo relacionado 696)
719 João é "mais do que um profeta". Nele, o Espírito Santo conclui a tarefa de "falar pelos
profetas". João encerra o ciclo dos profetas inaugurado por Elias. Anuncia a iminência da Consolação de
Israel, é a "voz" do Consolador que vem. Como fará o Espírito de Verdade, "ele vem como testemunha, para
dar testemunho da Luz" (Jo 1,7). Aos olhos de João o Espírito realiza, assim, as "pesquisas dos profetas" e o
“desejo" dos anjos:"Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer é o que batiza com o Espírito
Santo Eu vi e dou testemunho de que ele é o Filho de Deus... Eis o Cordeiro de Deus" (Jo 1,33-36).
(Parágrafos relacionados 2684,536)
720 Finalmente, com João Batista o Espírito Santo inaugura, prefigurando-o, o que realizará com e
em Cristo: restituirá ao homem "a semelhança" divina. O Batismo de João era para o arrependimento, o
Batismo da água e no Espírito será um novo nascimento. (Parágrafo relacionado 535)
"ALEGRA-TE, CHEIA DE GRAÇA
721 Maria, a Mãe de Deus toda santa, sempre Virgem, é a obra prima da missão do Filho e do
Espírito na plenitude do tempo pela primeira vez no plano da salvação e porque o seu Espírito a preparou,
o Pai encontra a Morada em, que seu Filho e seu Espírito podem habitar entre os homens. E neste sentido que
a Tradição da Igreja muitas vezes leu, com relação a Maria, os mais belos textos sobre a Sabedoria: Maria
é decantada e representada na Liturgia como o "trono da Sabedoria". Nela começam a manifestar-se as
"maravilhas de Deus" que o Espírito vai realizar em Cristo e na Igreja. (Parágrafo relacionado 484)
722 O Espírito Santo preparou Maria com sua graça. Convinha que fosse "cheia de graça" a mãe
daquele em quem "habita corporalmente a Plenitude da Divindade" (Cl 2,9). Por pura graça, ela foi
concebida sem pecado como a mais humilde das criaturas; a mais capaz de acolher o Dom inefável do
Todo-Poderoso. É com razão que o anjo Gabriel a saúda como a "filha de Sião": "Alegra-te". É a ação de
graças de todo o Povo de Deus, e portanto da Igreja, que ela faz subir ao Pai no Espírito Santo em seu
cântico, enquanto traz em si o Filho Eterno. (Parágrafos relacionados 489,2676)723 Em Maria, o Espírito Santo realiza o desígnio benevolente do Pai. É pelo Espírito Santo que a
Virgem concebe e dá à luz o Filho de Deus. Sua virgindade transforma-se em fecundidade única pelo poder
do Espírito e da fé. (Parágrafos relacionados 485,506)
724 Em Maria, o Espírito Santo manifesta o Filho do Pai tornado Filho da Virgem. Ela é a Sarça
ardente da Teofania definitiva: repleta do Espírito Santo, ela mostra o Verbo na humildade de sua carne, e
é aos Pobres e às primícias das nações que ela o dá a conhecer. (Parágrafos relacionados 208,2619)
725 Finalmente, por Maria o Espírito Santo começa a pôr em Comunhão com Cristo os homens,
"objetos do amor benevolente de Deus", e os humildes são sempre os primeiros a recebê-lo: os pastores, os
magos, Simeão e Ana, os esposos de Caná e os primeiros discípulos. (Parágrafo relacionado 963)
726 Ao final desta missão do Espírito, Maria torna-se a "Mulher", nova Eva, "mãe dos viventes", Mãe
do "Cristo total". É nesta qualidade que ela está presente com os Doze, “com um só coração, assíduos à
oração" (At 1,14), na aurora dos "últimos tempos" que o Espírito vai inaugurar na manhã de Pentecostes, com
a manifestação da Igreja. (Parágrafos relacionados 494,2618)
O CRISTO JESUS
727 Toda a missão do Filho e do Espírito Santo na plenitude do tempo está contida no fato de o
Filho ser o Ungido do Espírito do Pai desde a sua Encarnação: Jesus é o Cristo, o Messias. Todo o segundo
capitulo do Símbolo da fé deve ser lido sob esta luz. Toda a obra de Cristo é missão conjunta do Filho e do
Espírito Santo Aqui mencionaremos somente o que diz respeito à promessa do Espírito Santo feita por Jesus e
o dom do Espírito pelo Senhor glorificado. (Parágrafos relacionados 438,695,536)
728 Jesus não revela plenamente o Espírito Santo enquanto Ele mesmo não é glorificado por sua
