A Eucaristia derruba as fronteiras entre o céu e a terra

13/09/2012 12:49

 

 

Entraremos no coração do Jubileu da Encarnação de Deus, sabendo que esse mistério sempre se realiza no meio de nós através da Eucaristia. Peço à Virgem Maria que venha nos ajudar muito, pois sempre tenho medo de entrar nesse Mistério, tenho receio de diminuí-lo, falando dele.

Toda Eucaristia começa no dia da Anunciação, quando o Senhor envia o Anjo, seu mensageiro, para pedir a Maria que ela diga "Sim" ao plano divino: um corpo humano dado por Maria a Deus; porque Deus quer tomar o meu corpo para me salvar. Então, o Pai pergunta a Maria: "Você quer dar ao meu Filho mãos, para que Ele possa curar os doentes; dar-lhe braços, para que Ele possa tomar as criancinhas pequenas, e estendê-los mais tarde na cruz? Você quer dar a Ele pés, para que Ele possa correr na nossa terra em busca da ovelha perdida; você quer dar a Ele olhos, para que toda a luz do céu possa espalhar-se pela Terra, e ouvidos, para que Ele possa escutar o grito dos pobres; lábios, para que Ele possa proclamar a verdade; um rosto completo, para que os homens possam neste rosto me ver? Você quer dar a esse Deus, a esse meu Filho um coração humano, para que todo o amor que transborda da Trindade possa existir, possa amar com o coração humano, com a ternura da humanidade? Você quer dar a Ele a sua carne, para que Ele possa dá-la em alimento? Quer dar a Ele o seu sangue, para que Ele possa um dia derramá-lo inteiramente e assim lavar os pecados do mundo?"

Nesse momento, todos os santos do Antigo Testamento que estavam à espera de entrar no céu, Adão e Eva, todos eles, estão como em suspense, olhando os lábios de Maria; que será que ela vai responder? E claro, o demônio está do outro lado dizendo: "Diga não! Não!" E o seu anjo da guarda dizendo: "Sim, sim, diga sim!" Mas o demônio não tem poder algum, não tem nada a ver com Maria, porque na sua concepção ela teve como essa diálise espiritual, em que o sangue infectado pelo pecado foi inteiramente lavado pelo sangue de Jesus. Então, o Espírito Santo pega o "Sim" que o Filho constantemente diz ao Pai, este "Sim, Pai, eis-me aqui", e o coloca no coração e nos lábios de Maria. E quando Maria diz: "Eis-me aqui!" Quer dizer: "Eis a minha carne, que é entregue a ti. O meu sangue dou a ti". Exatamente nesse momento, a missa começou. Porque Jesus não poderia nos dar o seu Corpo, o seu Sangue, se antes Ele não tivesse recebido de Maria. Ele recebe de Maria o Corpo no qual sofrerá, morrerá, pelo qual nós dará a Eucaristia. E aí se dá a primeira invocação ao Espírito Santo e o Pentecostes sobre Maria. A partir desse momento, Deus verdadeiramente está em Maria, e o mundo já está salvo, tudo que acontecerá depois será apenas uma conseqüência desse instante em que o Eterno tinha menos que um milímetro de medida no seio de Maria. E é por isso que em cada missa existe essa pequena epíclese, esse pequeno Pentecostes sobre o vinho e o pão, porque sem o Espírito Santo seria impossível Deus tornar-se Filho de Maria. Então, é o mesmo Espírito Santo na Anunciação e em cada missa. É um Mistério que Francisco de Assis adorava com tanto amor! Ele dizia que cada missa é verdadeiramente Natal! É novamente o Filho, a criança de Belém que nos é dada. E é assim que, na Eucaristia, Jesus se faz o coração de toda a criação. A partir do momento em que Deus assume a minha matéria, minha carne humana, eu sei que toda a criação um dia será transfigurada na Glória.

Quero retomar por um momento aquilo que falei sobre a Adão e Eva aguardarem em suspense o "Sim" de Maria; para que compreendamos melhor isso, vou contar uma pequena história de Natal. Na gruta de Belém, José percebe que se aproxima uma senhora muitíssimo idosa, que mal consegue caminhar e pouco a pouco ela vai até a manjedoura. Leva tanto tempo para a velhinha chegar à manjedoura, que se tem a impressão de que ela leva séculos e séculos para chegar lá. E Nossa Senhora não consegue ver bem o que está acontecendo, vê somente que a velhinha coloca alguma coisa nas mãozinhas de Jesus; e nesse momento, de repente, aquela velha que tinha mais de 80 anos rejuvenesce e torna-se uma moça de 13 ou 14 anos, e começa a cantar, a dançar. Então, José vai dar uma olhada naquilo que a velhinha tinha dado para o menino Jesus e vê uma "maçã" - a maçã, a fruta, é uma alegoria do Paraíso -. Essa história ajuda-nos a compreender como Jesus veio renovar, rejuvenescer toda a criação, toda a humanidade.

