A IGREJA - AO MESMO TEMPO VISÍVEL E ESPIRITUAL

04/09/2012 13:32

 

 

771  "O Mediador único, Cristo, constituiu e incessantemente sustenta aqui na terra sua santa Igreja,

comunidade de fé, esperança e caridade, como um 'todo' visível pelo qual difunde a verdade e a graça a

todos."  A Igreja é ao mesmo tempo: (Parágrafos relacionados 827,1880,954)

ü      "sociedade provida de órgãos hierárquicos e Corpo Místico de Cristo;

ü      assembléia visível e comunidade espiritual;

ü      Igreja terrestre e Igreja enriquecida de bens celestes".

Essas dimensões constituem "uma só realidade complexa em que se funde o elemento divino e

humano": Caracteriza-se a Igreja por ser humana e ao mesmo tempo divina, visível, mas ornada de dons

invisíveis, operosa na ação e devotada à contemplação presente no mundo e, no entanto, peregrina. E isso

de modo que nela o humano se ordene divino e a ele se subordine, o visível ao invisível, a ação à

contemplação e o presente à cidade futura, que buscamos.

Ó humildade! Ó sublimidade! Tabernáculo de Cedar e santuário de Deus; morada terrestre e palácio

celeste; casa de barro e sala régia; corpo de morte e templo de luz; finalmente, desprezo para os soberbos

e esposa de Cristo! És negra, mas formosa, ó filha de Jerusalém: ainda que desfigurada pelo labor e pelado

longo exílio, a beleza celeste te adorna.

A IGREJA - MISTÉRIO DA ÚNICO DOS HOMENS COM DEUS

772  É na Igreja que Cristo realiza e revela seu próprio mistério como a meta do desígnio de Deus:

"Recapitular tudo nele” (Ef 1,10). São Paulo denomina de "grande mistério" (Ef 5,32) a união esponsal entre

Cristo e a Igreja. Por estar ela unida a Cristo como a seu Esposo, a própria Igreja também se torna mistério.

Contemplando nela o mistério, São Paulo exclama "Cristo em vós, a esperança da glória" (Cl 1,27).

(Parágrafos relacionados 518,796)

773  Na Igreja, esta comunhão dos homens com Deus pela "caridade que nunca passará" (1 Cor

13,8) é a finalidade que comanda tudo o que nela é meio sacramental ligado ao mundo presente que

passa. Sua estrutura se ordena  integralmente à santidade dos membros do corpo místico de Cristo. E a

santidade é medida segundo o 'grande mistério', em que a  Esposa responde com o dom do amor ao dom

do Esposo. Maria nos precede a todos na santidade que é o mistério da Igreja como "a Esposa sem mancha nem ruga". Por isso, "a dimensão marial da Igreja antecede sua dimensão petrina". (Parágrafos relacionados

671,972)

A IGREJA - SACRAMENTO UNIVERSAL DA SALVAÇÃO

774   A palavra grega "mysterion" foi traduzida para o latim por dois termos: "mysterium" e

"sacramentum". Na interpretação ulterior, o termo "sacramentum" exprime mais o sinal visível da realidade

escondida da salvação, indicada pelo termo "mysterium". Neste sentido, Cristo mesmo é o mistério da

salvação: "Non est enim aliud Dei mysterium, Christus  - Pois não existe outro mistério de Deus a não ser

Cristo[a78] ”. A obra salvífica de sua humanidade santa e santificante é o sacramento da salvação que se

manifesta e age nos sacramentos da Igreja (que as Igrejas do Oriente denominam também "os santos

mistérios"). Os sete sacramentos são os sinais e os instrumentos pelos quais o Espírito Santo difunde a graça

de Cristo, que é a Cabeça, na Igreja, que é seu Corpo. A Igreja contém, portanto, e comunica a graça

invisível que ela significa. É  neste sentido analógico que ela é chamada de "sacramento". (Parágrafos

relacionados 1075,515,2014,1116)

775  "A Igreja é, em Cristo, como que o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união com Deus

e da unidade de todo o gênero humano[a79] ." Ser o sacramento da união íntima dos homens com Deus é o

primeiro objetivo da Igreja. Visto que a comunhão entre os homens está  enraizada na união com Deus,  a

Igreja é também o sacramento da unidade do gênero humano. Nela, esta unidade já  começou, pois ela

congrega homens  "de toda nação, raça, povo e língua" (Ap 7,9); ao mesmo tempo, a Igreja é "sinal e

instrumento" da plena realização desta unidade que ainda deve vir. (Parágrafo relacionado 360)

776 Como sacramento, a Igreja é instrumento de Cristo. "Nas mãos dele, ela é o instrumento da

Redenção de todos os homens " o sacramento universal da salvação" pelo qual Cristo "manifesta e atualiza o

amor de Deus pelos homens". Ela "é o projeto visível do amor de Deus pela humanidade" que quer que o

"gênero humano inteiro constitua o único povo de Deus, se congregue no único Corpo de Cristo, seja

construído no único templo do Espírito Santo". (Parágrafo relacionado 1088)

RESUMINDO

777  A palavra "Igreja" significa "convocação". Designa a assembléia daqueles que a Palavra de

Deus convoca para formarem o Povo de Deus e que, alimentados pelo Corpo de Cristo, se tornam Corpo de

Cristo.

778   A Igreja é ao mesmo tempo caminho e finalidade do desígnio de Deus: prefigurada na criação,

preparada na Antiga Aliança, fundada pelas palavras e atos de Jesus Cristo, realizada por sua Cruz

redentora e por sua Ressurreição, ela é manifestada como mistério de salvação pela efusão do Espírito

Santo Será  consuma na glória do céu como assembléia de todos os resgatados da terra.

779  A Igreja é ao mesmo tempo visível e espiritual, sociedade hierárquica e Corpo Místico de Cristo.

Ela é una, formada de elemento humano e um elemento divino. Somente a fé pode acolher este mistério. 

780 A Igreja é no mundo presente o sacramento da salvação, o sinal e o instrumento da comunhão de

Deus e dos homens.

PARÁGRAFO 2 - A IGREJA  -

POVO DE DEUS, CORPO DE CRISTO TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO

I. A IGREJA - POVO DE DEUS

781  "Em qualquer época e em qualquer povo é aceito por Deus todo aquele que o teme e pratica a

justiça. Aprouve, contudo, a Deus santificar e salvar os homens não singularmente, sem nenhuma conexão uns

com os outros, mas constituí-los num povo, que o conhecesse na verdade e santamente o servisse. Escolheu,

por isso Israel como seu povo. Estabeleceu com ele uma aliança e instruiu-o passo a passo... Tudo isso, porém,

aconteceu em preparação e figura para aquela nova e perfeita aliança que se estabeleceria em Cristo... Esta é a Nova Aliança, isto é o Novo Testamento em seu sangue, chamando de entre judeus e gentios um

povo que junto crescesse na unidade, não segundo a carne, mas no Espírito.

AS CARACTERÍSTICAS DO POVO DE DEUS

782 O Povo de Deus tem características que o distinguem nitidamente de todos os agrupamentos

religiosos, étnicos, políticos ou culturais da história: (Parágrafo relacionado 871)

ü  Ele é o Povo de Deus: Deus não pertence, como propriedade, a nenhum povo. Mas adquiriu para si um

povo dentre os que outrora não eram um povo: "Uma raça eleita, um sacerdócio régio, uma nação santa"

(1Pd 2,9). (Parágrafo relacionado 2787)

ü  A pessoa torna-se membro deste povo não pelo nascimento físico, mas pelo "nascimento do alto", "da 

água e do Espírito" (Jo 3,3-5), isto é, pela fé em Cristo e pelo Batismo. (Parágrafo relacionado 1267)

ü   Este povo tem por Chefe (Cabeça) Jesus Cristo (Ungido, Messias); pelo fato de a mesma Unção, o Espírito

Santo, fluir da Cabeça para o Corpo, ele é "o Povo messiânico”. (Parágrafo relacionado 695)

ü    A condição deste povo é a dignidade da liberdade dos filhos de Deus: nos corações deles, como em um

templo, reside o Espírito Santo (Parágrafo relacionado 1741)

ü      "Sua lei é o mandamento novo de amar como Cristo mesmo nos amou[a87] .". É a lei "nova" do Espírito

Santo. (Parágrafo relacionado 1972)

ü      Sua missão é ser o sal da terra e a luz do mundo[a89] . “Ele constitui para todo o gênero humano o

mais forte germe de unidade, esperança e salvação."  (Parágrafo relacionado 849)

ü      Finalmente, sua meta é "o Reino de Deus, iniciado na terra por Deus mesmo, Reino a ser estendido mais

e mais, até que, no fim dos tempos, seja consumado por Deus mesmo". (Parágrafo relacionado 769)