Morte e Ressurreição. Contudo, sugere-o pouco a pouco, mesmo em seus ensinamentos às multidões, quando
revela que sua Carne será alimento para a vida do mundo [a97] sugere-o também a Nicodemos, à
Samaritana e aos que participam da festa dos Tabernáculos. A seus discípulos, fala dele abertamente a
propósito da oração [a101] do testemunho que deverão dar. (Parágrafo relacionado 2615)
729 É somente quando chega a Hora em que vai ser glorificado que Jesus promete a vinda do
Espírito Santo, pois sua Morte e Ressurreição serão o cumprimento da Promessa feita aos Apóstolos[a103] : o
Espírito de Verdade, o Paráclito, será dado pelo Pai a pedido de Jesus; Ele será enviado pelo Pai em nome
de Jesus; Jesus o enviará de junto do Pai, pois ele procede do Pai. O Espírito Santo virá, nós o conheceremos,
Ele estará conosco para sempre, Ele permanecerá conosco; Ele nos ensinará tudo e nos lembrará de tudo o
que Cristo nos disse, e dele dará testemunho; conduzir-nos-á à verdade inteira e glorificará a Cristo. Quanto
ao mundo, confundi-lo-á em matéria de pecado, de justiça e de julgamento. (Parágrafos relacionados
388,1433)
730 Finalmente chega a Hora de Jesus. Jesus entrega seu espírito nas mãos do Pai [a105] momento
em que, por sua Morte, e, vencedor da morte, de maneira que, "ressuscitado dos mortos pela Glória do Pai"
(Rm 6,4), dá imediatamente o Espírito Santo, "soprando" sobre seus discípulos. A partir dessa Hora, a missão
de Cristo e do Espírito passa a ser a missão da Igreja: "Como o Pai me enviou, também eu vos envio" (Jo
20,21). (Parágrafo relacionado 850)
V. O ESPÍRITO E A IGREJA NOS ÚLTIMOS TEMPOS
PENTECOSTES
731 No dia de Pentecostes (no fim das sete semanas pascais), a Páscoa de Cristo se realiza na
efusão do Espírito Santo, que é manifestado, dado e comunicado como Pessoa Divina: de sua plenitude,
Cristo, Senhor, derrama em profusão o Espírito. (Parágrafos relacionados 2623,767,1302)
732 Nesse dia é revelada plenamente a Santíssima Trindade. A partir desse dia, o Reino anunciado
por Cristo está aberto aos que crêem nele; na humildade da carne e na fé, eles participam já da comunhão
da Santíssima Trindade. Por sua vinda e ela não cessa, o Espírito Santo faz o mundo entrar nos "últimos tempos", o tempo da Igreja, o Reino já recebido em herança, mas ainda não consumado: (Parágrafos
relacionados 244,672). Vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito celeste, encontramos a verdadeira fé:
adoramos a Trindade indivisível, pois foi ela quem nos salvou.
O ESPÍRITO SANTO - O DOM DE DEUS
733 "Deus é Amor" (1Jo 4,8.16). e o Amor é o primeiro dom. Ele contém todos os demais. Este amor,
"Deus o derramou em nossos corações pelo Espírito que nos foi dado" (Rm 5,5). (Parágrafo relacionado 218)
734 Pelo fato de estarmos mortos, ou, pelo menos, feridos pelo pecado, o primeiro efeito do dom
do Amor é a remissão de nossos pecados. É a comunhão do Espírito Santo (2Cor 13,13) que, na Igreja,
restitui aos batizados a semelhança divina perdida pelo pecado. (Parágrafo relacionado 1987)
735 Ele dá, então, o "penhor" ou as "primícias" de nossa Herança: a própria vida da Santíssima
Trindade, que é amar "como Ele nos amou". Este amor (a caridade de 1Cor 13) é o princípio da vida nova
em Cristo, possibilitada pelo fato de termos "recebido uma força, a do Espírito Santo" (At 1,8). (Parágrafo
relacionado 1822)
736 É por este poder do Espírito que os filhos de Deus podem (dar fruto. Aquele que nos enxertou
na verdadeira vida nos fará produzir "o fruto do Espírito, que é amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio" (Gl 5,22-23). "Se vivemos pelo Espírito", quanto
mais renunciarmos a nós mesmos, tanto mais "pelo Espírito pautemos também a nossa conduta[a113]
(Parágrafo relacionado 1832). Por estarmos em comunhão com Ele, o Espírito Santo torna-nos espirituais,
recoloca-nos no Paraíso, reconduz-nos ao Reino dos Céus e à adoção filial, dá-nos a confiança de
chamarmos Deus de Pai e de participarmos na graça de Cristo, de sermos chamados filhos da luz e de
termos parte na vida eterna[a114] .