Então, Jesus na Eucaristia vai fazer a unidade, vai ser o coração de toda a humanidade e de toda a nossa história, de toda a criação. E eu fico estonteado de pensar que todos os santos que vieram antes de nós, todos aqueles meus parentes que receberam a Eucaristia, os primeiros cristãos do Brasil, há 500 anos, e todos os que antes de nós, durante esses 2 mil anos, receberam a Eucaristia, receberam hóstias diferentes, mas receberam exatamente o mesmo Corpo e o mesmo Sangue de Jesus. Impressiona-me também pensar que, desde a minha primeira comunhão, quando eu era criança, até a última comunhão da minha vida, em todas as ocasiões que eu recebi e receberei a comunhão, eu recebo hóstias diferentes, mas é sempre o mesmo Senhor Jesus! E tanta coisa pode acontecer na minha vida; poso mudar de cidade, de país, tantas coisas podem mudar, mas será sempre o mesmo Jesus, o mesmo Senhor que eu receberei na Eucaristia. É a unidade através dos anos, através dos séculos. A Eucaristia também gera unidade através do espaço, porque todos aqueles que comungam hoje, no mundo inteiro, receberão hóstias diferentes, mas receberão o mesmo Jesus! Sempre o mesmo, no tempo e em todos os lugares. Isso é extraordinário!

E vocês sabem que na Igreja há várias maneiras de celebrar a missa, o que se chama de vários Ritos Litúrgicos. A maior parte de nós brasileiros somos acostumados a usar o rito latino, o rito romano, mas há 12 ritos católicos diferentes, e durante todo este Ano Jubilar vai haver celebrações belas e solenes pelo Papa nestes 12 ritos diferentes: Etíope, Melquita, Bizantino, Copta etc...etc. Mas, mesmo que todas as formas exteriores sejam diferentes, é sempre, em toda parte, o mesmo Senhor Jesus que recebemos. Ele faz a unidade fisiológica de toda a Igreja. E eu vou ainda além. Eu digo que Ele faz a unidade da humanidade, porque desde que Jesus tomou o corpo e o sangue de Maria, o Espírito Santo vai sempre ser derramado no mundo a partir do Corpo de Jesus. É a Carne de Jesus, cheia do Espírito Santo, que transborda o Espírito para o mundo. É por isso que muitas crianças têm a visão do cálice com o Sangue de Jesus que pega fogo e que queima diante deles; às vezes, a própria hóstia fica em chamas diante deles. Há crianças que gritam: "Mamãe, está havendo um incêndio!", essas crianças vêem a "realidade teológica", e nem sabem que muitos e muitos santos tiveram essa mesma visão. É a Carne onde queima, onde brilha o Espírito Santo e, recebendo o Corpo de Jesus, você recebe o Espírito Santo. Cada comunhão é um Pentecostes pessoal. Porque se esse Corpo que você recebe não estivesse cheio do Espírito Santo, não seria o Corpo de Deus. Então, hoje, o Pai só dá o Espírito Santo através da Carne do seu Filho.

Muito freqüentemente, tenho feito procissões do Santíssimo Sacramento em vários países do mundo. Muitas vezes, no meio da noite, gosto muito de, com o Santíssimo Sacramento, abençoar todos os povos da Terra. Vou-me voltando para os vários locais do horizonte, em direção dos países e das regiões, e vou abençoando, pronunciando o nome dos 180 países do mundo. Porque, a partir da Hóstia Consagrada, os raios do Espírito Santo se espalham no mundo. E tudo de bom que acontece a alguém, seja um pecador, seja um adúltero, vem do Espírito Santo através da Eucaristia! Essas pessoas talvez não saibam disso, mas eu sei muito bem de onde o Espírito Santo lhes é dado! E um dia eles vão descobrir espantados que tudo de bom, de amável que fizeram na vida, foi-lhes dado pelo Espírito Santo, que é derramado através da Eucaristia. A Eucaristia, o Mistério do Natal, gera a unidade na humanidade.