UM POVO SACERDOTAL, PROFÉTICO E RÉGIO

783  Jesus Cristo é aquele que o Pai ungiu com o Espírito Santo e que constituiu "Sacerdote, Profeta e

Rei". O Povo de Deus inteiro participa dessas três funções de Cristo e assume as responsabilidades de missão

e de serviço que daí decorrem. (Parágrafos relacionados 436,873)

784  Ao entrar no Povo de Deus pela fé e pelo Batismo, recebe-se participação na vocação única

deste povo, em sua vocação sacerdotal: "Cristo Senhor, Pontífice tomado dentre os homens, fez do novo povo

'um reino e sacerdotes para Deus Pai'. Pois os batizados, pela regeneração e unção do Espírito Santo, são

consagrados para ser uma morada espiritual e sacerdócio santo. (Parágrafos relacionados 1268,1546)

785  "O povo santo de Deus participa também da função profética de Cristo." Isso se verifica de

modo particular pelo sentido sobrenatural da fé, que é de todo o povo, leigos e hierarquia, apegando-se

"indefectivelmente à fé uma vez para sempre transmitida aos santos[a94] ", e aprofunda a compreensão da

mesma e torna-se testemunha de Cristo no meio deste mundo. (Parágrafo relacionado 92)

786  O Povo de Deus participa finalmente  da função régia de Cristo. Cristo exerce sua realeza

atraindo para si todos os homens por sua morte e Ressurreição. Cristo, Rei e Senhor do universo, se fez

servidor de todos, não veio "para ser servido, mas para servir e para dar sua vida em resgate por muitos”

(Mt 20,28). Para o cristão, "reinar é servir[a96] ", particularmente "nos pobres e nos sofredores, nos quais a

Igreja reconhece a imagem de seu Fundador pobre e sofredor". O povo de Deus realiza sua "dignidade

régia" vivendo em conformidade com esta vocação de servir com Cristo. (Parágrafos relacionados

2449,2443)

Todos os que renasceram em Cristo obtiveram, pelo sinal da cruz, a dignidade real e, pela unção do

Espírito Santo, receberam a consagração sacerdotal. Por isso, não obstante o serviço especial do nosso

ministério, todos os cristãos foram revestidos de um carisma espiritual que os torna membros desta família de

reis e deste povo de sacerdotes. Não será, na verdade, função régia o fato de uma alma, submetida a Deus,

governar seu corpo? E não será  função sacerdotal consagrar ao Senhor uma consciência pura e oferecer no

altar do coração a hóstia imaculada de nossa piedade?II. A IGREJA - CORPO DE CRISTO

A IGREJA É COMUNHÃO COM JESUS

787 Desde o início, Jesus associou seus discípulos à sua vida revelou-lhes o Mistério do Reino, deu-lhes

participar de sua missão, de sua alegria e de seus sofrimentos. Jesus fala de uma comunhão ainda mais

íntima entre Ele e os que o seguiriam: “Permanecei em mim, como eu em vós... Eu sou a videira, e vós os

ramos" (Jo 15,4-5). E anuncia uma comunhão misteriosa e real entre o seu próprio corpo e o nosso: "Quem

come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele" (Jo 6,56). (Parágrafo relacionado

755)

788 Quando sua presença visível lhes foi tirada, Jesus não deixou seus discípulos órfãos[a103] .

Prometeu ficar com eles até o fim dos tempos, enviou-lhes seu Espírito[a105] . A comunhão com Jesus tomouse, de certa maneira, mais intensa: "Ao comunicar seu Espírito, fez de seus irmãos, chamados de todos os

povos, misticamente os componentes de seu próprio Corpo". (Parágrafo relacionado 690)

789  A comparação da Igreja com o corpo projeta uma luz sobre os laços íntimos entre a Igreja e

Cristo. Ela não é  somente congregada em torno dele; é unificada nele, em seu Corpo. Cabe destacar mais

especificamente três aspectos da Igreja-Corpo de Cristo: a unidade de todos os membros entre si por sua

união com Cristo; Cristo Cabeça do Corpo; a Igreja, Esposa de Cristo. (Parágrafo relacionado 521)

"UM SÓ CORPO"

790  Os crentes que respondem à Palavra de Deus e se tornam membros do Corpo de Cristo ficam

estreitamente unidos a Cristo: "Neste corpo, a vida de Cristo se difunde por meio dos crentes que os

sacramentos, de forma misteriosa e real, unem a Cristo sofredor e glorificado" Isto é particularmente

verdade com relação ao Batismo, pelo qual somos unidos à morte e à Ressurreição de Cristo[a108] , e com

relação à Eucaristia, pela qual, "participando realmente do Corpo de Cristo", "somos elevados à comunhão

com ele e entre nós"' (Parágrafo relacionado 947,1227,1329)

791  A unidade do corpo não acaba com a diversidade dos membros: "Na edificação do corpo de

Cristo, há  diversidade de membros e de funções. Um só é o Espírito que distribui dons variados para o bem

da Igreja segundo suas riquezas e as necessidades dos ministérios". A unidade do Corpo  Místico produz e

estimula entre os fiéis a caridade: "Por isso), se um membro sofre, todos os membros padecem com ele; ou, se 

um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele". Finalmente, a unidade do Corpo Místico

vence todas as divisões humanas: "Todos vós, com efeito, que fostes batizados em Cristo, vos vestistes de

Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um

só em Cristo Jesus" (Gl 3,27-28). (Parágrafos relacionados 814,1937)

"DESTE CORPO, CRISTO É A CABEÇA"

792 Cristo "é a Cabeça do Corpo que é a Igreja" (Cl 1,18) Ele é o Princípio da criação e da

redenção. Elevado na glória do Pai "Ele tem em tudo a primazia" (Cl 1,18), principalmente sobre a Igreja,

por meio da qual estende seu reino sobre todas as coisas. (Parágrafos relacionados 669,1119)

793  Ele nos une a sua Páscoa. Todos os membros devem esforçar-se por se assemelhar a ele "até

Cristo ser formado neles" (Gl 4,19). "Por isso somos inseridos nos mistérios de sua vida associamo-nos a suas

dores como o corpo à Cabeça, para que padecendo com ele, sejamos com ele também glorificados.

(Parágrafos relacionados 661,519)

794 Ele provê o nosso crescimento[a113] . Para fazer-nos crescer em direção a ele, nossa

Cabeça[a114] , Cristo ordena em seu corpo, a Igreja, os dons e os serviços pelos quais nós nos a ajudamos

mutuamente no caminho da salvação. (Parágrafo relacionado 872)

795  Cristo e a Igreja, eis, portanto, o "Cristo total" ("Christus totus"). A Igreja é una com Cristo. Os

Santos têm uma consciência bem viva desta unidade: (Parágrafo relacionado 695)

Alegremo-nos, portanto, e demos graças por nos termos tornado não somente cristãos,  mas o próprio

Cristo. Compreendeis, irmãos, a graça que Deus nos concedeu ao dar-nos Cristo como Cabeça? Admirai e rejubilai, nós nos tornamos Cristo. Com efeito, uma vez que Ele é a Cabeça e nós somos os membros, o

homem inteiro é constituído por Ele e por nós. A plenitude de Cristo é, portanto, a Cabeça e os membros. O

que significa isto: a Cabeça e os membros? Cristo e a Igreja. Redemptor nos ter unam se personam cum

sancta Eccies ia, quam  assumpsit, exhibuit - Nosso Redentor mostrou-se como uma só pessoa com a santa

Igreja, que ele assumiu. Caput et inembra sunt quasi una persona mystica - Cabeça e membros são como uma

só pessoa mística. (Parágrafo relacionado 1474)

Uma palavra de Santa Joana d'Arc a seus juizes resume a fé dos santos Doutores e exprime o bom

senso do crente: "Quanto a Jesus Cristo e à Igreja, parece-me que são uma só coisa e que não se deve fazer

objeções a isso.

A IGREJA É A ESPOSA DE CRISTO

796  A unidade entre Cristo e a Igreja, Cabeça e membros do Corpo, implica também a distinção

dos dois em uma relação pessoal. Este aspecto é muitas vezes expresso pela imagem do Esposo e da Esposa.

O tema de Cristo Esposo da Igreja foi preparado pelos Profetas e anunciado por João Batista. O Senhor

mesmo designou-se como "o Esposo" (Mc 2,19). O apóstolo apresenta a Igreja e cada fiel, membro de seu

Corpo, como uma Esposa "desposada" com Cristo Senhor, para ser com Ele um só Espírito. Ela é a Esposa

imaculada do Cordeiro imaculado, a qual Cristo "amou, pela qual se entregou, a fim de santificá-la" (Ef

5,26), que associou a si por uma Aliança eterna e da qual não cessa de cuidar como de seu próprio Corpo.