O ESPÍRITO SANTO E A IGREJA
737 A missão de Cristo e do Espírito Santo realiza-se na Igreja, Corpo de Cristo e Templo do Espírito
Santo. Esta missão conjunta associa a partir de agora os fiéis de Cristo à sua comunhão com o Pai no Espírito
Santo: o Espírito prepara os homens, antecipa-se a eles por sua graça, para atraí-los a Cristo. Manifestalhes o Senhor ressuscitado, lembra-lhes sua palavra, abrindo-lhes o espírito à compreensão de sua Morte e
Ressurreição. Torna-lhes presente o mistério de Cristo, eminentemente na Eucaristia, a fim de reconciliá-los, de
colocá-los em comunhão com Deus, a fim de fazê-los produzir "muito fruto". (Parágrafos relacionados 787-
798,1093-1109)
738 Assim, a missão da Igreja não é acrescentada à de Cristo e do Espírito Santo, senão que é o
Sacramento dela: por todo o seu ser e em todos os seus membros, a Igreja é enviada a anunciar e
testemunhar, atualizar e difundir o mistério da comunhão da Santíssima Trindade (a ser tratado no próximo
artigo): Nós todos, que recebemos o único e mesmo espírito, a saber, o Espírito Santo, unimo-nos
profundamente entre nós e com Deus. Pois embora sejamos numerosos separadamente e embora Cristo faça
com que o Espírito do Pai e o dele habite em cada um de nós, este Espírito único e indivisível reconduz por si
mesmo à unidade os que são distintos entre si... e faz com que todos apareçam como uma só coisa nele
mesmo. E, da mesma forma que o poder da santa humanidade de Cristo faz com que todos aqueles em
quem ela se encontra formem um só corpo, penso que da mesma maneira o Espírito de Deus que habita em
todos, único e indivisível, os reconduz todos à unidade espiritual. (Parágrafos relacionados 850,777)
739 Por ser o Espírito Santo a unção de Cristo, é Cristo, a Cabeça do Corpo, que o difunde em seus
membros, para alimentá-los, curá-los, organizá-los em suas funções mútuas, vivificá-los, enviá-los a
testemunhar, associá-los,à sua oferta ao Pai e à sua intercessão pelo mundo inteiro. É pelos sacramentos da
Igreja que Cristo comunica aos membros de seu Corpo o seu Espírito Santo e Santificador (a ser tratado na
segunda parte do Catecismo). (Parágrafo relacionado 1076)
740 Essas "maravilhas de Deus", oferecidas aos crentes nos sacramentos da Igreja, produzem seus
frutos na vida nova, em Cristo, segundo o Espírito (a ser tratado na terceira parte do Catecismo).
741 "O Espírito socorre a nossa fraqueza, pois não sabemos o que seja conveniente pedir; mas o
próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis" (Rm 8,26). O Espírito Santo, artífice das obras de
Deus, é o Mestre da oração (a ser tratado na quarta parte do Catecismo).RESUMINDO
742 "E, porque sois filhos, enviou Deus a nossos corações Espírito de seu Filho que clama: Abbá, Pai"
(Gl 4,6).
743 Desde o início até a consumação do tempo, quando Deus envia seu Filho, envia sempre seu
Espírito: a missão dos dois é conjunta e inseparável.
744 Na plenitude do tempo, o Espírito Santo realiza em Maria todas as preparações para a vinda
de Cristo no Povo de Deus. Pela ação do Espírito Santo nela, o Pai dá ao mundo o Emanuel, "Deus-conosco"
(Mt 1,23).
745 O Filho de Deus é consagrado Cristo (Messias) pela unção do Espírito Santo em sua Encarnação.
746 Por sua Morte e Ressurreição, Jesus é constituído Senhor e Cristo na glória[a118] . De sua
Plenitude, derrama o Espírito Santo sobre os apóstolos e a Igreja.
747 O Espírito Santo que Cristo, Cabeça, derrama em seus membros constrói, anima e santifica a
Igreja. Ela é o sacramento da Comunhão da Santíssima Trindade e dos homens.