Quero contar outra historinha de Natal. Vocês sabem que no século XX houve na Europa duas grandes guerras mundiais. A primeira guerra foi entre os anos de 1914 e 1918, e foi uma guerra terrível porque ela fez muito mais mortos do que a segunda guerra entre 1940 e 1945, porque as pessoas estavam próximas umas das outras e se matavam muito. Havia trincheiras para proteger as pessoas, numa delas, havia um soldado alemão jogado no frio e, a 50 metros dele, havia um soldado francês numa outra trincheira, também mergulhado no frio e no sofrimento. Um tentava com todas as forças atirar no outro. Numa noite de Natal, quando preparavam-se para atirar, ouviram distante o canto "Noite Feliz", e aí os dois deixam cair os fuzis, porque não tem como matar na noite de Natal, então o soldado francês começa a cantar esse canto na sua língua e o soldado inimigo começa a cantar a mesma canção de Natal... Era como se todos esses que se consideravam inimigos estivessem reunidos ao redor do Menino Jesus. O mesmo Filho de Belém para os alemães e para os franceses, não dois Meninos Deus, mas um só Menino Deus que os unia. Então, um soldado teve uma idéia genial. Depressinha, junta umas madeiras, um pedaço de pano e faz uma "baladeira" e começa a jogar os seus chocolates e bombons. Durante toda a noite, há um verdadeiro bombardeio com laranjas, chocolates, bombons e presentes que tinham recebido.

Isso é uma profecia para o terceiro Milênio! Nós queremos apenas aquelas guerras, onde guerreamos com chocolates e bombons!

Quem fez esse milagre em plena guerra? Foi o Menino Jesus na noite de Natal. Mas eles não tinham compreendido que toda vez que existe a missa, aí também é Natal. A criança, o Filho de Deus que faz a humanidade, mas que também faz a unidade entre o céu e a terra, porque a Eucaristia faz com que caiam as fronteiras entre o céu e a terra. Jesus que está na Eucaristia é o mesmo que está no céu, é o mesmo Jesus que faz essa união entre o céu e a terra. Não há um Jesus no céu e outro no Tabernáculo; é o mesmo Jesus, logo, o céu está presente! O céu está no meio de nós; e quando olho Jesus no Santíssimo Sacramento e o adoro, naquele mesmo momento, todos os anjos e todos aqueles que nos precederam no céu, também adoram o mesmo Jesus, e o meu anjo da guarda prepara o meu lugar no céu, quando contemplarei Jesus na sua Glória.

Sei que meu anjo tem um pouco de "inveja". Eu, porque tenho um corpo, pareço mais com Deus do que o anjo. Deus não se fez anjo, fez-se homem. E cada coração humano é um sinal vivo do coração de Deus, e os anjos têm um pouco de inveja de mim, também, porque posso me deixar perdoar pelo Senhor, posso sentir a doçura da misericórdia de Deus e eles não precisam dessa doçura, não precisam do perdão de Deus. É por isso que, em cada missa, convidamos todos os anjos e é comum nas Igrejas do Ocidente e do Oriente, criancinhas verem o altar cercado de anjos. Eu me lembro de um menino de 10 anos que me disse: "Você não está vendo, eles sobem, descem, cantam, vão, vêm... Você não está vendo nada?" E eu fiquei com cara de bobo, pois não via nada. E ele ficou decepcionado, porque pensava que todo mundo via os anjos adorando o Senhor Eucarístico.

E aquelas pessoas que esperam a plena glória de Deus no Purgatório, porque durante a Eucaristia se ora não somente pelos irmãos da terra, mas também por aqueles que esperam no Purgatório a sua purificação para entrar na plena glória. É impressionante a obra-prima da misericórdia de Deus, que é o Purgatório, porque é o momento no qual se pode continuar a cura do coração que não foi feita na terra; uma libertação de tudo aquilo que talvez no momento da morte, ainda nos aprisiona e nos deixa longe de deus. É o momento em que recebemos o nosso coração de criança, caso não o tenhamos assegurado na terra, já que Jesus diz que somente aqueles que têm o coração de criança podem entrar no céu. Como o teu Rei é uma criança, é preciso um coração de criança para acolhê-lo, para entrar no seu Reino. E no Purgatório nos tornamos como criancinhas, porque somos completamente dependentes dos outros. Dependemos da oração da Igreja Militante, dos que ainda estão aqui na Terra, como criancinhas, que precisam receber tudo, e especialmente que recebem essa oferta extraordinária da Eucaristia na sua intenção. Um psiquiatra anglicano descobriu a Eucaristia Católica porque viu que, cada vez que pedia um padre que oferecesse uma Eucaristia por alguém que estava muito mal psiquicamente, havia cura, e muitas vezes havia uma grande melhora quando ele mandava oferecer missas pelas pessoas que haviam se suicidado ou cometido coisas graves na família desse enfermo, como se essa missa tivesse aberto as portas do céu para a pessoa que estava no Purgatório e, uma vez no céu, pudesse interceder pelos enfermos da sua família.