(Parágrafos relacionados 757,219,772,1602,1616)

Eis o Cristo total, Cabeça e Corpo, um só formado por muitos... Seja a cabeça a falar, seja os

membros, é sempre Cristo quem fala. Fala desempenhando o papel da Cabeça ["ex persona capitis"], fala

desempenhando o papel do Corpo ["ex persona corporis"]. Conforme o que está  escrito: "Serão dois em

uma só carne. Eis um grande mistério: refiro-me a Cristo e à Igreja" (Ef 5,31-32). E o Senhor mesmo diz no

Evangelho: "Já não são dois, mas uma só carne" (Mt 19,6). Como vistes, há  de fato duas pessoas diferentes,

e todavia elas constituem uma só coisa no amplexo conjugal. Na qualidade de Cabeça ele se diz "Esposo",

na qualidade de Corpo se diz "Esposa".

III. A IGREJA - TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO

797 "Quod est spiritus noster, id est anima nostra, ad membra nostra, hoc est Spiritus Sanctus ad

membra Christi, ad corpus Christi, quod est Ecclesia  - O que é o nosso espírito, isto é, a nossa alma em

relação a nossos membros, assim é o Espírito Santo em relação aos membros de Cristo, ao corpo de Cristo

que é a Igreja." "A este Espírito de Cristo, em princípio invisível, deve-se atribuir também a união de todas as

partes do Corpo tanto entre si como com sua Cabeça, pois ele está todo na Cabeça, todo no Corpo e todo

em cada um de seus membros." O Espírito Santo faz da Igreja "o Templo do Deus Vivo" (2 Cor 6, 16):

(Parágrafos relacionados 813,586)

"Com efeito, é à própria Igreja que foi confiado  o Dom de Deus. É nela que foi depositada a

comunhão com Cristo, isto é, o Espírito Santo, penhor da incorruptibilidade, confirmação de  nossa fé e

escada de nossa ascensão para Deus. Pois lá onde está a Igreja, ali também está  o Espírito de Deus; e lá 

onde está o Espírito de Deus, ali está  a Igreja e toda graça".

798 O Espírito Santo é "o Princípio de toda ação vital e verdadeiramente salutar em cada uma das

diversas partes do Corpo". Ele opera de múltiplas maneiras a edificação do Corpo inteiro na caridade: pela

Palavra de Deus, "que tem o poder de edificar” (At 20,32); pelo Batismo, por meio do qual forma o Corpo

de Cristo; pelos sacramentos, que proporcionam crescimento e cura aos membros de Cristo; pela "graça

concedida aos apóstolos, que ocupa o primeiro lugar entre seus dons"; pelas virtudes, que fazem agir

segundo o bem; e, enfim, pelas múltiplas graças especiais (chamadas de "carismas"), por meio das quais

"torna os fiéis aptos e prontos a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios que contribuem para a

renovação e maior incremento da Igreja". (Parágrafos relacionados 737,1091-1109,791)

OS CARISMAS799  Quer extraordinários quer simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que,

direta ou indiretamente, têm urna utilidade eclesial, pois são ordenados à edificação da Igreja, ao bem dos

homens e às necessidades do mundo. (Parágrafos relacionados 951,2003)

800  Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também

por todos os membros da Igreja, pois são uma maravilhosa riqueza de graça para a vitalidade apostólica e

para a santidade de todo o Corpo de Cristo, contanto que se trate de dons que provenham

verdadeiramente do Espírito Santo e que sejam exercidos de maneira plenamente conforme aos impulsos

autênticos deste mesmo Espírito, isto é, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas.

801 É neste sentido que se faz sempre necessário o discernimento dos carismas. Nenhum carisma

dispensa da reverência e da submissão aos Pastores da Igreja. "A eles em especial cabe não extinguir o

Espírito, mas provar as coisas e ficar com o que é bom”, a fim de que todos os carismas cooperem, em sua

diversidade e complementaridade, para o "bem comum" (1Cor 12,7). (Parágrafos relacionados 894,1905)

RESUMINDO

802  "Cristo Jesus entregou-se a si mesmo por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e para

purificar um povo que lhe pertence" (Tt 2,14)

803  "Vós sois uma raça eleita, um sacerdócio régio, uma nação santa, o Povo de sua particular

propriedade" (1 Pd 2,9).

804  Ingressa-se no Povo de Deus pela fé e pelo Batismo. "Todos os homens são chamados a fazer

parte do Povo de Deus", a fim de que, em Cristo, "os homens constituam uma só família e um só Povo de Deus

".

805 A Igreja é o Corpo de Cristo. Pelo Espírito  e pela ação deste nos sacramentos, sobretudo a

Eucaristia, Cristo morto e ressuscitado constitui a comunidade dos crentes como seu Corpo.

806 Na unidade deste Corpo existe diversidade de membros e de junções. Todos os membros estão

ligados uns aos outros, particularmente aos que sofrem, são pobres e perseguidos.

807  A Igreja é este Corpo do qual Cristo é a Cabeça: ela vive dele nele e por ele; ele vive com ela

e nela.

808  A Igreja é a Esposa de Cristo: ele a amou e entregou-se por ela. Purificou-a com seu sangue.

Fez dela a Mãe fecunda de todos os filhos de Deus.

809 A Igreja é o Templo do Espírito Santo O Espírito é como a alma do Corpo Místico, princípio de

sua vida, da unidade na diversidade e da riqueza de seus dons e carismas.

810 Desta maneira a Igreja universal aparece como `um povo que traz sua unidade' da unidade do

Pai."

A IGREJA É UNA, SANTA, CATÓLICA  E APOSTÓLICA

811 Esta é a única Igreja de Cristo que, no Símbolo, confessamos una, santa, católica e apostólica."

Esses quatro atributos, inseparavelmente ligados entre [a2] si, indicam traços essenciais da Igreja e de sua

missão. A Igreja não os tem de si mesma; é Cristo que, pelo Espírito Santo, dá  a sua Igreja o ser una, santa,

católica e apostólica, e é também ele que a convida a realizar cada uma dessas qualidades. (Parágrafos

relacionados 750,832,865)

812 Só a fé pode reconhecer que a Igreja recebe estas propriedades de sua fonte divina. Mas as

manifestações históricas delas constituem sinais que falam também com clareza à razão humana. "A Igreja -

lembra o Concílio Vaticano I  -, em razão de sua santidade, de sua unidade católica, de sua constância

invicta, é ela mesma um grande e perpétuo motivo de credibilidade e uma prova irrefutável de sua missão

divina." (Parágrafos relacionados 156,770)I- A IGREJA É UNA

"O MISTÉRIO SAGRADO DA UNIDADE DA IGREJA"

813 A Igreja é una por sua fonte: "Deste mistério, o modelo supremo e o princípio é a unidade de um

só Deus na Trindade de Pessoas, Pai e Filho no Espírito Santo". A Igreja é una por seu Fundador: "Pois o

próprio Filho encarnado, príncipe da paz, por sua cruz reconciliou todos os homens com Deus, restabelecendo

a união de todos em um só Povo, em um só Corpo". A Igreja é una por sua "alma": "O Espírito Santo que

habita nos crentes, que plenifica e  rege toda a Igreja, realiza esta admirável comunhão dos fiéis e os une

tão intimamente em Cristo, que ele é o princípio de Unidade da Igreja". Portanto, é da própria essência da

Igreja ser una: (Parágrafos relacionados 172,766,797)

Que estupendo mistério! Há  um único Pai do universo, um único Logos do universo e também um único

Espírito Santo, idêntico em todo lugar; há  também uma única virgem que se tornou mãe, e me agrada

chamá-la Igreja.

814 Contudo, desde a origem, esta Igreja una se apresenta com uma grande diversidade, que

provém ao mesmo tempo da variedade dos dons de Deus e da multiplicidade das pessoas que os recebem.

Na unidade do Povo de Deus se congregam as diversidades dos povos e das culturas. Entre os membros da

Igreja existe uma diversidade de dons, de encargos, de condições e de modos de vida; "na comunhão

eclesiástica há, legitimamente, Igrejas particulares gozando de tradições próprias[a9] ". A grande riqueza

desta diversidade não se opõe à unidade da Igreja. Todavia, o pecado e o peso de suas conseqüências

ameaçam sem  cessar o dom da unidade. Assim, o apóstolo tem de exortar a "conservar a unidade do

Espírito pelo vínculo da paz" (Ef 4,3). (Parágrafos relacionados 791,873,1202,832)

815  Quais são estes vínculos da unidade? "Sobre tudo isso [está] a caridade, que é o vínculo da

perfeição" (Cl 3,14). Mas a unidade da Igreja peregrinante é também assegurada por vínculos visíveis de

comunhão: (Parágrafos relacionados 1827,830,837)

ü   profissão de uma única fé recebida dos Apóstolos (Parágrafo relacionado 173)

ü      a celebração comum do culto divino, sobretudo dos sacramentos;

ü  a sucessão apostólica, por meio do Sacramento da Ordem, que mantém a concórdia fraterna da

família de Deus.