ARTIGO 9
"CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA"
748 "Sendo Cristo a Luz dos Povos, este sacrossanto Sínodo, congregado no Espírito Santo, deseja
ardentemente anunciar o Evangelho a toda criatura e iluminar todos os homens com a claridade de Cristo
que resplandece na face da Igreja[a1] . " É com essas palavras que começa a “Constituição dogmática sobre
a Igreja" do Concílio Vaticano II. Com isso, o Concílio mostra que o artigo de fé sobre a Igreja depende
inteiramente dos artigos concernentes a Cristo Jesus. A Igreja não tem outra luz senão a de Cristo; segundo
uma imagem cara aos Padres da Igreja, ela é comparável à lua, cuja luz toda é reflexo do sol.
749 O artigo sobre a Igreja depende também inteiramente do artigo sobre o Espírito, que o
precede. "Com efeito, após termos mostrado que o Espírito Santo é a fonte e o doador de toda santidade,
confessamos agora que foi Ele quem dotou a Igreja de Santidade. "Segundo a expressão dos Padres, a
Igreja é o lugar "onde floresce o Espírito".
750 Crer que a Igreja é "santa" e "católica" e que ela é "una" e "apostólica" (como acrescenta o
Símbolo niceno-constantinopolitano) é inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo No Símbolo dos
Apóstolos, fazemos profissão de crer em uma Igreja Santa ("Credo... Ecclesiam"), e não na Igreja, para não
confundir Deus com suas obras e para atribuir claramente à bondade de Deus todos os dons que ele pôs em
sua Igreja. (Parágrafos relacionados 811,169)
PARÁGRAFO I
A IGREJA NO DESÍGNIO DE DEUS
I. AS DENOMINAÇÕES E AS IMAGENS DA IGREJA
751 A palavra "Igreja" ["ekklésia", do grego "ekkaléin" "chamar fora"] significa "convocação".
Designa assembléias do povo, geralmente de caráter religioso. É o termo freqüentemente usado no Antigo
Testamento grego para a assembléia do povo eleito diante de Deus, sobretudo para a assembléia do Sinai,
onde Israel recebeu a Lei e foi constituído por Deus como seu Povo santo. Ao denominar-se "Igreja", a
primeira comunidade dos que criam em Cristo se reconhece herdeira dessa assembléia. Nela, Deus "convoca"
seu Povo de todos os confins da terra. O termo "Kyriakà", do qual deriva "Church", "Kirche", significa "a que
pertence ao Senhor".
752 Na linguagem cristã, a palavra "Igreja" designa a assembléia litúrgica[a7] , mas também a
comunidade local [a8] ou toda a comunidade universal dos crentes[a9] . Esses três significados sãoinseparáveis. "A Igreja" é o Povo que Deus reúne no mundo inteiro. Existe nas comunidades locais e se realiza
como assembléia litúrgica, sobretudo eucarística. Ela vive da Palavra e do Corpo de Cristo e se torna, assim,
Corpo de Cristo. (Parágrafos relacionados 1140,832,830)
Os SÍMBOLOS DA IGREJA
753 Na Sagrada Escritura, encontramos uma multidão de imagens e figuras interligadas, pelas quais
a revelação fala do mistério inesgotável da Igreja. As imagens tiradas do Antigo Testamento constituem
variações de uma idéia de fundo, a do “Povo de Deus". No Novo Testamento, todas essas imagens entram
um novo centro pelo fato de Cristo tornar-se "a Cabeça” deste povo, que é, então, seu Corpo. Em torno
deste centro agruparam-se imagens "tiradas ou da vida pastoril ou da vida dos campos, ou do trabalho de
construção ou da família e do casamento". (Parágrafos relacionados 781,789)
754 "Com efeito, a Igreja é o redil, do qual Cristo é: a única e necessária porta. Ela é também a
grei, da qual o próprio Deus prenunciou que seria o pastor. Suas ovelhas, embora governadas por pastores
humanos, são, contudo, incessantemente conduzidas e alimentadas pelo próprio Cristo, Bom Pastor e Príncipe
dos pastores, que deu sua vida por suas ovelhas". (Parágrafo relacionado 857)
755 "A Igreja é a lavoura ou campo de Deus (1 Cor 3,9). Nesse campo cresce a oliveira antiga,
cuja raiz santa foram os Patriarcas e em que foi feita e se fará a reconciliação dos judeus e dos gentios. Ela
foi plantada pelo celeste Viticultor como vinha eleita. Cristo é a verdadeira Vide, que dá vida e
fecundidade aos ramos, que dizer, a nós, que pela Igreja permanecemos nele, sem o qual nada podermos
fazer. (Parágrafo relacionado 795)
756 "Com freqüência a Igreja é também chamada de construção de Deus. O próprio Senhor
comparou-se à pedra que os construtores rejeitaram e se tornou a pedra angular (Mt 21,42 par.; At 4,11; 1
Pd 2,7; Sl 118,22). Sobre este fundamento a Igreja é construída pelos apóstolos[a23] , e dele recebe
firmeza e coesão. Essa construção recebe vários nomes: casa de Deus (1 Tm 3,15) na qual habita sua
família, morada de Deus no Espírito[a24] , tenda de Deus entre os homens [a25] e principalmente templo
santo, que, representado pelos santuários de pedra, é louvado pelos santos Padres e, não sem razão,
comparado na Liturgia com a Cidade santa, a nova Jerusalém. Pois nela somos, nesta terra, como as pedras
vivas que entram na construção[a26] . E João contempla esta cidade santa que, na renovação do mundo,
desce do céu, de junto de Deus, adornada como uma esposa enfeitada para seu esposo (Ap [a27] 21,1-2).