Existem ainda tantas coisas que nós precisamos descobrir sobre o poder da Eucaristia....

Vocês sabem, todo este ano do Jubileu é consagrado ao Mistério da Eucaristia. O primeiro ano de preparação foi consagrado a Jesus e ao Batismo, o segundo ao Espírito Santo e ao Sacramento da Crisma, e o último ano foi consagrado ao Pai e ao Sacramento da Reconciliação. E o grande Jubileu foi consagrado ao Pai, Filho, e Espírito Santo e ao Sacramento da Eucaristia! Vocês devem estar vendo como o Pai, o Espírito, junto com o Filho, todos estão envolvidos na Eucaristia.

Jesus tomou o meu corpo para dar-me sua vida divina no meu corpo. Como o mistério de núpcias de casamento entre Deus e a humanidade, entre Jesus e minha alma. É um relacionamento corpo a corpo, coração a coração, alma a alma, porque a partir da sua Encarnação, tudo aquilo que diz respeito ao corpo, diz também respeito a Deus. É por isso que a Eucaristia, o Corpo de Deus não nos é dado somente para a cura física. A cura física deveria ser mais normal, mais usual, e se ela não acontece tanto é porque nós não temos fé suficiente no poder curador do Corpo de Cristo. É como o que aconteceu em Nazaré. Justamente porque as pessoas não acreditavam em Jesus, não tinham fé suficiente, Jesus não pôde fazer tantas curas como fez; por exemplo, em Cafarnaum; porque em Nazaré todos estavam acostumados com Jesus, era simplesmente o filho de José. Cuidado para não nos habituarmos com a Eucaristia!

Não nos damos conta de que cada Sacrário é como um "centro nuclear" da vida verdadeira, é como o "núcleo central do amor". E é para abrir os nossos olhos que algumas vezes o Senhor faz milagres através do seu Corpo Eucarístico; isso não acontece o tempo todo porque, muitas vezes, a grande graça que a Eucaristia trás para as pessoas doentes é fazê-las viver a sua doença no amor. Quando o Senhor cura fisicamente é para manifestar que os nossos corpos serão ressuscitados no céu. Santo Agostinho, quando era um jovem bispo, dizia: "Para que essas curas todas, essas manifestações? Isto é para o começo da Igreja, agora não temos mais necessidade disso". E 25 anos depois, como ele era muito humilde, escreveu um livro corrigindo todos os erros que havia dito: "Eu estava completamente enganado quando fiz essa afirmação sobre os milagres e curas há 25 anos, porque durante todo esse tempo, na Eucaristia, vi tantos enfermos sendo curados". E conta 25 curas com atestados e comprovação médica. Jesus manifestou que Ele é a vida sempre no meio de nós.

Eu conheci em Bruxelas uma senhora que quando foi bater na sua irmã, caiu para trás e entrou em coma. Ela estava em coma havia dois meses e nenhum médico conseguia tirá-la. Então, meus amigos foram rezar por ela e disseram: "Senhor, o que podemos fazer por ela?" Abriram a Palavra: "Ela não está morta, mas dorme". Jesus pode acordá-la. Onde está Jesus? Na Eucaristia. Então, trouxeram um padre com o Corpo de Jesus e aconteceu uma coisa linda; essa senhora, mesmo em coma, tinha o rosto crispado de cólera. O padre falou para ela, mesmo estando em coma: "Quer pedir o perdão de Jesus por essa cólera?" Nesse momento, no seu coração, ela certamente pediu perdão, e de repente o seu rosto se descontraiu completamente, ela tornou-se uma bela jovem. O sacramento do perdão é o sacramento da juventude de Deus, porque o pecado nos envelhece, faz-nos feios, velhos e o perdão nos devolve a nossa beleza de filhos de Deus. É a "cirurgia plástica" de Deus, o "salão de beleza" de Deus...