816 "A única Igreja de Cristo (...) é aquela que nosso Salvador depois de sua Ressurreição, entregou

a Pedro para que fosse seu pastor e confiou a ele e aos demais Apóstolos para propagá-la e regê-la... Esta

Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste na ( "subsistit in") Igreja Católica

governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele[a11] ":

O Decreto sobre o Ecumenismo, do Concílio Vaticano II, explicita: "Pois somente por meio da Igreja

católica de Cristo, 'a qual é meio geral de salvação', pode ser atingida toda a plenitude dos meios de

salvação. Cremos que o Senhor confiou todos os bens da Nova Aliança somente ao Colégio Apostólico, do

qual Pedro é o chefe, a fim de constituir na terra um só Corpo de Cristo, ao qual é necessário que se

incorporem plenamente todos os que, de que alguma forma, já  pertencem ao Povo de Deus". (Parágrafo

relacionado 830)

AS FERIDAS DA UNIDADE

817 Na realidade, "nesta una e única Igreja de Deus, já  desde os primórdios, surgiram algumas

cisões, que o Apóstolo censura com vigor como condenáveis. Dissensões mais amplas nasceram nos séculos

posteriores. Comunidades não pequenas separaram-se da plena comunhão com a Igreja católica, por vezes

não sem culpa de homens de ambas as partes". As rupturas que ferem a unidade do Corpo de Cristo

(distinguem-se a heresia, a apostasia e o cisma) não acontecem sem os pecados dos homens: (Parágrafo

relacionado 2089)

"Ubi peccata sunt, ibi multitudo, ibi schismata, ibi haereses, ibi discussiones. Ubi autem virtus, ibi

singularitas, ibi unio, ex quo omnium credentium erat cor unum et anima una. - Onde estão os pecados, aí

está  a multiplicidade (das crenças), aí o cisma, aí as heresias, aí as controvérsias. Onde, porém, está a

virtude, aí está  a unidade, aí a comunhão, em força disso, os crentes eram um só coração e uma só alma."818 Os que hoje em dia nascem em comunidades que surgiram de tais rupturas "e estão imbuídos da

fé em Cristo não podem ser argüidos de pecado de separação, e a Igreja católica os abraça  com fraterna

reverência e amor... Justificados pela fé recebida no Batismo; estão incorporados em Cristo, e por isso com

razão são honrados com o nome de cristãos e merecidamente reconhecidos pelos filhos da Igreja católica

como irmãos no Senhor". (Parágrafo relacionado 1271)

819 Além disso, "muitos elementos de santificação e de verdade [a17] existem fora dos limites

visíveis da Igreja católica": "A palavra escrita de Deus, a vida da graça, a fé, a esperança, a caridade,

outros dons interiores do Espírito Santo e outros elementos visíveis[a18] " O espírito de Cristo serve-se dessas

igrejas e comunidades eclesiais como meios de salvação cuja força vem da plenitude de graça e de verdade

que Cristo confiou à Igreja católica. Todos esses bens provêm de Cristo e levam a Ele e chamam, por eles

mesmos, para a "unidade católica".

RUMO À UNIDADE

820  A unidade, "Cristo a concedeu, desde o início, à sua Igreja, e nós cremos que ela subsiste sem

possibilidade de ser perdida na Igreja católica e esperamos que cresça, dia após dia, até a consumação dos

séculos". Cristo dá  sempre à sua Igreja o dom da unidade, mas a Igreja deve sempre orar e trabalhar para

manter, reforçar e aperfeiçoar a unidade que Cristo quer para ela. Por isso Jesus mesmo orou na hora de

sua Paixão, e não cessa de orar ao Pai pela unidade de seus discípulos: "... Que todos sejam um. Como tu,

Pai, estás em mim e eu em ti, que eles esteja me nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste" (Jo

17,21).  O desejo de reencontrar a unidade de todos os cristãos é um dom de Cristo e convite do Espírito

Santo. (Parágrafo relacionado 2748)

821  Para responder adequadamente a este apelo, exigem-se:

ü   uma renovação permanente da Igreja em uma fidelidade maior à sua vocação. Esta renovação é

a mola do movimento rumo à unidade[a23] .

ü  a conversão do coração, "com vistas a viver mais puramente segundo o Evangelho[a24] ", pois e a

infidelidade dos membros ao dom de Cristo que causa as divisões; (Parágrafo relacionado 827)

ü  a oração em comum, pois "a conversão do coração e a santidade de vida, juntamente com as

preces particulares e públicas pela unidade dos cristãos, devem ser consideradas a alma de todo o

movimento ecumênico e, com razão, podem ser chamadas de ecumenismo espiritual"; (Parágrafo relacionado

2791)

ü   conhecimento fraterno recíproco[a26] ,

ü   a formação ecumênica dos fiéis e especialmente dos presbíteros[a27] ; 

ü  diálogo entre os teólogos e os encontros entre os cristãos diferentes Igrejas e comunidades;

ü  a colaboração entre cristãos nos diversos campos do serviço aos homens[a29] .

822   A preocupação de realizar a união "diz respeito à Igreja inteira, fiéis e pastores[a30] ". Mas é

preciso também "ter consciência de que este projeto sagrado, a reconciliação de todos os cristãos na

unidade de uma só e única Igreja de Cristo, ultrapassa as forças e as capacidades humanas". Por isso

depositamos toda a nossa esperança "na oração de Cristo pela Igreja, no amor do Pai por nós e no poder

do Espírito [a31] Santo".

II. A IGREJA É SANTA

823  "A Igreja... é, aos olhos da fé, indefectivelmente santa. pois Cristo, Filho de Deus, que com o Pai

e o Espírito Santo é proclamado o 'único Santo', amou a Igreja como sua Esposa. Por ela se entregou com o

fim de santificá-la. Uniu-a a si como seu corpo e cumulou-a com o dom do Espírito Santo, para a glória de

Deus." A Igreja é, portanto, "o Povo santo de Deus", e seus membros são chamados "santos. (Parágrafos

relacionados 459,796,946)

824  A Igreja, unida a Cristo, é santificada por Ele; por Ele e nele torna-se também santificante.

Todas as obras da Igreja tendem, como seu fim, "à santificação dos homens em Cristo e à glorificação de Deus". É na Igreja que está depositada "a plenitude dos meios de salvação". É nela que "adquirimos a

santidade pela graça de Deus". (Parágrafo relacionado 816)

825 "Já  na terra a Igreja está  ornada de verdadeira santidade, embora imperfeita[a38] ." Em seus

membros, a santidade perfeita ainda é coisa a adquirir: "Munidos de tantos e tão salutares meios, todos os

cristãos, de qualquer condição ou estado, são chamados pelo Senhor, cada um por seu caminho, à perfeição

da santidade pela qual é perfeito o próprio Pai ". (Parágrafos relacionados 670,2013)

826 A caridade é a alma da santidade à qual todos são chamados. Ela "dirige todos os meios de

santificação, dá-lhes forma e os conduz ao fim[a40] ". (Parágrafos relacionados 1827,2658)

"Compreendi que a Igreja tinha um corpo, composto de diferentes membros, não lhe faltava o

membro mais nobre e mais necessário (o coração). Compreendi que a Igreja tinha um Coração, e que este

Coração ARDIA de AMOR. Compreendi que só o amor fazia os membros da Igreja agirem, que, se o Amor

viesse a se apagar, os Apóstolos não anunciariam mais o Evangelho, os Mártires se recusariam a derramar

seu sangue... Compreendi que O AMOR ENCERRAVA TODAS AS VOCAÇÕES, QUE O AMOR ERA TUDO

QUE ELE ABRAÇAVA TODOS OS TEMPOS E TODOS LUGARES... EM UMA PALAVRA, QUE ELE É

ETERNO[a41] !” (Parágrafo relacionado 864)

827 "Mas enquanto Cristo, 'santo, inocente, imaculado', não conheceu o pecado, mas veio apenas

para expiar os  pecados do povo, a Igreja, reunindo em seu próprio seio os pecadores  ao mesmo tempo

santa e sempre necessitada de purificar-se, busca sem cessar a penitência e a renovação." Todos os

membros da Igreja, inclusive seus ministros, devem reconhecer-se pecadores. Em todos eles o joio do pecado

continua ainda mesclado ao trigo do Evangelho até o fim dos tempos[a44] . A Igreja reúne, por-tanto,

pecadores alcançados pela salvação de Cristo, mas ainda em via de santificação. (Parágrafos relacionados

1425-1429,821)

A Igreja é santa, mesmo tendo pecadores em seu seio, pois não possui outra vida senão a da graça:

é vivendo de sua vida que seus membros se santificam; é subtraindo-se à vida dela que caem pecados e nas

desordens que impedem a irradiação da santidade dela. É por isso que ela sofre e faz penitência por essas

faltas das quais tem o poder de curar seus filhos, pelo sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo  [a45]

828 Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar solene que esses fiéis praticaram heroicamente as

virtudes e viveram na fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do Espírito de santidade que

está  em si e sustenta a esperança dos fiéis, propondo-os como modelos e intercessores[a46] . "Os santos e

as santas sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis da história da Igreja."