(Parágrafos relacionados 857,797,1045)
757 "A Igreja é chamada também de 'Jerusalém celeste' e 'nossa Mãe' (Gl 4,26). É ainda descrita
como a esposa imaculada do Cordeiro imaculado. Cristo 'amou-a e por Ela se entregou, a fim de santificá-la'
(Ef 5,26); associou-a a si por uma aliança indissolúvel e incessantemente 'a nutre e dela cuida' (Ef [a30]
5,29)." (Parágrafos relacionados 507,796,1616)
II. ORIGEM, FUNDAÇÃO E MISSÃO DA IGREJA
758 Para perscrutar o mistério da Igreja, convém meditar primeiro sobre sua origem no desígnio da
Santíssima Trindade e sobre sua realização progressiva no curso da história. (Parágrafo relacionado 257)
UM PROJETO NASCIDO NO CORAÇÃO DO PAI
759 "O Pai eterno, por libérrimo e arcano desígnio de sua sabedoria e bondade, criou todo o
universo; decidiu elevar os homens à comunhão da vida divina", à qual chama todos os homens em seu Filho:
"Todos os que crêem em Cristo, o Pai quis chamá-los a formarem a santa Igreja". Esta "família de Deus" se
constitui e se realiza gradualmente ao longo das etapas da história humana, segundo as disposições do Pai.
Com efeito, "desde a origem do mundo a Igreja foi prefigurada. Foi admiravelmente preparada na história
do povo de Israel e na antiga aliança. Foi fundada nos últimos tempos. Foi manifestada pela efusão do
Espírito. E no fim dos tempos será gloriosamente consumada". (Parágrafo relacionado 293)
A IGREJA PREFIGURADA DESDE A ORIGEM DO MUNDO760 "O mundo foi criado em vista da Igreja", diziam os cristãos dos primeiros tempos. Deus criou o
mundo em vista da comunhão com sua vida divina, comunhão esta que se realiza pela “convocação” dos
homens em Cristo, e esta “convocação” é a Igreja. A Igreja é a finalidade de todas as coisas, e as próprias
vicissitudes dolorosas, como a queda dos anjos e o pecado do homem, só foram permitidas por Deus como
ocasião e meio para desdobrar toda a força de seu braço, toda a medida de amor que Ele queria dar ao
mundo: (Parágrafos relacionados 294,309)
Assim como a vontade de Deus é um ato e se chama mundo, assim também sua intenção é a salvação
dos homens e se chama Igreja.
