A PESSOA DE JESUS

13/09/2012 13:10

 

 

INTRODUÇÃO:

A narração do pecado original se encerra em Gn 3, 15 com a promessa de restauração das amizades (ou da aliança) do homem com Deus: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar". O sujeito que esmagará, no caso, é o descendente da mulher, conforme o texto hebraico, aquele que os judeus chamariam "o messias" ou "o salvador". (Pe. Estevão Bittecourt).


TÍTULOS QUE CARACTERIZAVAM JESUS NOS ESCRITOS DO

NOVO TESTAMENTO:


JESUS

Jesus quer dizer em hebraico, Deus salva, exprime ao mesmo tempo a sua identidade e missão. Uma vez que "só Deus pode perdoar os pecados" (Mc 2, 7), é Ele que, em Jesus, seu Filho Eterno feito homem, "salvará o seu povo dos pecados (Mt 1, 21).

A missão de Jesus então, é servir de instrumento de Deus para a salvação tornando-se então a própria salvação, feito homem que ao mesmo tempo é Deus.

O nome de Jesus significa que o nome do próprio Deus está presente na pessoa do Seu Filho feito homem para a redenção universal e definitiva dos pecados. É o único nome divino que traz a salvação. E agora pode ser invocado por todos, pois se uniu a todos os homens pela Encarnação, de sorte que "não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos" (Atos 4, 12).

A ressurreição de Jesus glorifica o nome do Deus salvador, pois a partir de agora é o nome de Jesus que manifesta em plenitude o poder supremo do "nome acima de todo nome". Os espíritos maus temem Seu nome e é em seu nome que os discípulos operam milagres, pois tudo que pedem ao Pai em Seu nome, o Pai lhe concede. (Cat 430, 432, 434).


CRISTO

Cristo vem da tradução grega do termo hebraico "Mashiah" que quer dizer "ungido". Só se torna o nome próprio de Jesus, porque ele, leva a perfeição a missão divina que significa. Esse deveria se por excelência, o messias que Deus enviará para instaurar definitivamente seu reino, devia ser Ungido pelo Espírito do Senhor, ao mesmo tempo como Rei e Sacerdote, mas também como profeta. Como foi anunciado pelos anjos aos pastores: "Hoje, na cidade de Davi, nasceu-vos um Salvador que é Cristo Senhor (Lc 2, 11).

Jesus aceitou o título de Messias ( Cristo) ao qual tinha direito, mas com reserva, pois este era entendido por uma parte dos seus contemporâneos segundo uma concepção demasiadamente humana, essencialmente política, por isso pedia sempre silêncio. (MC 1, 25. 40-45; 5, 21-23; 43; 7, 31-37; 8, 22-26; 9, 9).

No seu processo de condenação, Jesus associou o título de Messias ao de Filho do Homem glorificado (Mc 14, 61), insinuando assim sentido transcendente de sua realeza: "Meu reino não é desse mundo", e Pedro proclama rindo isso ao povo de Israel na festa de Pentecostes "saiba portanto toda a casa de Israel: Deus constituiu Senhor e Cristo a esse Jesus que vós crucificastes" (At 2, 36). (Cat 436, 437, 439. 440).

FILHO DE DEUS

Significa a relação única e eterna de Jesus Cristo com Deus seu Pai. No Antigo Testamento era um título dado aos anjos, ao povo eleito e a seus reis, ou seja, uma filiação adotiva, isso não aconteceu a Pedro quando confessou "Tu és o Cristo Filho de Deus vivo" (Mt 16, 16), pois este lhe responde "não foi a carne e o sangue que te revelaram isso, e sim meu Pai que está no Céu (Mt 16, 17).

Este será desde o início o centro da fé apostólica professada primeiro por Pedro como fundamento da Igreja.