Com efeito, "a santidade é a fonte secreta e a medida infalível de sua atividade apostólica e de seu elã 

missionário". (Parágrafos relacionados 1173,2045)

829  "Enquanto na beatíssima Virgem a Igreja já  atingiu a perfeição, pela qual existe sem mácula e

sem ruga, os cristãos ainda se esforçam por crescer em santidade, vencendo o pecado. Por isso elevam seus

olhos a Maria" ela, a Igreja é já  a toda santa. (Parágrafos relacionados 1172,972)

A IGREJA É CATÓLICA

QUE QUER DIZER "CATÓLICO"?

830 A palavra "católico" significa "universal" no sentido de segundo a totalidade" ou "segundo a

integralidade". A Igreja é católica em duplo sentido. Ela é católica porque nela Cristo está  presente. "Onde

está Cristo Jesus, está a Igreja católica." Nela subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua Cabeça o

que implica que ela recebe dele "a plenitude dos meios de salvação" que ele quis: confissão de fé correta e

completa, vida sacramental integral e ministério ordenado na sucessão apostólica. Neste sentido

fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes e o será  sempre, até o dia da Parusia. (Parágrafos

relacionados 795,815-816)

831  Ela é católica porque é enviada em missão por Cristo à universalidade do gênero humano.

(Parágrafo relacionado 849)

Todos os homens são chamados a pertencer ao novo Povo de Deus. Por isso este Povo, permanecendo

uno e único, deve estender-se a todo o mundo e por todos os tempos, para que se cumpra, o desígnio da

vontade de Deus, que no início formou uma natureza humana e finalmente decretou congregar seus filhos que

estavam dispersos... Este caráter de universalidade que marca o Povo de Deus é um dom do próprio Senhor, pelo qual a Igreja Católica, de maneira eficaz e perpétua, tende a recapitular toda a humanidade com

todos os seus bens sob Cristo Cabeça, na unidade do seu Espírito. (Parágrafos relacionados 360,518)

CADA IGREJA PARTICULAR É "CATÓLICA”

832  "Esta Igreja de Cristo está  verdadeiramente presente em todas as legitimas comunidades locais

de fiéis que, unidas a seus pastores, são também elas, no Novo Testamento, chamadas “Igrejas”... Nelas os

fiéis são reunidos pela pregação do Evangelho de Cristo, nelas se celebra o mistério da Ceia do Senhor...

Nessas comunidades, embora muitas vezes pequenas e pobres, ou vivendo na dispersão, está  presente

Cristo, por cuja virtude se constitui a Igreja una, santa, católica e apostólica." (Parágrafos relacionados

814,811)

833 Entende-se por Igreja particular, o  que é, em primeiro lugar, a diocese (ou a eparquia), uma

comunidade de  fiéis cristãos em comunhão na fé e nos sacramentos com seu Bispo  ordenado na sucessão

apostólica. Essas Igrejas particulares "são formadas à imagem da Igreja universal; é nelas e a partir delas

que existe a Igreja católica una e única" (Parágrafo relacionado 886)

834 As Igrejas particulares são plenamente católicas pela comunhão com uma delas: a Igreja de

Roma, "que preside à caridade". "Pois com esta Igreja, em razão de sua origem mais excelente, deve

necessariamente concordar cada Igreja, isto é, os fiéis de toda parte[a60] ." "Com efeito, desde a descida a

nós do Verbo Encarnado, todas as Igrejas cristãs de toda parte consideraram e continuam considerando a

grande Igreja que está  aqui [em Roma] como única base e fundamento, visto que, segundo as próprias

promessas do Salvador, as portas do inferno nunca prevaleceram sobre ela." (Parágrafos relacionados

882,1369)

835 "Guardemo-nos bem, no entanto, de conceber a Igreja universal como sendo a somatória, ou, se

preferir dizê-lo, a federação mais ou menos anômala de Igrejas particulares essencialmente diversas. No

pensamento do Senhor, é a Igreja, universal por vocação e por missão, que, ao lançar suas raízes na

variedade dos terrenos culturais, sociais e humanos, se reveste em cada parte do mundo de aspectos e de

expressões exteriores diversas. A rica variedade de disciplinas eclesiásticas, de ritos litúrgicos, de

patrimônios teológicos espirituais próprios das Igrejas locais "mostra mais luminosamente a  catolicidade da

Igreja indivisa, por sua convergência na unidade. (Parágrafo relacionado 1202)

QUEM PERTENCE · IGREJA CATÓLICA?

836  "Todos os homens, pois, são chamados a esta católica unidade do Povo de Deus, que prefigura

e promove a paz universal. A ela pertencem ou são ordenados de modos diversos quer os fiéis católicos,

quer os outros crentes em Cristo, quer, enfim, os homens em geral, chamados à salvação pela graça de Deus

(Parágrafo relacionado 831)

837 "São incorporados plenamente à sociedade, que é a Igreja, os que, tendo o Espírito de Cristo,

aceitam a totalidade de  sua organização e todos os meios de salvação nela instituídos e em sua estrutura

visível - regida por Cristo por meio do Sumo Pontífice e dos Bispos  se unem com Ele pelos vínculos da

profissão de fé, dos sacramentos, do regime eclesiástico e da comunhão. Contudo não se salva, embora

esteja incorporado à Igreja, aquele que, não perseverando na caridade, permanece dentro da Igreja 'com o

corpo', mas não 'com o coração.” (Parágrafos relacionados 771,882,815)

838  Por muitos títulos a Igreja sabe-se ligada aos batizados que são ornados com o nome cristão,

mas não professam na íntegra a fé ou não guardam a unidade da comunhão sob o Sucessor de Pedro."

“Aqueles que crêem em Cristo e foram devidamente batizados estão constituídos em certa comunhão,

embora não perfeita, com a Igreja católica." Com as Igrejas ortodoxas, esta comunhão é tão profunda "que

falta bem pouco para que ela atinja a plenitude que autoriza uma celebração comum da Eucaristia do

Senhor". (Parágrafos relacionados 818,1271,1399)

A IGREJA E OS NÃO-CRISTÃOS

839  "Os que ainda não receberam o Evangelho também se ordenam por diversos modos ao Povo

de Deus."  (Parágrafo relacionado 856)A relação da Igreja com o  Povo Hebreu. A Igreja, Povo de Deus na Nova Aliança, descobre, ao

perscrutar seu próprio ministério, seus vínculos com o Povo Hebreu" a quem Deus falou em primeiro lugar". Ao

contrário das outras religiões não-cristãs, a fé hebraica já é resposta à revelação de Deus na Antiga

Aliança. É ao Povo Hebreu que "pertencem a adoção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as

promessas e os patriarcas, dos quais descende Cristo, segundo a carne” (Rm 9,4-5), pois "os dons e o

chamado de Deus são sem  arrependimento" (Rm 11, 29). (Parágrafos relacionados 63,147)

840  De resto, quando se considera o futuro, o povo de Deus da Antiga Aliança e o novo Povo de

Deus tendem para fins análogos: a espera da vinda (ou da volta) do Messias. Mas o que se espera é do

lado dos cristãos, a volta do Messias, morto e ressuscitado, reconhecido como Senhor e Filho de Deus, e do

lado dos hebreus, a vinda do Messias  - cujos traços permanecem encobertos  -, no fim dos tempos, espera

esta acompanhada do drama da ignorância ou do desconhecimento de Cristo Jesus. (Parágrafos

relacionados 674,597)

841 As relações da Igreja com os muçulmanos. "Mas o plano de salvação abrange também aqueles

que reconhecem o Criador. Entre eles, em primeiro lugar, os muçulmanos, que, professando manter  a fé de

Abraão, adoram conosco o Deus único, misericordioso, juiz dos homens no último dia."

842 O vínculo da Igreja com as religiões não-cristãs é primeiramente o da origem e do fim comuns

do gênero humano: (Parágrafo relacionado 360)

Com efeito, todos os povos constituem uma só comunidade. Têm uma origem comum, visto que Deus

fez todo o gênero humano habitar a face da terra. Têm igualmente um único fim comum, Deus, cuja

providência, testemunhos de bondade e planos de salvação abarcam a todos, até os eleitos se reunirem na

Cidade Santa[a73] .