Então, essa senhora reencontra toda a sua beleza, e o padre pega a Hóstia e quando Jesus toca os seus lábios, ela sai do coma. Todos os médicos ficam horrorizados, em pânico: "O que vocês fizeram?" E eles disseram: "A única coisa que fizemos foi trazer Jesus para ela". E foi o sinal para fazer acordar a fé de todos esses médicos, que estavam endurecidos e ateus. O Senhor "toca" o nosso corpo para curar nosso coração.

Vamos falar agora da "cura do corpo da Igreja" através da Eucaristia, porque a Igreja é o corpo de Jesus e a Eucaristia também é o Corpo de Jesus e se usa a mesma palavra para dizer Comunhão Eucarística e a comunhão na Igreja. É a mesma palavra que significa o Corpo Eucarístico e o corpo da Igreja.

Você sabe que Jesus, desde que começou seu ministério público, chamou os apóstolos. Ele não queria fazer nada sem eles, porque dentro de três anos, caberia a eles, os apóstolos, continuar sobre a terra, uma vez que Jesus partiria para o céu. Mas, como a Igreja, como os apóstolos vão continuar a fazer em todos os séculos o que Jesus fez? Como vão curar os doentes, expulsar Satanás? Como conseguirão ficar unidos e jamais entrar disputas, contendas? Na quinta-feira santa, à noite, exatamente quando o Senhor se prepara para nos deixar, Ele toma o pão, parte-o e o coloca na mão de Pedro, de Tiago, de João... e diz-lhes: "Isto sou Eu", e os apóstolos olham para o pão e não conseguem compreender. Mas obedecem, e 50 dias depois acontece Pentecostes, então o Espírito os faz compreender o que tinha acontecido na quinta-feira santa.

Porque Jesus coloca o mesmo Corpo, o seu Corpo nas mãos de 12 apóstolos e que o Espírito Santo desce sobre esse Pão eles deixam de ser indivíduos separados um do outro, mas formam um mesmo corpo. A Igreja começa na quinta-feira santa. A última refeição de Jesus torna-se a sua primeira missa.

Então, durante toda a história, não poderá haver presença eucarística sem os apóstolos, sem a Igreja, sem os padres e se não fosse pela Eucaristia, não haveria nenhuma Igreja de Jesus na terra. A Eucaristia é o coração da Igreja, e envia para todo o corpo da Igreja o Espírito Santo, como o sangue que circula por todo o corpo. Toda a vida das células é mantida dessa maneira. E não se pode separar os dois, senão teríamos um esqueleto de um lado e uma poça de sangue do outro. Os ossos são isto que Jesus deu: os sacerdotes, os sacramentos... e o sangue que circula e vem do Espírito Santo é tudo aquilo que o Espírito Santo suscita como atos de amor no mundo inteiro. E todo esse movimento, toda essa novidade do Espírito, "novas fundações", "novas comunidades" e as novidades de amor que aparecem na Igreja, tudo vem dessa circulação do Espírito pelo corpo, em comunhão com a hierarquia, como Pentecostes que tivemos, há 2 anos em Roma, onde havia 150 mil delegados de todos os movimentos do mundo. À direita do Santo Padre, estavam os cardeais e, à esquerda, os fundadores e líderes das comunidades novas, e ele disse: "A dimensão institucional da Igreja e a dimensão carismática da Igreja são as duas co-essências". Tudo isso vem do coração, que é a Eucaristia. E todos os milhões de atos de amor e de caridade vêm dessa plenitude de amor, que é a Eucaristia. Não haverá jamais unidade na Igreja se não for ao redor da Eucaristia.

Estamos entrando num século que vai ser palco da reunificação, da unidade da Igreja... Porque a cada tempo novo, a Igreja é chamada a, no Espírito, cavar esse tesouro que ela recebeu. A Igreja guardou a plenitude do milagre da Eucaristia nas Igrejas Ortodoxa e Católica, agora pedimos a Deus que os demais cristãos possam redescobrir a beleza e a verdade da Eucaristia e do sacerdócio. É triste ver tantos pastores, evangelizadores que amam tanto o seu povo, sua Igreja, e no entanto são privados da graça e do milagre da Eucaristia. É também a Eucaristia que faz a unidade das nossas comunidades, famílias, paróquias.