A IGREJA PREPARADA NA ANTIGA ALIANÇA
761 O congraçamento do povo de Deus começa no instante em que o pecado destrói a comunhão
dos homens com Deus e a dos homens entre si. A convocação da Igreja é por assim dizer a reação de Deus
ao caos provocado pelo pecado. Esta reunificação realiza-se secretamente dentro de todos os povos: "Em
qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça lhe é agradável" (At 10,35). (Parágrafo relacionado 55)
762 A preparação longínqua da reunião do Povo de Deus começa com a vocação de Abraão, a
quem Deus promete que será o pai de um grande povo. A preparação imediata tem seus inícios com a
eleição de Israel como povo de Deus. Por sua eleição, Israel deve ser o sinal do congraçamento futuro de
todas as nações. Mas já os profetas acusam Israel de ter rompido a aliança e de ter-se comportado como
uma prostituta. Anunciam uma nova e eterna Aliança. "Esta Aliança Nova, Cristo a instituiu." (Parágrafos
relacionados 122,522,60,84)
A IGREJA - INSTITUÍDA POR CRISTO JESUS
763 Cabe ao Filho realizar, na plenitude dos tempos, o plano de salvação de seu Pai. Este é o
motivo de sua "missão". "O Senhor Jesus iniciou sua Igreja pregando a Boa Nova, isto é, o advento do Reino
de Deus prometido nas Escrituras havia séculos." Para cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou o Reino
dos Céus na terra. A Igreja "é o Reino de Cristo já misteriosamente presente"'. (Parágrafo relacionado 541)
764 "Este Reino manifesta-se lucidamente aos homens na palavra, nas obras e na presença de
Cristo." Acolher a palavra de Jesus é "acolher o próprio Reino". O germe e o começo do Reino são o
"pequeno rebanho" (Lc 12,32) dos que Jesus veio convocar em torno de si, dos quais ele mesmo é o pastor”.
Eles constituem a verdadeira família de Jesus. Aos que assim reuniu em torno dele, ensinou uma "maneira de
agir" nova e também uma oração própria. (Parágrafos relacionados 543,1691,2558)
765 O Senhor Jesus dotou sua comunidade de uma estrutura que permanecerá até a plena
consumação do Reino. Há antes de tudo a escolha dos Doze, com Pedro como seu chefe. Representando as
doze tribos de Israel, eles são as pedras de fundação da nova Jerusalém. Os Doze e os outros discípulos
participam da missão de Cristo, de seu poder, mas também de sua sorte (cf. Mt 10, 25 ; Jo 15, 20) . Por
meio de todos os esses atos, Cristo prepara e constrói sua Igreja. (Parágrafos relacionados 551,860)
766 Mas a Igreja nasceu primeiramente do dom total de Cristo para nossa salvação, antecipado na
instituição da Eucaristia e realizado na Cruz. "O começo e o crescimento da Igreja são significados pelo
sangue e pela água que saíram do lado aberto de Jesus crucificado." "Pois do lado de Cristo dormindo na
Cruz é que nasceu o admirável sacramento de toda a Igreja." Da mesma forma que Eva foi formada do
lado de Adão adormecido, assim a Igreja nasceu do coração traspassado de Cristo morto na Cruz.
(Parágrafos relacionados 813,610,1340,617,478)
A IGREJA MANIFESTADA PELO ESPÍRITO SANTO
767 "Terminada a obra que o Pai havia confiado ao Filho para realizará na terra, foi enviado o
Espírito Santo no dia de Pentecostes para santificar a Igreja permanentemente." Foi então que "a Igreja se
manifestou publicamente diante da multidão e começou a difusão do Evangelho com a pregação". Por ser
"convocação" de todos os homens para a salvação, a Igreja é, por sua própria natureza, missionária
enviada por Cristo a todos os povos para fazer deles discípulos. (Parágrafos relacionados 731,849)768 Para realizar sua missão, o Espírito Santo "dota e dirige a Igreja mediante os diversos dons
hierárquicos e carismáticos. "Por isso a Igreja, enriquecida com os dons de seu Fundador e empenhando-se
em observar fielmente seus preceitos de caridade, humildade e abnegação, recebeu a missão de anunciar o
Reino de Cristo e de Deus e de estabelecê-lo em todos os povos; deste Reino ela constitui na terra o germe e
o início." (Parágrafo relacionado 541)
A IGREJA - CONSUMADA NA GLÓRIA
769 "A Igreja... só terá sua consumação na glória celeste quando do retomo glorioso de Cristo. Até
aquele dia, "a Igreja avança em sua peregrinação por meio das perseguições do mundo e das consolações
de Deus". Aqui na terra, sabe que está em exílio, longe do Senhor e aspira ao advento pleno do Reino, "a
hora em que ela será, 'na glória, reunida a seu Rei". A consumação da Igreja e, por meio dela, a do mundo,
na glória, não acontecerá sem grandes provações. Só então "todos os justos, desde Adão, em seguida Abel,
o justo, até o último eleito, serão congregados junto do Pai na Igreja universal (Parágrafos relacionados
671,2818,675,1045)
III. O MISTÉRIO DA IGREJA
770 A Igreja está na história, mas ao mesmo tempo a transcende. É unicamente "com os olhos da fé"
que se pode enxergar em sua realidade visível, ao mesmo tempo, uma realidade espiritual, portadora de
vida divina. (Parágrafo relacionado 812)