843  A Igreja reconhece nas outras religiões a busca, “ainda nas sombras e sob imagens", do Deus

desconhecido, mas próximo, pois é Ele quem dá  a todos vida, respiração e tudo o mais, e porque quer que

todos os homens sejam salvos. Assim, a Igreja considera tudo o que pode haver de bom e de verdadeiro nas

religiões "como uma preparação evangélica dada por Aquele que ilumina todo homem para que,

finalmente, tenha a vida".  (Parágrafos relacionados 28,856)

844 Em seu comportamento religioso, porém, os homens mostram também limitações e erros que

desfiguram neles a imagem de Deus: (Parágrafo relacionado )

Muitas vezes os homens, enganados pelo Maligno, se enganaram em seus pensamentos e trocaram a

verdade de Deus pela mentira, servindo à criatura mais que ao Criador, ou, vivendo e morrendo sem Deus

neste mundo, se expõem ao extremo desespero. (Parágrafo relacionado 29)

845  É para reunir novamente todos os seus filhos  - que o pecado dispersou e desgarrou que o Pai

quis convocar toda a humanidade na Igreja de seu Filho. A Igreja é o lugar em que a humanidade deve

reencontrar sua unidade e sua salvação. Ela é "o mundo reconciliado". Ela é esse navio que "navega bem

neste mundo ao sopro do Espírito Santo com as velas da Cruz do Senhor plenamente desfraldadas".

Segundo outra imagem cara aos Padres da Igreja, ela é figurada pela Arca de Noé, a única que salva do

dilúvio. (Parágrafos relacionados 30,953,1219)

"FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO"

846  Como entender esta afirmação, com freqüência repetida pelos Padres da Igreja? Formulada de

maneira positiva, ela significa que toda salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é seu

Corpo:

Apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, [o Concílio] ensina que esta Igreja peregrina é

necessária para a salvação. O único mediador e caminho da salvação é Cristo, que se nos torna presente em

seu Corpo, que é a Igreja. Ele, porém, inculcando com palavras expressas a necessidade da fé e do batismo,

ao mesmo tempo  confirmou a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Batismo, como que por

uma porta. Por isso não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja católica foi fundada por Deus

por meio de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou nela

perseverar. (Parágrafos relacionados 161,1257)

847  Esta afirmação não visa àqueles que, sem culpa, desconhecem Cristo e sua Igreja: "Aqueles,

portanto, que sem culpa ignoram o Evangelho de Cristo e sua Igreja, mas buscam a Deus com coração sinceroe tentam, sob o influxo da graça, cumprir por obras a sua vontade conhecida por meio do ditame da

consciência podem conseguir a salvação eterna”.

848  "Deus pode, por caminhos dele conhecidos, levar à fé todos os homens que sem culpa própria

ignoram o Evangelho. Pois 'sem a fé é impossível agradar-lhe'. Mesmo assim, cabe à Igreja o dever e

também o direito sagrado de evangelizar " todos os homens. (Parágrafo relacionado 1260)

A MISSÃO UMA EXIGÊNCIA DA CATOLICIDADE DA IGREJA

849  O mandato missionário. "Enviada por Deus às nações para ser 'o sacramento universal da

salvação', a Igreja, em virtude das exigências intimas de sua própria catolicidade e obedecendo à ordem

de seu fundador, esforça-se para anunciar o Evangelho a todos os homens. "Ide, portanto, e fazei que todos

os povos se tomem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a

observar tudo quanto vos ordenei. E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mt

28,19-20). (Parágrafos relacionados 738,767)

850  A origem e o escopo da missão. O mandato missionário Senhor tem sua fonte última no amor

eterno da Santíssima Trindade: "A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária. Pois ela se origina da

missão do Filho e da missão do Espírito Santo, segundo o desígnio de Deus Pai". E o fim último da missão não

é outro senão fazer os homens participarem da comunhão que existe entre o Pai e o Filho em seu Espírito de

amor. (Parágrafos relacionados 257,730)

851 O motivo da missão. É do amor de Deus por todos os homens que a Igreja sempre tirou a

obrigação e a força de seu clã missionário: "Pois o amor de Cristo nos impele..." (2Cor5,14). Com efeito,

"Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (1Tm 2,4). Deus quer

a salvação de todos pelo conhecimento da verdade. A salvação está  na verdade. Os que obedecem à

moção do Espírito de verdade já estão no caminho da salvação; mas a Igreja, a quem esta verdade foi

confiada, deve ir ao encontro de seu anseio, levando-lhes a mesma verdade. Ela tem de ser missionária

porque crê no projeto universal de salvação. (Parágrafos relacionados 221,429,74,217,2104,890)

852 Os caminhos da missão. "O Espírito Santo é o protagonista de toda a missão eclesial ." É ele

quem conduz a Igreja pelos caminhos da missão. "Esta missão, no decurso da história, continua e desdobra a

missão do próprio Cristo, enviado a evangelizar os pobres. Eis por que a Igreja, impelida pelo Espírito de

Cristo, deve trilhar a mesma senda de Cristo, isto é, o caminhos da pobreza, da obediência, do serviço e da

imolação de si até a, morte, da qual Ele saiu vencedor por sua Ressurreição." É assim que "o sangue dos

mártires é uma semente de cristãos".(Parágrafos relacionados 2044,2473)

853  Mas em sua peregrinação "não ignora a Igreja o quanto se distanciam entre si a mensagem que

ela profere e a fraqueza humana daqueles aos quais o Evangelho foi confiado[a90] ". Somente avançando

pelo caminho "da penitência e da renovação" e "pela porta estreita da Cruz" o Povo de Deus pode estender

o Reino de Cristo. Com efeito, "assim como Cristo consumou a obra da redenção na pobreza e na

perseguição, assim a Igreja é chamada a seguir o mesmo caminho, a fim de comunicar aos homens os frutos

da salvação" (Parágrafos relacionados 1428,2443)

854  Por sua própria missão, "a Igreja caminha com a humanidade inteira. Experimenta com o mundo

a mesma sorte terrena; é como o fermento e a alma da sociedade humana a ser renovada em Cristo e

transformada na família de Deus". O esforço missionário exige, pois, a paciência. Começa pelo anúncio do

Evangelho aos povos e aos grupos que ainda não crêem em Cristo; prossegue no estabelecimento de

comunidades cristãs que sejam "sinais da presença de Deus no mundo[" e na fundação de Igrejas locais;

encaminha um processo de inculturação para encarnar o Evangelho nas culturas dos povos; e não deixará 

de conhecer também fracassos. “Quanto aos homens, sociedades e povos, apenas gradualmente os atinge e

penetra, e assim os assume na plenitude católica." (Parágrafos relacionados 2105,204)

855  A missão da Igreja exige o esforço rumo à unidade dos cristãos. Efetivamente, "as divisões entre

cristãos impedem a Igreja de realizar a plenitude da catolicidade que lhe é própria naqueles filhos que,

embora lhe pertençam pelo batismo, estão separados da plena comunhão com ela. Não só isso, mas também

para a própria Igreja se torna tanto mais difícil exprimir, na realidade de sua plena catolicidade sob todos

os aspectos". (Parágrafo relacionado 821)

856 A tarefa missionária implica um diálogo respeitoso com os que ainda não aceitam o Evangelho.

Os fiéis podem tirar proveito para si mesmos deste diálogo, aprendendo a conhecer melhor “tudo quanto de verdade e de graça já se achava entre as nações, numa como que secreta presença de Deus". Se anunciam

a Boa Nova aos que a desconhecem, é para consolidar, completar e elevar a verdade e o bem que Deus

difundiu entre os homens e os povos e para purificá-los do erro e do mal, "para a glória de Deus, a confusão

do demônio e a felicidade do homem''. (Parágrafos relacionados 839,843)

IV. A IGREJA É APOSTÓLICA

857  A Igreja é apostólica por ser fundada sobre os apóstolos, e isto em um tríplice sentido:

(Parágrafo relacionado 75)

ü  ela foi e continua sendo construída sobre "o fundamento dos apóstolos" (Ef 2,20), testemunhas

escolhidas e enviadas em missão pelo próprio Cristo;

ü ela conserva e transmite, com a ajuda do Espírito que ela habita, o ensinamento, o depósito

precioso, as salutares palavras ouvidas da boca dos apóstolos; (Parágrafo relacionado 171)

ü  ela continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos apóstolos até a volta de Cristo, graças

aos que a eles sucedem na missão pastoral: o colégio dos bispos, "assistido pelos presbíteros, em união com o

sucessor de Pedro, pastor supremo da Igreja ". (Parágrafos relacionados 880,1575)

"Pastor eterno, vós não abandonais o rebanho, mas o guardais constantemente pela proteção dos

Apóstolos. E assim a Igreja é conduzida pelos mesmos pastores que pusestes à sua frente como

representantes de vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso".