Os Evangelhos narram os dois momentos solenes (O Batismo e a Transfiguração) a voz do Pai que o designa como Seu "Filho bem Amado". Jesus designa-se a si mesmo como "Filho único de Deus" (Jo 3, 16) e afirma com este título a sua pré-existência eterna. E depois da sua ressurreição que a filiação divina de Jesus aparece no poder da sua Humanidade Glorificada: Estabelecido Filho de Deus com poder por Sua ressurreição dos mortos (Rm 1, 4). Os apóstolos poderão confessar: "Nós vimos a sua glória, glória que Ele tem junto ao Pai, como Filho único, cheio de graça e de verdade" (Jo1, 14) (Cat 441, 442, 444, 445).

A Igreja crê... Que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram no Seu Senhor e Mestre.


SENHOR

Na versão grega dos livros do Antigo Testamento, o nome inefável na versão grega dos livros do Antigo Testamento, o nome inefável com o qual Deus se revelou a Moisés, Iahweh, é traduzido por "Kyrios" que quer dizer "Senhor", torna-se desde então o nome mais habitual para designar a própria divindade do Deus de Israel, é neste sentido forte que o Novo Testamento utiliza o título "Senhor".

Jesus mesmo atribui-se de maneira velada este título quando debate com os fariseus sobre o sentido do Salmo 110, mas também de modo explícito dirigindo-se a seus apóstolos.

Ao longo de sua vida, Seus gestos de domínio sobre a natureza, sobre as doenças, sobre os demônios, sobre a morte e o pecado, demonstravam a Sua soberania divina.

Jesus é o Senhor de todos os homens (Rm 14, 9).

Jesus é o Senhor dos senhores da terra (Col 3, 22)

Jesus é o Senhor dos inimigos (I Cor 15, 24)

Jesus é o Senhor da morte (I Cor 1, 18).


O nome do Senhor designa a soberania divina. Confessar ou invocar Jesus como Senhor é crer na sua divindade. "Ninguém pode dizer Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo" (Ap 22, 20). (Cat 446, 447 e resumo).


O SERVO DE JAVÉ

Este é um personagem misterioso que aparece no "Livro da Consolação", escrito para Israel exilado (587-538 aC.); trata-se de quatro poemas: Is 42, 1-7; 49, 1-6; 50, 13-53, 2. A sua importância consiste em que apresentam uma vítima inocente que se oferece em sacrifício de intercessão e expiação pelos pecadores. Assim o sofrimento toma um sentido até então desconhecido; não é necessariamente conseqüência de pecados pessoais, mas é redenção ou resgate por muitos" (Mc 10, 45; alusão a Is 53, 10s) Ou: "Isto é o meu sangue da Aliança, que é derramado em favor de muitos" (Mc 14, 24). Ou ainda: É preciso que se cumpra em mim esta palavra da Escritura: Ele foi contado entre os malfeitores" (Lc 22, 37: alusão a Isaías 53, 12).

Assim falando, Jesus apresentou um novo aspecto da sua pessoa e da sua missão: Ele seria o messias padecente e triunfante, não apenas o Rei conquistador que o povo de Israel imaginava em suas fases mais recuadas. Sofreria, assumindo a dor e a morte devidas ao homem pecador para dar um sentido novo à realidade sofredora do homem. Essa identificação com o homem levou-o a um total despojamento de sua glória eterna a ponto de fazer as vezes do escravo condenado à cruz (Fl 2, 7). Eis uma nova maneira de exprimir a recriação do homem expressa pelo título Messias": esta recriação inclui o perdão de Deus mediante a uma imolação. Sacrificial: "Ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, esmagado em virtude das nossas iniquidades. Assim se vê a Paixão de Jesus não foi um martírio a mais na série dos profetas de Israel, mas foi uma oferta voluntariamente realizada a fim de cumprir uma missão ou de atingir a sua Hora: "Dou a minha vida para retomá-la ninguém me arrebata, mas eu a dou livremente. Tenho o poder de entregá-la e o poder de retomá-la" (Jo 10, 17s) (Pe. Estevão Bittencout).