A MISSÃO DOS APÓSTOLOS

858  Jesus é o Enviado do Pai. Desde o início de seu ministério "chamou a si os que quis, e dentre eles

escolheu Doze para estarem com ele e para enviá-los a pregar" (Mc 3,13-14). A  partir daquela hora eles

serão os seus "enviados" (é o que significa a palavra grega "apóstolo"). Neles continua a sua própria missão:

"Como o Pai me enviou, eu também vos envio" (Jo 20,21).  Seu ministério é, portanto, a continuação de sua

própria missão: "Quem vos recebe a mim recebe", diz ele aos Doze (Mt 10[a113] ,40).  (Parágrafos

relacionados 551,425,1086)

859  Jesus associa-os à missão que recebeu do Pai: como "o Filho não pode fazer nada por si

mesmo" (Jo 5,19.30), mas recebe tudo do Pai que o enviou, assim os que Jesus envia nada podem fazer sem.

ele, de quem recebem o mandato de missão e o poder de exercê-lo. Os Apóstolos de Cristo sabem,

portanto, que são qualificados por Deus como "ministros de Uma aliança nova" (2Cor 3,6), "ministros de

Deus" (2Cor 6,4), "embaixadores de Cristo" (2Cor 5,20), "servidores de Cristo e administradores dos

mistérios de Deus" (1 Cor 4,1). (Parágrafo relacionado 876)

860 No encargo dos Apóstolos, há  um aspecto não-transmissível: serem as testemunhas escolhidas da

Ressurreição do Senhor e os fundamentos da Igreja. Mas h  também um aspecto permanente de seu ofício.

Cristo prometeu-lhes ficar com eles até o fim dos tempos. "Esta missão divina confiada por Cristo aos

Apóstolos deverá  durar até o fim dos século que o Evangelho que eles devem transmitir é para a Igreja, em

todos os tempos, a fonte de toda vida. Por esta razão os apóstolos cuidaram de instituir sucessores[."

(Parágrafos relacionados 642,765,1536)

OS BISPOS, SUCESSORES DOS APÓSTOLOS

861 "Para que a missão a eles confiada fosse continuada após sua morte, confiaram a seus

cooperadores imediatos, como que por testamento, o múnus de completar e confirmar a obra iniciada por

eles, recomendando-lhes que atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito Santo os instituíra para

apascentar a Igreja de Deus. Constituíram, pois, tais varões e administraram-lhes, depois, a ordenação a fim

de que, quando eles morressem outros homens íntegros assumissem seu ministério." (Parágrafos relacionados

77,1087)

862 "Assim como permanece o múnus que o Senhor concedeu singularmente a Pedro, o primeiro dos

apóstolos, a ser transmitido a seus sucessores, da mesma forma permanece todos Apóstolos de apascentar a

Igreja, o qual deve ser exercido para sempre pela sagrada ordem dos Bispos." Eis por que a Igreja ensina que "os bispos, por instituição divina, sucederam aos apóstolos como pastores da Igreja, de sorte quem os

ouve, ouve a Cristo, e quem os despreza, despreza a (aquele por quem Cristo foi enviado". (Parágrafos

relacionados 880,1556)

O APOSTOLADO

863 Toda a Igreja é apostólica na medida em que, por meio dos sucessores de São Pedro e dos

apóstolos, permanece em comunhão de fé e de vida com sua origem. Toda a Igreja é apostólica na  medida

em que é "enviada" ao mundo inteiro; todos os membros da Igreja, ainda que de formas diversas,

participam deste envio. "A vocação cristã é também por natureza vocação ao apostolado." Denomina-se

"apostolado" "toda a atividade do Corpo Místico" que tende a "estender o reino de Cristo a toda [a119] a

terra". (Parágrafos relacionados 900,2472)

864 "Sendo Cristo enviado pelo Pai a fonte e a origem de todo apostolado da Igreja", é evidente

que a fecundidade do apostolado, tanto o dos ministros ordenados como o dos leigos, depende de sua união

vital com Cristo. De acordo com as vocações, os apelos da época e os dons variados do Espírito Santo, o

apostolado assume as formas mais diversas. Mas é sempre a caridade, haurida sobretudo na Eucaristia, "que

e como que a alma de todo apostolado". (Parágrafos relacionados 828,824,1324)

865  A Igreja é una, santa, católica e apostólica em sua identidade profunda e última, porque é nela

que já  existe e será consumado no fim dos tempos "o Reino dos céus", "o Remo de Deus", que veio na Pessoa

de Cristo e cresce misteriosamente no coração dos que lhe são incorporados, até sua plena manifestação

escatológica. Então todos os homens remidos por ele, tornados nele "santos e imaculados na presença de

Deus no Amor", serão reunidos como o único Povo de Deus, "a Esposa do Cordeiro[a124] ", "a Cidade Santa

descida do Céu, de junto de Deus, com a Glória de Deus nela", e "a muralha da cidade tem doze alicerces,

sobre os quais estão os nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro" (Ap 21,14). (Parágrafos relacionados

811,541)

RESUMINDO

866 A Igreja é una: tem um só Senhor, confessa uma só fé, nasce de um só Batismo, forma um só

Corpo, vivificado por um só Espírito, em vista de uma única esperança, no fim da qual serão superadas todas

as divisões.

867 A Igreja é santa: o Deus Santíssimo é seu autor; Cristo, seu esposo, se entregou por ela para

santificá-la; o Espírito de santidade a vivifica. Embora congregue pecadores, ela é "imaculada (feita) de

maculados" ("ex maculatis immaculata"). Nos santos brilha a santidade da Igreja; em Maria esta já  é a toda

santa.

868   A Igreja é católica: anuncia a totalidade da fé; traz em si e administra a plenitude dos meios

de salvação; é enviada a todos os povos; dirige-se a todos os homens; abarca todos os tempos; "ela é, por

sua própria natureza, missionária.

869  A Igreja é apostólica: está  construída sobre fundamentos duradouros: "Os doze Apóstolos do

Cordeiro"; ela é indestrutível; é infalivelmente mantida na verdade: Cristo a governa por meio de Pedro e

dos demais apóstolos, presentes em seus sucessores, o Papa e o colégio dos Bispos.

870  "A única Igreja de Cristo, que no Símbolo confessamos una, santa, católica e apostólica... subsiste

na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele, embora fora de

sua estrutura visível se encontrem numerosos elementos de santificação e de verdade. "PARÁGRAFO 4

OS FIÉIS DE CRISTO - HIERARQUIA, LEIGOS, VIDA CONSAGRADA

871  "Fiéis são os que, incorporados a Cristo pelo Batismo, foram constituídos em povo de Deus e,

assim, feitos participantes, a seus modo, do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, são chamados a

exercer, seguindo a condição própria de cada um, a missão que Deus confiou para a Igreja cumprir no

mundo." (Parágrafos relacionados 1268,1269,782-786)

872  "Entre todos os fiéis de Cristo, por sua regeneração em Cristo, vigora, no que se refere à

dignidade e à atividade, uma verdadeira igualdade, pela qual todos, segundo a condição e os múnus

próprios de cada um, cooperam na construção do Corpo de Cristo." (Parágrafos relacionados 1934,794)

873 As próprias diferenças que o Senhor quis estabelecer entre os membros de seu Corpo servem à

sua unidade e à sua missão. Pois, embora "exista na Igreja diversidade de serviços, há unidade de missão.

Cristo confiou aos apóstolos e a seus sucessores o múnus de ensinar, de santificar e de governar em seu

nome e por seu poder. Os leigos, por sua vez, participantes do múnus sacerdotal, profético e régio de

Cristo, compartilham a missão de todo o povo de Deus na Igreja e no mundo". Finalmente, "em ambas as

categorias [hierarquia e leigos] há  fiéis que, pela profissão dos conselhos evangélicos, se consagram, em

seu modo especial, a Deus e servem à missão salvífica da Igreja; seu estado, embora não faça parte da

estrutura hierárquica da Igreja, pertence, não obstante, à sua vida e santidade". (Parágrafos relacionados

814,1937)

I. A CONSTITUIÇÃO HIERÁRQUICA DA IGREJA

POR QUE Q MINISTÉRIO ECLESIAL?

874 O próprio Cristo é a fonte do ministério na Igreja. Instituiu-a, deu-lhe autoridade e missão,

orientação e finalidade: (Parágrafo relacionado 1544)

Para apascentar e aumentar sempre o Povo de Deus, Cristo Senhor instituiu em sua Igreja uma

variedade de ministérios que tendem ao bem de todo o Corpo. Pois os ministros que são revestidos do

sagrado poder servem a seus irmãos para que todos os que formam o Povo de  Deus... cheguem à

salvação.

875  "Como poderiam crer naquele que não ouviram? E como poderiam ouvir sem pregador? E

como podem pregar se não forem enviados?" (Rm 10,14-15). Ninguém, nenhum indivíduo, nenhuma

comunidade pode anunciar a si mesmo o Evangelho. "A fé vem da pregação" (Rm 10,17). Ninguém pode

dar a si mesmo o mandato e a missão de anunciar o Evangelho. O enviado do Senhor fala e age não por

autoridade própria, mas em virtude da autoridade de Cristo; não como membro da comunidade, mas

falando a ela em nome de Cristo. Ninguém pode conferir a si mesmo a graça; ela precisa ser dada e

oferecida. Isto supõe ministros da graça autorizados e habilitados da parte de Cristo. Dele, os bispos e os

presbíteros recebem a missão e a faculdade (o "poder sagrado") de agir "na pessoa de Cristo-Cabeça", os

diáconos, a força de servir o Povo de Deus na "diaconia" da liturgia, da palavra e da caridade, em

comunhão com o  bispo e seu presbitério. A tradição da Igreja chama de "sacramento" este ministério,

pelo qual os enviados de Cristo fazem e dão, por dom de Deus, o que não podem fazer nem dar por si

mesmos. O ministério da Igreja é conferido por um sacramento específico. (Parágrafos relacionados

166,1548,1536)

876  Intrinsecamente ligado à natureza sacramental do ministério eclesial está  o seu caráter de

serviço. Com efeito, inteiramente dependentes de Cristo, que dá  missão e autoridade, os ministros são

verdadeiramente "servos de Cristo", a imagem de Cristo que assumiu livremente por nós "a forma de servo"

(Fl 2,7). Já  que a palavra e a graça de que são ministros não são deles, mas de Cristo, que lhas confiou aos

outros, eles se farão livremente servos de todos. (Parágrafos relacionados 1551,427)

877 Igualmente, é da natureza sacramental do ministério eclesial que exista um caráter colegial.

Efetivamente, desde o início de seu ministério o Senhor Jesus instituiu os Doze, "os germes do Novo Israel e

ao mesmo tempo a origem da sagrada hierarquia. Escolhidos conjuntamente, são também enviados

conjuntamente, e sua união  fraterna estará  a serviço da comunhão fraterna de todos os fiéis; esta união

será  como um reflexo e um testemunho da comunhão das pessoas divinas. Por isso, todo bispo exerce seu

ministério dentro do colégio episcopal, em comunhão com o Bispo de Roma, sucessor de São Pedro e chefe do colégio; os presbíteros exercem seu ministério dentro do presbitério da diocese, sob a direção de

seu Bispo.  (Parágrafo relacionado 1559)

878  Finalmente, é da natureza sacramental do ministério eclesial que haja um caráter  pessoal. Se

os ministros de Cristo agem em comunhão, agem também sempre de maneira pessoal. Cada um é

chamado pessoalmente  - "Tu, segue-me (Jo 21,22)  - para ser, na missão comum, testemunha pessoal,

assumindo pessoalmente a responsabilidade diante daquele  que dá  a missão, agindo "em sua pessoa" e

em favor de pessoas: "Eu te batizo em nome do Pai... "Eu te perdôo...”.  (Parágrafo relacionado 1484)

879  O ministério sacramental na Igreja é um serviço exercido em nome de Cristo, que tem caráter

pessoal e forma colegial. Isto verifica-se nos vínculos entre o colégio episcopal e seu chefe, o sucessor de

Pedro, e na relação entre a responsabilidade pastoral do Bispo por sua Igreja particular e a solicitude

comum do colégio episcopal pela Igreja Universal.

O COLÉGIO EPISCOPAL E SEU CHEFE, O PAPA

880 Cristo, ao instituir os Doze, "instituiu-os à maneira de colégio ou grupo estável, ao qual propôs

Pedro, escolhido dentre eles." Assim como, por disposição do Senhor, São Pedro e os outros apóstolos

constituem um único colégio apostólico, de modo semelhante o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, e os

Bispos, sucessores dos Apóstolos, estão unidos entre si.

(Parágrafos relacionados 552,862)

881 Somente Simão, a quem deu o nome de Pedro, o Senhor constituiu em pedra de sua Igreja.

Entregou-lhe as chaves da mesma, instituiu-o pastor de todo o rebanho. Porém, o múnus de ligar e desligar,

que foi dado a Pedro, consta que também foi dado ao colégio dos apóstolos, unido a seu chefe." Este

oficio pastoral de Pedro e dos outros Apóstolos faz parte dos fundamentos da Igreja e é continuado pelos

Bispos sob o primado do Papa.

Parágrafos relacionados 553,642)

882   O Papa, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro, "é o perpétuo e visível princípio e

fundamento da unidade, quer dos Bispos, quer da multidão dos fiéis" "Com efeito, o Pontífice Romano, em

virtude de seu múnus de Vigário de Cristo e de Pastor de toda a Igreja, possui na Igreja poder pleno,

supremo e universal. E ele pode exercer sempre livremente este seu poder.

(Parágrafos relacionados 834,1369,837)

883  "O colégio ou corpo episcopal não tem autoridade se nele não se considerar incluído, como

chefe, o Romano Pontífice." Como tal, este colégio é "também ele detentor do poder supremo e pleno

sobre a Igreja inteira. Todavia, este poder não pode ser exercido senão com o consentimento do Romano

Pontífice.

884  "O colégio dos Bispos exerce o poder sobre a Igreja inteira, de forma solene, no Concílio

Ecumênico." Não pode haver Concílio Ecumênico que, como tal, não seja aprovado ou ao menos

reconhecido pelo sucessor de Pedro."

885   "Enquanto composto de muitos, este Colégio exprime a variedade e a universalidade do povo

de Deus e, enquanto unido sob um só chefe, exprime a unidade do rebanho de Cristo.

886 "Os Bispos individualmente são o visível princípio e fundamento da unidade em suas Igrejas

particulares. "  Nesta qualidade, "exercem sua autoridade pastoral sobre a porção do povo de Deus que

lhes foi confiada" assistidos pelos presbíteros c pelos diáconos. Todavia, como membros do  colégio

episcopal, cada um deles participa da solicitude por todas as Igrejas, solicitude esta que exercem

primeiramente "governando bem sua própria Igreja como uma porção da Igreja universal", contribuindo,

assim, "para o bem de todo o Corpo Místico, que é também o Corpo das Igrejas". Esta solicitude estenderse-á  particularmente aos pobres, aos perseguidos por causa da fé, assim como aos missionários que

atuam em toda a terra. (Parágrafos relacionados 1560,833,2448)

887  As Igrejas particulares vizinhas e de cultura homogênea formam províncias eclesiásticas ou

conjuntos mais amplos, denominados patriarcados ou regiões  Os Bispos desses conjuntos podem reunir-se

em sínodos ou em concílios provinciais. "Da mesma forma, as Conferências Episcopais podem hoje em dia,

contribuir de forma múltipla e fecunda para que o espírito colegial se realize concretamente."O MÚNUS DE ENSINAR

(Parágrafos relacionados 85,87,2032-2040)

888  Os Bispos, junto com os presbíteros, seus cooperadores, “têm como primeira tarefa anunciar o

Evangelho de Deus a todos homens, segundo a ordem do Senhor. São "os arautos da fé, que levam a

Cristo novos discípulos, os doutores autênticos" da fé apostólica, "providos da autoridade de Cristo".

(Parágrafo relacionado 2068)

889  Para manter a Igreja na pureza da fé transmitida pelos apóstolos, Cristo quis conferir à sua

Igreja uma participação em sua própria infalibilidade, ele que é a Verdade. Pelo "sentido sobrenatural da

fé", o Povo de Deus "se atém indefectivelmente à fé", sob a guia do Magistério vivo da Igreja.(Parágrafo

relacionado 92)

890  A missão do Magistério está  ligada ao caráter definitivo da Aliança instaurada por Deus em

Cristo com seu Povo; deve  protegê-lo dos desvios e dos afrouxamentos e garantir-lhe a possibilidade

objetiva de professar sem erro a fé autêntica. O ofício pastoral do Magistério está, assim, ordenado ao

cuidado para que o Povo de Deus permaneça na verdade que liberta. Para executar este serviço, Cristo

dotou os pastores do carisma de infalibilidade em matéria de fé e de costumes. O exercício deste carisma

pode assumir várias modalidades. (Parágrafos relacionados 851,1785)

891 "Goza desta infalibilidade o Pontífice Romano, chefe do colégio dos Bispos, por força de seu

cargo quando, na qualidade de pastor e doutor supremo de todos os fiéis e encarregado de confirmar

seus irmãos na fé, proclama, por um ato definitivo, um ponto de doutrina que concerne à fé ou aos

costumes... A infalibilidade prometida à Igreja reside também no corpo episcopal quando este exerce seu

magistério supremo em união com o sucessor de Pedro", sobretudo em um Concílio Ecumênico. Quando,

por seu Magistério supremo, a Igreja propõe alguma coisa "a crer como sendo revelada por Deus" como

ensinamento de Cristo, "é preciso aderir na obediência da fé a tais definições. Esta infalibilidade tem a

mesma extensão que o próprio depósito da Revelação divina.

892   A assistência divina é também dada aos sucessores dos apóstolos, ao ensinarem em

comunhão com o sucessor de Pedro e, de modo particular, com o Bispo de Roma, Pastor de tida a Igreja,

quando, mesmo sem chegar a uma definição infalível e sem se pronunciar de "forma definitiva", propõem

no exercício do magistério ordinário um ensinamento que leva a  uma compreensão melhor da Revelação

em matéria de fé e de costumes. A este ensinamento ordinário os fiéis devem "ater-se com religioso

obséquio do espírito" [eique religioso obsequio adhaerere debent] qual, embora se distinga do

assentimento da fé, o prolonga.